Os metalúrgicos do ABC paulista decidiram entrar
em greve contra a decisão da Volkswagen de demitir 800 funcionários na
volta das férias coletivas; segundo a Volks, a retração da indústria
automobilística no país nos últimos dois anos e o aumento da
concorrência impactaram em seus resultados; em 2014, a indústria
automotiva brasileira teve queda aproximada de 7% nas vendas e de mais
de 40% nas exportações; com estoques altos, montadoras estão com os
pátios lotados e o fim das desonerações fiscais pode piorar ainda mais
os resultados; demissões no ABC, berço do sindicalismo, mostram que a
crise econômica começa a atingir o bem mais precioso: o emprego do
trabalhador.
Fernanda Cruz - Repórter da Agência Brasil -
A Volkswagen anunciou hoje (6) a demissão de 800 metalúrgicos da
fábrica Anchieta, na região do ABC Paulista. Contra a decisão, os
empregados decidiram, durante assembleia no início da manhã, entrar em
greve por tempo indeterminado, até que as demissões sejam revertidas,
informou o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.
De acordo com o sindicato,
aproximadamente sete mil trabalhadores, que entram no primeiro turno de
trabalho, participaram da assembleia. No total, a fábrica emprega 13 mil
funcionários. A assessoria de imprensa do sindicato informou que os
metalúrgicos estão dentro da fábrica, mas permanecem de braços cruzados.
A Volkswagen, por sua vez, preferiu não comentar a respeito.
Desde o ano passado, a Volkswagen
adota medidas como férias coletivas e suspensão temporária de contrato
de trabalho (lay-off) na fábrica. Segundo a empresa, os funcionários
demitidos entram em licença remunerada por 30 dias e depois serão
desligados.
Os empregados foram informados das
demissões por meio de uma carta, enviada no dia 31 de dezembro, dizendo
que os metalúrgicos não deveriam retornar aos postos de trabalho após as
férias coletivas, e que deveriam procurar o setor de Recursos Humanos
da empresa.
Segundo a Volkswagen, o cenário de
retração da indústria automobilística no país nos últimos dois anos e o
aumento da concorrência impactaram em seus resultados. Segundo a
montadora, de janeiro a dezembro de 2014 a indústria automotiva
brasileira teve queda aproximada de 7% nas vendas e de mais de 40% nas
exportações, comparado com o ano de 2013, resultando numa retração de
15% na produção.
Em 2012, o sindicato e a Volkswagen
firmaram um acordo coletivo, com validade até 2016, prevendo questões
como estabilidade e politica de reajustes. No ano passado, porém, a
empresa quis rever o acordo, mas a proposta foi rejeitada em assembleia
pelos metalúrgicos. O sindicato reclama que a empresa, desde então, não
chamou os trabalhadores para negociar e tomou uma decisão unilateral com
as demissões.
A empresa argumenta que, quando o
acordo foi firmado, após anos de crescimento, a perspectiva para a
indústria automobilística era positiva, pois acreditava-se que seriam
vendidas quatro milhões de unidades em 2014. “O que ocorreu foi uma
retração para 3,3 milhões. É importante lembrar que, na unidade
Anchieta, o nível de remuneração médio é mais alto que os principais
concorrentes, inclusive na região”, diz a nota da empresa.
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