![]() |
Em novembro de 2009, publicamos essa interessante matéria do professor e jornalista Cláudio Camargo, que, por se manter atualizada com os fatos atuais, é republicada aqui no Mviva. |
![]() |
Maliciosamente, "Cesinha" compara o
suposto comportamento escroto do líder sindical ao dos bandidos com quem
conviveu na prisão, que, diz, jamais tentaram tocá-lo. Tanta candura
fez com que o articulista merecesse do jornal um pé biográfico
gigantesco, digno, digamos, de um Lévi-Strauss, se este vivo fosse e
perdesse tempo escrevendo para a Folha.
A Folha
usou o expediente de publicar a acusação através de um artigo de um
esquerdista respeitado mas rancoroso - quem se lembra de César Benjamin
hoje? - para não ter que ouvir o outro lado e apurar a denúncia. Que,
aliás, caiu por terra no dia seguinte, com o desmentido dos diversos
envolvidos na reunião. Só então o jornal resolveu repercutir a acusação.
Depois de tentarem, com o episódio da ficha, colar o epiteto de
"terrorista" em Dilma Rousseff, acharam que dava para jogar merda no
ventilador classificando Lula como "estuprador".
Alguns dizem que, com isso, a Folha jogou sua reputação na lama. Afinal, o jornal apoiou a abertura democrática, a campanha das Diretas Já
e o impeachment do Collor. Mas essa reputação, na verdade, foi uma
construção marqueteira. Ao contrário do Estadão, a Folha nunca foi
censurada pela ditadura. Pior: quando o pau comia solto, o jornal
emprestava suas caminhonetes C-14 para servir de cobertura para ações da
repressão. E a Folha da Tarde se transformou num sórdido pasquim
editado por policiais do DOPS, chegando a anunciar mortes de
guerrilheiros (como Eduardo Leite, o Bacuri, acima) "em confronto" com a polícia quando eles ainda estavam presos.
Pegando
carona na redemocratização, a Folha se tornou o jornal mais influente
do Brasil, atingindo o auge nos anos 90, com o impeachment de Collor;
depois, veio decaindo até perder importância como formador de opinião.
Hoje, mais do que ninguém, a Folha quer porque quer eleger o Serra
presidente. É bom lembrar Cláudio Abramo: "a liberadade de imprensa é
liberdade do dono da empresa" O problema é que, com essa obsessão, o
jornal abandonou a reportagem e se fixou num denuncismo barato,
tornando-se uma espécie de linha-auxiliar da Veja. E depois, não sabem
porque as vendas estão despencando...
Nenhum comentário:
Postar um comentário