por Paulo Henrique Amorim
Por que o autor da aclamada “tetralogia” não deu bola para o Morel ?
Por que o autor da aclamada “tetralogia” não deu bola para o Morel ?
Com prefácio de Moniz Bandeira,
autor do clássico “O Governo João Goulart – as lutas sociais no Brasil –
1961-1964”, e ensaios de Marco Morel, historiador e neto do autor, e de
Leonardo Brito, também historiador, a editora Paco Editorial acaba de
lançar a segunda edição de “O Golpe começou em Washington”, do
jornalista Edmar Morel, escrito, em 1965, um ano após o dito Golpe.
Era tudo verdade !
Autor do também clássico “A Revolta da Chibata”, Morel faz um minucioso, exaustivo inventário das atividades americanas – no Brasil e nos Estados Unidos – para derrubar Jango.
Não era um capítulo da “teoria conspiratória”.
Era tudo verdade.
O papel despudorado do interventor americano, o co-presidente do Brasil, Lincoln Gordon, que ocupava a embaixada americana, em comodato com o chefe da CIA, general Vernon Walters.
Morel descreve a movimentação militar prevista pelo presidente Kennedy e executada por Lyndon Johnson, sob a batuta de Gordon, para apoiar os Golpistas.
Moniz Bandeira reconstitui o que já se tinha visto nos excelentes documentários “Dossiê Jango” e “O dia que durou 21 sinistros anos”:
San Tiago Dantas, advogado de múltiplos interesses americanos no Brasil – como demonstra Morel – avisou Jango que a Marinha americana ia apoiar os golpistas.
E Jango temeu que os americanos dividissem o Brasil ao meio, como fizeram na Coreia e no Vietnã.
Morel levanta os interesses americanos que Jango contrariou – e que levaram à sua queda.
A legitimação da encampação da Bond & Share.
O combate aos laboratórios farmacêuticos e a heroica tentativa de fazer o que Lula fez: a Farmácia Popular.
O bloqueio à tentativa da Hanna Mining Company de tomar conta do minério de ferro.
A Lei de remessas de lucros.
O dinheiro a rodo que os americanos depositaram no IBAD para financiar a eleição de políticos alinhados com Gordon.
(O mesmo rodo – do Fundo do Trigo do Governo americano – levou dinheiro para o IPES, um Instituto Millenium, onde o general Golbery subornava jornalistas e donos de jornais para “defender” o Golpe com profícua “produção intelectual”.)
A encampação das refinarias privadas de petróleo, que operavam com os interesses americanos.
Está tudo aí, nesse trabalho pioneiro e de inestimável valor.
Que deveria ser distribuído de graça nas escolas públicas do Brasil.
Estão todos lá.
Os Golpistas de então são os mesmos de hoje.
Os da UDN, do PRP e do PSDB.
Os argumentos – abaixo a desenfreada corrupção; só os estrangeiros salvam a Petrobras da ruína – são os mesmos.
Os personagens, também.
Juscelino, que apoiava as refinarias americanas e a Hanna e traiu Jango, está escondido no meio do PMDB.
Fernando Henrique pode ser o Ranieri Mazzilli, presidente da Câmara e sucessor temporário de Jango.
Mazzilli e Fernando Henrique se equivalem na vaidade.
E na pusilanimidade: desempenhar o papel do civil que, docemente constrangido, assumiria ainda que provisoriamente a Presidência, para salvar o Brasil do abismo.
Morel não dá a mínima atenção ao presidente da UNE, Padim Pade Cerra, embora ele se considere um protagonista de 64 – escreveu até a versão bolinha de papel do Golpe.
A UDN está no Golpe até o pescoço – ou melhor, até o bolso.
Lá se instalaram alguns Varões de Plutarco da UDN, como o ministro da Justiça (?) da “Revolução”, o mineiro Milton Campos !
Um Tartufo, como seu sucessor, Aécio Never.
A descrição do caráter dos personagens Golpistas e entreguistas ilustra a fartura de dados e provas recolhidas pelo repórter Morel.
Ressalte-se trabalho impecável de Leonardo Brito, autor do anexo “Um Golpe ‘Made in USA’ – notas para um balanço biográfico”.
Está lá na página 64 (coincidência !), uma breve análise do papel que a “tetralogia”, “bastante aclamada pela grande mídia”, do historialista (ver no ABC do C Af) de múltiplos chapéus (também no ABC do C Af), Elio Gaspari.
Segundo Brito, Gaspari entra no capítulo dos que atribuem a Jango a culpa pela queda de Jango.
Como se sabe, Gaspari assegurou que Jango caiu porque gostava de pernas – de cavalos e de coristas.
É o gato que escondeu com o rabo de fora.
O que o historialista quis provar em sua “tetralogia” aclamada pelo PiG ?
Que o Golpe não começou em Washington.
Não fosse ele um americanófilo infatigável, embaixador plenipotenciário da Universidade de Harvard no Brasil e correspondente emérito da Amazon.
Segundo, o historialista quis ressaltar o papel de dois iluminados generais Golpistas que, segundo ele, são os Fundadores da Democracia no Brasil.
Geisel, o Sacerdote, e Golbery, o Feiticeiro, deram o Golpe para salvar o Brasil e acabaram com o Golpe – também para salvar o Brasil.
Quá, quá, quá !
E por alguns anos, essa “teoria” teve curso no PiG e em ilustres salões da elite, como a versão predominante do que aconteceu no Brasil em 1964.
Se ainda não tivesse sido devidamente desmontada, a reedição do livro de Morel acaba de fazê-lo, de forma implacável.
Morel merecia estar vivo para contemplar um dos aspectos de sua magnífica obra.
Em tempo: em sua aclamada “tetralogia”, Gaspari não dá a menor bola para Morel nem para outro livro central: “1964 – A Conquista do Estado – Ação política, poder e golpe de classe”, de René Armand Dreifuss, Editora Vozes.
Em tempo2: o Eduardo Cunha, que o Ciro conhece bem, tem o jeito do Auro de Moura Andrade que, como presidente do Congresso, declarou vaga a Presidência, enquanto Jango ainda estava em território nacional.
Era tudo verdade !
Autor do também clássico “A Revolta da Chibata”, Morel faz um minucioso, exaustivo inventário das atividades americanas – no Brasil e nos Estados Unidos – para derrubar Jango.
Não era um capítulo da “teoria conspiratória”.
Era tudo verdade.
O papel despudorado do interventor americano, o co-presidente do Brasil, Lincoln Gordon, que ocupava a embaixada americana, em comodato com o chefe da CIA, general Vernon Walters.
Morel descreve a movimentação militar prevista pelo presidente Kennedy e executada por Lyndon Johnson, sob a batuta de Gordon, para apoiar os Golpistas.
Moniz Bandeira reconstitui o que já se tinha visto nos excelentes documentários “Dossiê Jango” e “O dia que durou 21 sinistros anos”:
San Tiago Dantas, advogado de múltiplos interesses americanos no Brasil – como demonstra Morel – avisou Jango que a Marinha americana ia apoiar os golpistas.
E Jango temeu que os americanos dividissem o Brasil ao meio, como fizeram na Coreia e no Vietnã.
Morel levanta os interesses americanos que Jango contrariou – e que levaram à sua queda.
A legitimação da encampação da Bond & Share.
O combate aos laboratórios farmacêuticos e a heroica tentativa de fazer o que Lula fez: a Farmácia Popular.
O bloqueio à tentativa da Hanna Mining Company de tomar conta do minério de ferro.
A Lei de remessas de lucros.
O dinheiro a rodo que os americanos depositaram no IBAD para financiar a eleição de políticos alinhados com Gordon.
(O mesmo rodo – do Fundo do Trigo do Governo americano – levou dinheiro para o IPES, um Instituto Millenium, onde o general Golbery subornava jornalistas e donos de jornais para “defender” o Golpe com profícua “produção intelectual”.)
A encampação das refinarias privadas de petróleo, que operavam com os interesses americanos.
Está tudo aí, nesse trabalho pioneiro e de inestimável valor.
Que deveria ser distribuído de graça nas escolas públicas do Brasil.
Estão todos lá.
Os Golpistas de então são os mesmos de hoje.
Os da UDN, do PRP e do PSDB.
Os argumentos – abaixo a desenfreada corrupção; só os estrangeiros salvam a Petrobras da ruína – são os mesmos.
Os personagens, também.
Juscelino, que apoiava as refinarias americanas e a Hanna e traiu Jango, está escondido no meio do PMDB.
Fernando Henrique pode ser o Ranieri Mazzilli, presidente da Câmara e sucessor temporário de Jango.
Mazzilli e Fernando Henrique se equivalem na vaidade.
E na pusilanimidade: desempenhar o papel do civil que, docemente constrangido, assumiria ainda que provisoriamente a Presidência, para salvar o Brasil do abismo.
Morel não dá a mínima atenção ao presidente da UNE, Padim Pade Cerra, embora ele se considere um protagonista de 64 – escreveu até a versão bolinha de papel do Golpe.
A UDN está no Golpe até o pescoço – ou melhor, até o bolso.
Lá se instalaram alguns Varões de Plutarco da UDN, como o ministro da Justiça (?) da “Revolução”, o mineiro Milton Campos !
Um Tartufo, como seu sucessor, Aécio Never.
A descrição do caráter dos personagens Golpistas e entreguistas ilustra a fartura de dados e provas recolhidas pelo repórter Morel.
Ressalte-se trabalho impecável de Leonardo Brito, autor do anexo “Um Golpe ‘Made in USA’ – notas para um balanço biográfico”.
Está lá na página 64 (coincidência !), uma breve análise do papel que a “tetralogia”, “bastante aclamada pela grande mídia”, do historialista (ver no ABC do C Af) de múltiplos chapéus (também no ABC do C Af), Elio Gaspari.
Segundo Brito, Gaspari entra no capítulo dos que atribuem a Jango a culpa pela queda de Jango.
Como se sabe, Gaspari assegurou que Jango caiu porque gostava de pernas – de cavalos e de coristas.
É o gato que escondeu com o rabo de fora.
O que o historialista quis provar em sua “tetralogia” aclamada pelo PiG ?
Que o Golpe não começou em Washington.
Não fosse ele um americanófilo infatigável, embaixador plenipotenciário da Universidade de Harvard no Brasil e correspondente emérito da Amazon.
Segundo, o historialista quis ressaltar o papel de dois iluminados generais Golpistas que, segundo ele, são os Fundadores da Democracia no Brasil.
Geisel, o Sacerdote, e Golbery, o Feiticeiro, deram o Golpe para salvar o Brasil e acabaram com o Golpe – também para salvar o Brasil.
Quá, quá, quá !
E por alguns anos, essa “teoria” teve curso no PiG e em ilustres salões da elite, como a versão predominante do que aconteceu no Brasil em 1964.
Se ainda não tivesse sido devidamente desmontada, a reedição do livro de Morel acaba de fazê-lo, de forma implacável.
Morel merecia estar vivo para contemplar um dos aspectos de sua magnífica obra.
Em tempo: em sua aclamada “tetralogia”, Gaspari não dá a menor bola para Morel nem para outro livro central: “1964 – A Conquista do Estado – Ação política, poder e golpe de classe”, de René Armand Dreifuss, Editora Vozes.
Em tempo2: o Eduardo Cunha, que o Ciro conhece bem, tem o jeito do Auro de Moura Andrade que, como presidente do Congresso, declarou vaga a Presidência, enquanto Jango ainda estava em território nacional.
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