Blog do Rovai
Em todo começo de governo a oposição e a mídia escolhem um alvo para impor alguma derrota ao governo. Isso acontece repetidamente desde 2003. Não tem essa de lua de mel com governo petista. É
porrada da cintura para baixo desde o primeiro dia.
Dessa vez a mídia e a oposição, que saiu fortalecida da disputa eleitoral, ainda contam com o deputado
federal pelo PMDB do Rio de Janeiro, Eduardo Cunha, que fez campanha para Aécio Neves, disputa
a presidência Câmara contra o governo, mas que não abre mão de indicar gente de sua confiança para
cargos importantes em estatais.
Eduardo Cunha, que até os paralelepípedos das ruas do Rio de Janeiro conhecem muito bem, renderia
matérias bastante suculentas na mídia tradicional. Mas isso não interessa às grandes corporações
midiáticas no momento. Porque ele é o aliado da vez.
Na aprovação do Marco Civil, por exemplo, Cunha foi o principal opositor das propostas da sociedade
Na aprovação do Marco Civil, por exemplo, Cunha foi o principal opositor das propostas da sociedade
civil. E o principal defensor dos interesses das teles.
Agora, ataca o ministro Ricardo Berzoini para se tornar ainda mais o queridinho da mídia na disputa
Agora, ataca o ministro Ricardo Berzoini para se tornar ainda mais o queridinho da mídia na disputa
pela presidência da Câmara. Mas isso não é tudo. Cunha com seus ataques abre caminho para uma
campanha que buscará tornar o ministro das Comunicações no belzebu, no capeta, no cão chupando
manga da censura petista.
É essa a senha que foi dada tanto por ele, quanto pelo senador Aloysio Nunes Ferreira. Eles buscam
É essa a senha que foi dada tanto por ele, quanto pelo senador Aloysio Nunes Ferreira. Eles buscam
desqualificar o debate e acuar o governo, mas farão isso dando nome e sobrenome ao perigo: Ricardo
Berzoini.
O momento exige do ministro e da presidência Dilma muita tranquilidade. E mais do que isso, muita
O momento exige do ministro e da presidência Dilma muita tranquilidade. E mais do que isso, muita
firmeza. Dilma tem que unificar o governo em torna desta pauta. Na posse da presidência já havia
gente falando pelos cantos que tratar disso agora era arriscado e que não era hora de brigar com a
Globo, por exemplo.
Nunca é hora de brigar com ninguém. A questão é que é hora de avançar no processo democrático
brasileiro. E sempre quando movimentos dessa natureza precisam ser realizados, há interesses
contrariados. Para se democratizar politicamente o país, os militares perderam espaço. Para
democratizar as comunicações e garantir mais liberdade de expressão e de imprensa no país, vai ser
necessário que alguns (não são todos) veículos percam algo. Aliás, a Globo já perdeu metade de sua
audiência desde o início da década de 90 até hoje. E sem regulação alguma. Simplesmente porque o
povo brasileiro tem achado que há coisa melhor pra fazer do que ficar assistindo seus programas de
baixa qualidade. Aliás, falando em baixa qualidade vejam o que a Globo fez com o filme do Tim Maia
ao transformá-lo em minissérie. Vejam o que o diretor do filme disse sobre a deturpação do seu
trabalho. É também disso que falamos quando tratamos de monopólio e o que isso impõe à qualidade
da comunicação.
A indicação de Berzoini para o ministério das Comunicações foi a escolha mais ousada de Dilma para
o seu ministério. A oposição já se deu conta disso e a mídia tradicional também. Ou seja, eles vão fazer
de tudo para derrotá-lo, para derrubá-lo.
O movimento sindical, o MST, os partidos de esquerda, a sociedade civil que atua no segmento e todos
aqueles que lutam há décadas para tornar o Brasil ao menos um EUA ou uma Inglaterra no que diz
respeito à legislação das comunicações, precisam impedir esse golpe.
Não se pode permitir que mais uma vez o debate sobre regramentos civilizatórios no setor mais
Não se pode permitir que mais uma vez o debate sobre regramentos civilizatórios no setor mais
importante de uma sociedade que hoje é informacional sejam silenciados. O governo não pode se
deixar abater pela chantagem. Ao contrário, Dilma foi eleita com essa pauta. Em nenhum momento ela
escapou do tema e sempre disse que se vencesse as eleições o Brasil iria discutir o marco regulatório
das comunicações. Quem perde é que tem que acatar a decisão das urnas. O que está em jogo, aliás, é
ela: a democracia. A Globo não pode ser tratada como dona do país."
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