O Predator, Veículo Aéreo Não-Tripulado (UAV ou Vant) dos EUA |
Reportagem publicada no jornal americano The Washington Post mostra que, desde 11 de setembro de 2001, a prioridade da CIA (Agência Central de Inteligência) tem sido o assassinato puro e simples de supostos terroristas, em vez da coleta de inteligência e espionagem. A bem da verdade, a agência nunca se limitou a essas ações convencionais, coordenando “operações encobertas” várias, como o golpe contra o primeiro-ministro iraniano Mossadegh (1953); a derrubada do coronel Jacobo Árbenz, na Guatemala (1954), o assassinato do presidente sul-vietnamita Ngo Dieh Diem (1963); as inúmeras tentativas de assassinato de Fidel Castro; o apoio velado ao golpe de 1964 no Brasil e aberto e sistemático a Pinochet no Chile em 1973 etc. A lista é interminável.
Mas, voltando à vaca fria, segundo o Washington Post, a unidade de contra-terrorismo da CIA passou de 300 para dois mil agentes espalhados pelo mundo e conta com uma força de Veículos Aéreos Não-Tripulados (Vants) que já matou cerca de duas mil pessoas no mundo árabe. “Estamos vendo a volta da CIA como uma organização paramilitar, mas sem a supervisão e responsabilidade que tradicionalmente se espera dos militares”, disse ao Post Hina Shamsi, diretor do Projeto Nacional de Segurança da União Americana pelas Liberdades Civis. De acordo com o jornal, a CIA não reconhece oficialmente o programa drone-zangão, nome dos aviões não-tribulados, “e muito menos dá explicação pública sobre o que atira e quem morre, e por que regras.”
Em entrevista ao site Carta Maior, o professor Luiz Alberto Moniz Bandeira, diz que “a estratégia atual dos Estados Unidos, implementada pelo presidente Obama [...] é ampliar o uso de drones, aviões armados e manejados eletronicamente pela CIA, para matar supostos terroristas, militantes da al-Qa’ida e Talibans, bem como centenas de civis desarmados atingindo-os, como o faz, na Líbia, Afeganistão, Paquistão e Iêmen. Essa é a nova tarefa da CIA, que mais e mais se torna uma força paramilitar, deixando de ser uma agência de espionagem e coleta de inteligência. Os drones (General Atomics MQ-1 Predator) esses aviões sem pilotos, teleguiados pela CIA, já mataram, desde 2001, mais de 2.000 supostos militantes e civis, e o Centro Contra-Terrorismo (CTC) dispõe atualmente de cerca de 2.000 empregados que trabalham na localização dos alvos e atacá-los.”
Os Seals, comandos que mataram Osama Bin Laden e agem na |Líbia |
Segundo Moniz Bandeira, “o presidente Obama incrementou essas operações, sem arriscar a vida de soldados, bem como o emprego de uma outra organização militar, que matou e interrogou mais supostos terroristas e Talibans do que a CIA, desde 2001. Trata-se do Joint Special Operations Command (JSOC), à qual está subordinada a U.S. Navy SEAL’s (Sea, Air and Land Teams), integrante do Comando de Operações Especiais (USSOCOM), unidade encarregada de operações terrestres e marítimas, guerra não-convencional, resgate, terrorismo e contra-terrorismo etc.. Um comando do SEAL’s foi que recebeu a missão de assassinar Osama Bin Laden, no Paquistão, em 2 de maio de 2011. Essa é tarefa da qual o Joint Special Operations Command (JSOC) está incumbida, executando o programa desenvolvido pelo general David Petraeus, atual diretor da CIA, quando comandava as tropas americanas no Afeganistão.”
O professor prossegue: “O programa consiste em “kill/capture”, i. e. matar/capturar, em qualquer região do mundo, terroristas e Talibans, constantes de uma Joint Prioritized Effects List (JPEL), que inclui até americanos, com fundamento em premissa legal ou extra-legal, conforme diretriz classificada do presidente Obama. O tenente-coronel John Nagl, assessor de contra-insurgência do general David Patraeus no Afeganistão, considerou o JSOC uma máquina de matar contra o terrorismo em uma escala quase industrial ("an almost industrial-scale counterterrorism killing machine"). Trata-se, na realidade, de um comando de esquadrões da morte do Pentágono.
“Comandos do SEAL’s atuaram na Líbia, assim como da Direction générale de la sécurité extérieure (DGSE), da Brigade des forces spéciales terre (BFST), subordinada ao Commandement des opérations spéciales (COS), MI6 (Military Inteligence) e Special Air Service SAS (Special Air Service) como se fossem árabes, os chamados ‘rebeldes’ não teriam avançado muito além de Benghazi. No dia 20 de agosto, dia em que acabou o jejum do Ramandan, um navio da OTAN desembarcou no litoral da Líbia com armamentos pesados, antigos jihadistas e tropas especiais do JSOC, dos Estados Unidos, BFST, da França, e SAS, do Reino Unido, sob o comando de oficiais da OTAN, que procederam à conquista de Trípoli”, conclui Moniz Bandeira.
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