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terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Ataque do Valor a Lula prova: 2018 já começou

247 - Ao que tudo indica, 2018 já começou. Ao menos, para a imprensa familiar no Brasil, que já escolheu seu alvo: o ex-presidente Lula.
Desde que a presidente Dilma Rousseff foi eleita, os ataques têm sido sucessivos, indicando até a possível existência de uma central de comando.
O primeiro episódio foi o do famoso 'triplex de Lula' no Guarujá (SP), imóvel que nem está no seu nome, denunciado pelo jornal O Globo, dos irmãos Marinho.
Ontem, o portal Uol, do grupo Folha, decretou a sentença de morte do ex-presidente, noticiando um falso câncer no pâncreas (leia mais aqui) – por sinal, até agora o Uol, de Otávio Frias Filho, não se desculpou pela mentira contada aos leitores, que continua publicada.
Agora, foi a vez do tradicionalmente sóbrio Valor Econômico, joint-venture dos Frias e dos Marinho, disparar contra Lula. A acusação é de que ele teria ordenado um patrocínio de R$ 12 milhões às escolas de samba do Rio, em 2007, causando prejuízos à estatal.
O que é a nova denúncia
A reportagem desta segunda-feira procura criminalizar uma notícia velha: o patrocínio da estatal a um projeto cultural da Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa), anunciado pelo ex-governador Sérgio Cabral e pelo então ministro da Cultura, Gilberto Gil, após reunião com o ex-presidente Lula, o ex-presidente da Petrobras Sergio Gabrielli e dirigentes da Liesa, no dia 8 de dezembro de 2007.
Foi uma decisão pública e divulgada com transparência, inclusive em relação aos valores. A Petrobras celebrou um contrato de patrocínio anual de R$ 12 milhões com a Liesa, para associar sua marca ao projeto “Samba Carioca, Patrimônio Cultural do Brasil”.  A notícia de 2007 está aqui, mas o Valor prefere dizer que o patrocínio da Petrobras “às escolas de samba” foi ”revelado” em depoimento de um ex-gerente demitido da estatal, numa investigação interna sobre desvios no setor de Comunicação da Diretoria de Abastecimento, em 2009. O jornal acrescenta que a “ordem” de Lula foi dada diretamente ao ex-diretor Paulo Roberto Costa, o que é falso, como está claro no noticiário da época. 
O Valor destaca  ainda que as escolas de samba são controladas por bicheiros, mas omite que a Liesa é a mesma entidade que vende anualmente à Rede Globo de Televisão os direitos de transmissão  dos desfiles no Carnaval do Rio. E a Globo é proprietária de 50% do Valor. A verba da Petrobrás foi utilizada em ações de promoção social em comunidades próximas às escolas de samba. Já a Globo, pagando valor semelhante (12,5 milhões) pelos direitos de transmissão, faturava com a venda de publicidade e das imagens do desfile. Quanto? Só a Globo pode dizer.
Sequer é novidade a apuração, pela imprensa, do contrato de patrocínio entre a Petrobras e a Liesa. A relação entre as escolas de samba vinculadas à Liesa e o jogo do bicho foi matéria do Estado de S. Paulo em 12 de fevreiro de 2012. Na ocasião, a estatal informou no site Fatos e Dados: “A Petrobras tem um relacionamento institucional com a Liesa, do mesmo modo que diversas empresas, veículos de comunicação e instituições públicas que apoiam projetos específicos ou o próprio carnaval do Rio de Janeiro.”  A nota da Petrobrás, em 2012, continha todas as informações omitidas na matéria do Valor
O episódio Venina
Não é a primeira  vez que o jornal tenta associar o ex-presidente Lula  às investigações na Petrobrás.  O mesmo ocorreu com a fantástica entrevista da ex-gerente Venina Velosa, na qual ela narra que o ex-diretor Paulo Roberto Costa apontou o dedo para uma foto de Lula, insinuando que o ex-presidente estaria por trás de desvios na diretoria de Abastecimento. Naquela entrevista, o Valor ignorou todas as regras do jornalismo responsável para sancionar – e conferir ares de dramaticidade – a uma suposta insinuação narrada por terceira pessoa.
O artifício dramático é repetido na matéria de hoje, que trata como verdadeira a versão do ex-gerente demitido, embora ela seja incompatível com os fatos, com os esclarecimentos anteriores da Petrobrás e com a manifestação da assessoria de Lula. Essa repetição já configura um método de propaganda travestido de jornalismo: reconstituir a narrativa das investigações para, de forma deliberada, vincular o ex-presidente Lula à origem de desvios apurados ou em apuração.  É o mau jornalismo a serviço da oposição em 2018, o ano que já começou.

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