Euclides da Cunha:
“Não é o bárbaro que nos ameaça, é a civilização que nos apavora"
Senador atômico
Durante a ditadura militar (1964-1985), eram muito comuns os cargos “biônicos”, ocupados por pessoas indicadas diretamente pelo governo, quando deveriam ser preenchidos por meio de eleições. O termo tem relação com a ciência, por conta da aplicação de processos biológicos às máquinas – era muito relacionado a robôs. Mas a oposição também se fez ouvir durante o regime, embarcando na onda deste discurso científico. Foi o caso do senador Evandro das Neves Carreira (foto acima), eleito pelo MDB no Amazonas em 1974. Em plena introdução da energia nuclear no país, ele ganhou a simpatia da população com uma verve bombástica, que conseguia misturar energia atômica com catolicismo: “Deus saiu do macro para o micro. Seu trono não está mais no céu. É preciso ensinar o catecismo eletrônico e dar ao homem a hóstia radioativa”.
Abaixo a melancia!
Nos últimos séculos, a ciência avançou muito no estudo e no tratamento de um grande número de doenças. No Brasil, um dos grandes nomes desta empreitada é Oswaldo Cruz , na gravura acima, (1872-1917), que, entre outras façanhas, coordenou o combate à peste bubônica, à febre amarela e à varíola. Mas, neste percurso, algumas atitudes bizarras foram tomadas pelas autoridades com base em um pretenso conhecimento científico. É o caso de uma lei editada em Rio Claro, no interior de São Paulo, em 1894. A cidade, preocupada com a transmissão da febre amarela e do tifo, resolveu o problema impedindo a convivência, digamos assim, com aquele que supostamente seria o seu agente transmissor: a melancia. A lei que proibia a fruta nos limites da cidade esteve em vigor até 1991.
A barba do bispo
Uma das crises finais do Império ocorreu quando o governo prendeu os bispos do Pará, D. Antônio de Macedo Costa, e de Olinda, D. Vital Maria Gonçalves de Oliveira (gravura acima). Os bispos haviam interditado os fieis que eram adeptos da maçonaria, contrariando ordem do imperador. A chamada “Questão religiosa”, que se desenrolou entre 1872 e 1875, deixou grande parte da população comovida. A figura de D. Vital, um homem de 30 anos, com um semblante sério, barba e cabelos negros, tornou-se rapidamente popular. Seu retrato foi parar em maços de cigarros – consumidos pela população pobre, e não pela aristocracia, adepta dos charutos. Sua imagem também estampou jornais da época, em anúncios de loções e brilhantina – o viço da sua barba, segundo os anunciantes, era resultado desses produtos milagrosos. Em Ordem e Progresso, de Gilberto Freyre.
Crítica antes do cinema
Artur de Azevedo (imagem acima), foi escritor, dramaturgo, poeta, jornalista e um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras. O que nem todos sabem é que o autor da peça “O dote” (1907) também foi pioneiro na crítica de cinema no país. Em sua coluna sobre teatro, “A Palestra”, que publicava no jornal O Paiz, escreveu em 17 de julho de 1897 uma crítica sobre imagens exibidas na cidade por cinematógrafos – a técnica havia sido inventada pelos irmãos Lumière, na França, dois anos antes. O Brasil, que já tinha o seu primeiro crítico, ainda não havia feito o seu primeiro filme. Em Almanaque Brasil.
By:Revista de História/ilustraçã militanciaviva
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