PILOTO DISSIDENTES VOAM PARA PAÍSES VIZINHOS CONTRAPONDO-SE AO MASSACRE |
Aviões e helicópteros disparam contra manifestantes na Líbia. Diplomatas e militares abandonam Kadafi. Pilotos de caça dissidentes levam sua aeronaves para outros países negando-se a massacrar o povo.
Por Tatiana Sabadini
O ditador Muamar Kadafi resolveu colocar seu poder à prova contra a revolta popular e usar a força sem restrições para deter os manifestantes. Ontem, aviões militares atiraram bombas sobre a multidão na capital, Trípoli, e a polícia usou metralhadoras contra quem fazia parte dos protestos. A ação pode ter deixado pelo menos 250 mortos, segundo a rede de TV Al-Jazeera. Desde o início dos protestos, na terça-feira passada, pelo menos 400 pessoas morreram, segundo organizações internacionais. O regime dá sinais de desintegração. Embaixadores e ministros deixaram seus postos, a missão líbia nas Nações Unidas rompeu laços com o governo e acusou o presidente de genocídio. Dois pilotos da Força Área resolveram pedir asilo na ilha de Malta, porque se recusaram a bombardear a população civil.
Na tentativa de calar os manifestantes, que há uma semana protestam contra o regime de Kadafi, o governo usou o poderio militar para retomar o controle de várias cidades e da própria capital. Alguns bairros de Trípoli foram bombardeados, enquanto o Exército e a polícia atiravam contra o povo. A multidão, por sua vez, incendiou delegacias e prédios do governo. Na noite de domingo, em um discurso transmitido pela televisão estatal, o filho do ditador, Saif Al-Islam, afirmou que a população deveria acabar com a rebelião ou sofrer com uma guerra civil.
´É inimaginável. Aviões de guerra e helicópteros estão bombardeando qualquer um que se movimente`, denunciou à Al Jazeera Adel Mohamed Saleh, morador da capital. Também em Trípoli, Iman El-Maghribi, 55 anos, procura refúgio em casa. A professora acredita que não há alternativa para o país, apenas a mudança. ´Tenho certeza absoluta de que o regime vai cair e Kadafi deixará o país. Isso é o que sonhamos durante a vida inteira e está acontecendo diante dos nossos olhos`, disse Iman.
O ministro da Justiça, Mustafá Abdel Yalil, renunciou ao cargo para protestar contra ´o uso excessivo da força militar` contra osprotestos. Os embaixadores líbios na Índia e na China renunciaram por não concordarem com a repressão. Na ONU, a representação da Líbia rompeu com o Estado.
Região
No Barein, milhares de opositores saíram às ruas contra o rei Hamad Ben Isa Al-Khalifa. O governo se comprometeu a fazer reformas e ordenou a libertação de prisioneiros da maioria religiosa muçulmana xiita. Novas manifestações se realizaram também em cidades do Marrocos, onde confrontos com a polícia deixaram cinco mortos e 120 feridos desde domingo. No Iêmen, depois de nove dias de manifestações, os parlamentares resolveram unir-se aos opositores do presidente Ali Abdullah Saleh.
Fonte:Correio Braziliense/Diario.
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