A presidente Dilma Rousseff criticou nesta segunda-feira o uso da força na solução de conflitos, durante evento realizado na ONU, em Nova York, sobre a participação das mulheres na política.
"As mulheres são especialmente interessadas na construção de um mundo pacífico e seguro. Quem gera vida não aceita a violência como meio de solução de conflitos", afirmou a presidente.
Em março, o Brasil se absteve em votação no Conselho de Segurança da ONU que aprovou a criação de uma zona de exclusão aérea na Líbia para proteger civis das forças leais ao líder líbio Muammar Gaddafi.
À época, o Itamaraty afirmou que a intervenção de forças estrangeiras na Líbia permitida pela resolução poderia acirrar os confrontos no país, além de incluir atores externos em um processo que, segundo o governo, deveria ser conduzido pelos líbios.
Segundo Dilma, "a existência de conflitos armados vitima principalmente mulheres e crianças".
Ao falar sobre políticas públicas, ela afirmou que, no Brasil, as mulheres têm prioridade nos programas de transferência de renda e habitação.
"São as mulheres que tanto sofrem com a pobreza as maiores aliadas das políticas para a sua superação", afirmou. "Também são aliadas do desenvolvimento sustentável e da necessária mudança nos padrões de consumo".
Além da presidente, compareceram ao evento a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, a ex-presidente do Chile Michele Bachelet, e a representante da União Europeia para
Assuntos Externos, Catherine Ashton, entre outras mulheres chefes de Estado e altas funcionárias de órgãos globais.
Assuntos Externos, Catherine Ashton, entre outras mulheres chefes de Estado e altas funcionárias de órgãos globais.
POLÍTICAS PARA SAÚDE
O encontro foi o segundo de que Dilma participou desde que chegou em Nova York, no domingo.
Na manhã desta segunda-feira, ela fez sua estreia na ONU como chefe de Estado ao discursar em um evento sobre doenças crônicas não transmissíveis.
Em sua fala, a presidente defendeu a flexibilização dos direitos de propriedade intelectual em políticas para saúde.
"O Brasil respeita seus compromissos em matéria de propriedade intelectual, mas está convencido de que as flexibilizações previstas no acordo Trips da OMC (Organização Mundial do Comércio) são indispensáveis para políticas que garantam o direito à saúde", afirmou.
O acordo Trips busca reduzir as assimetrias entre as diferentes legislações nacionais sobre propriedade intelectual, tornando-as sujeitas a regras internacionais comuns e estabelecendo níveis mínimos de proteção que cada governo deve dar à propriedade intelectual.
Ela disse ainda que seu governo tem ampliado a distribuição de medicamentos, especialmente para o tratamento de diabetes e hipertensão, e combatido outros fatores de risco para as doenças crônicas não transmissíveis.
AGENDA
Nesta terça-feira, Dilma se reunirá com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, para dar continuidade às conversas iniciadas em março, quando o americano visitou o Brasil.
Após o encontro, a presidente participará do lançamento da Parceria para a Transparência Governamental, que engloba 60 países que se dispõem a adotar medidas em favor da transparência e de apoio mútuo contra a corrupção.
Segundo o porta-voz da Presidência da República, Rodrigo Baena, a próxima reunião do grupo deve ocorrer no Brasil, em 2012.
No mesmo dia, Dilma receberá o prêmio Woodrow Wilson para Serviços Públicos, concedido pelo instituto Woodrow Wilson International Center for Scholars.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a médica e fundadora da Pastoral da Criança, Zilda Arns (morta em 2010), já receberam a mesma premiação.
O evento mais importante da agenda da presidente em Nova York ocorrerá na quarta-feira, quando ela discursa na abertura da Assembleia Geral da ONU. Será a primeira vez que uma mulher proferirá o discurso de abertura do evento, tradicionalmente a cargo do Brasil.
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