O juiz Sergio Moro, que conduz a Lava Jato, entrou
na polêmica criada em torno do encontro de advogados de empreiteiras
com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo; "Intolerável, porém,
que emissários dos dirigentes presos e das empreiteiras pretendam
discutir o processo judicial e as decisões judiciais com autoridades
políticas", disse ele, ao prorrogar as prisões preventivas de executivos
das empreiteiras; posição de Moro não ficou sem resposta; advogado
Alberto Toron, que representa a construtora UTC, rebateu a declaração e
disse considerar "repugnante" a tentativa do juiz de imputar "má conduta
aos advogados, que tenham agido com extrema correção"; em nota, OAB
defendeu a legalidade do encontro dos advogados com o ministro José
Eduardo Cardozo; por trás desse embate, há a tentativa de se obter
delações premiadas dos empreiteiros
Paraná 247 - O juiz
Sergio Moro, que conduz a Operação Lava Jato, entrou na polêmica
surgida neste Carnaval, desde que o ex-ministro Joaquim Barbosa pediu a
demissão do ministro José Eduardo Cardozo, depois da revelação de que
ele se encontrou com advogados de empreiteiras investigadas.
"Intolerável, porém, que emissários
dos dirigentes presos e das empreiteiras pretendam discutir o processo
judicial e as decisões judiciais com autoridades políticas", escreveu o
juiz, ao redigir nova ordem de prisão preventiva dos executivos Ricardo
Pessoa (UTC), Eduardo Hermelino Leite (Camargo Corrêa), Dalton Avancini
(Camargo Corrêa) e João Auler (Camargo Corrêa). De acordo com Moro, as
empreiteiras tentam interferir nas investigações.
"Não socorre os acusados e as
empreiteiras o fato da autoridade política em questão ser o ministro da
Justiça. Apesar da Polícia Federal, órgão responsável pela investigação,
estar vinculada ao ministério, o ministro da Justiça não é o
responsável pelas ações de investigações", disse o juiz, que afirmou
receber advogados cotidianamente.
Truculência?
O despacho de Moro foi rebatido pelo
advogado Alberto Zacharias Toron, que representa a construtora UTC.
Segundo ele, a decisão foi marcada pela truculência. "Decisão
do juiz Moro peca não apenas pela presunção como pela truculência. Em
primeiro lugar, é direito dos advogados conversar com quem quiserem,
inclusive com o ministro da Justiça. Este, por outro lado, não pode
interferir no processo, que tem estrutura própria e é controlado e
dirigido pelo poder Judiciário", afirmou.
O advogado classificou ainda como
"repugnante" a tentativa do juiz de imputar "má conduta aos advogados,
que tenham agido com extrema correção".
Em nota, a Ordem dos Advogados do
Brasil defendeu os encontros dos advogados com o ministro da Justiça,
que, segundo a entidade, cumpriu seu dever, ao respeitar as
prerrogativas da advocacia (leia mais aqui).
Delatar ou não delatar?
Por trás da polêmica, o que está em
jogo é a possibilidade de executivos de empreiteiras virem a delatar a
campanha da presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula.
Advogados das empreiteiras acusam o
juiz Moro de usar as prisões preventivas como um instrumento para forçar
delações premiadas, numa espécie de tortura psicológica.
Ao renovar as prisões preventivas, Moro demonstrou que não pretende ceder.
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