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quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

O PREJUDICIAL MASSACRE DA REDE GLOBO CONTRA PETROBRAS COMEÇA A IRRITAR TRABALHADORES BRASILEIROS

Rio 247 - A população do Rio de Janeiro sentiu, ontem, os efeitos práticos da Operação Lava Jato. Funcionários que trabalham nas obras do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro, o Comperj, fecharam a ponte Rio-Niterói, em protesto contra os salários atrasados. O motivo: uma das empreiteiras envolvidas, a Alumini, foi atingida pela Lava Jato, perdeu o crédito na praça e entrou em recuperação judicial.
Assim como a Alumini, diversas outras empreiteiras, em especial as que tiveram executivos presos (de forma preventiva há três meses), como a OAS, entraram em grave crise financeira e estão demitindo seus funcionários. Estimativas do setor privado apontam que a Lava Jato poderá retirar um ponto percentual do PIB brasileiro em 2015, num ano já tomado por perspectivas sombrias.
Diante do quadro, a narrativa da mídia tradicional tem fechado os olhos para a crise que se avizinha – ou melhor, em alguns casos, até a estimula.
O exemplo mais emblemático é o do Grupo Globo. No fim de semana, os procuradores que conduzem a Lava Jato ao lado do juiz Sergio Moro foram tratados como heróis, em Época (leia aqui). Nesta quarta-feira, a ponte Rio-Niterói, no jornal 'O Globo', se tornou 'refém de um protesto', que, segundo o jornal, deveria ter sido duramente reprimido pela polícia. Eis a chamada de primeira página:
"Sem repressão de agendas da Polícia Rodoviária Federal, cerca de 200 funcionários do Comperj, sem salários desde dezembro, fecharam por duas horas a ponte Rio-Niterói. Milhares de pessoas ficaram presas em engarrafamentos e até ambulâncias não puderam passar na via. Para especialistas, direito de ir e vir foi ignorado."
Para o Globo, o direito dos trabalhadores ao salário, ou dos executivos presos às garantias individuais que garantem a possibilidade de se defender em liberdade, é menos relevante do que o de transitar na ponte. Por trás disso, há também uma batalha ideológica. Os irmãos Marinho, que controlam o Grupo Globo, defendem o fim da política de conteúdo nacional nas encomendas da Petrobras, a abertura do pré-sal a empresas estrangeiras, a substituição de empreiteiras nacionais por firmas internacionais e até a privatização da estatal – objetivos que podem vir a ser alcançados, a depender dos desdobramentos da Lava Jato.
Nesse contexto, é natural que o emprego e o salário do trabalhador brasileiro se transforme em apenas um detalhe. Um incômodo que atrapalha o trânsito.
Batalha da comunicação
Diante de um ano com perspectivas já sombrias para a economia brasileira, o que de pior poderia aconteceria seria a contaminação das expectativas empresariais por demissões em massa no setor empresarial, em especial na indústria naval e do setor de óleo e gás. Em razão disso, 247 republica artigo de Renato Rovai, da revista Fórum, que defende a batalha da comunicação em defesa dos empregos e do interesse nacional:
A Petrobras perde na comunicação. E o Brasil pode perder empregos
Fórum participou na noite desta segunda-feira (9) de um bate-papo informal promovido pelo Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé com o ex-presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli. Da conversa, que teve pouco mais de duas horas, foi possível colher informações sobre a atual situação da maior empresa brasileira e também uma certeza: a Petrobras está perdendo feio a batalha da comunicação.
Não, o ex-mandatário da companhia não disse isso, mas observando seus argumentos a respeito da crise que ronda a empresa e que é alvo principal da batalha político-midiática que ameaça o governo Dilma, é fácil chegar a essa constatação. Gabrielli discorre com facilidade a respeito de boa parte da pauta repisada por parte da mídia desde o ano passado contra a Petrobras. Não nega que haja problemas, e muitos, mas reivindica que sejam reconhecidos os avanços obtidos nos últimos anos, e pede que não se confunda a instituição com os malfeitores.
Invocou a lembrança da reorientação na direção da companhia no primeiro governo Lula, quando não só houve uma mudança na tendência ao fatiamento da empresa, que rumava em um norte privatista, como também um direcionamento para que a petrolífera passasse a fazer parte integrante das políticas públicas estratégicas do governo, fomentando, por exemplo, o renascimento da indústria naval brasileira.
O renascimento se deu com a instituição da política de conteúdo nacional. Ao invés de encomendar plataformas e outros equipamentos fora do país, a empresa passou a fazer encomendas dentro do país. Política que, agora, se encontra em risco em função da ameaça aos contratos firmados que envolvem a geração de empregos como o que estabelece a construção de 29 sondas com a Sete Brasil, empresa responsável por um programa de 25,7 bilhões de dólares. Como em três dos cinco principais estaleiros e em cinco das oito operadoras de sondas as sócias são empreiteiras envolvidas na Lava Jato, a execução do programa, que teve uma proposta de financiamento adiada pelo BNDES na última sexta-feira (6), está em risco. Estima-se em 149 mil os empregos diretos e indiretos envolvidos na construção das sondas (ver mais detalhes em matéria aqui).
O fato, reforçado por Gabrielli, mas não só por ele, é que o impacto da redução dos investimentos da Petrobras sobre a economia em 2015 pode ser um aumento do desemprego e a redução do PIB brasileiro. A médio prazo, a política de conteúdo nacional fica comprometida. Combinando-se uma política de contenção fiscal e elevação de taxa de juros, o resultado certo é uma recessão durante o ano.
E um dos grandes problemas, e isso é conclusão de quem escreve, é que o governo não tem a clareza para se expressar a respeito da Petrobras e do que ela representa com a limpidez que faz o ex-presidente da companhia em um bate-papo. Ele, aliás, foi o responsável pela montagem do Fatos e Dados, blogue da Petrobras que, no passado, desmoralizou parte da mídia tradicional ao fazer o enfrentamento não só na área da comunicação, mas também o embate político para desmentir o que revistas e jornais costumavam falar sem a devida contra-argumentação. No ano passado, em entrevista a blogueiros, o ex-presidente Lula chegou a questionar: onde está o blogue da Petrobras? Até hoje a pergunta está no ar.
Optar pelo não enfrentamento e deixar a Petrobras ao bel prazer da narrativa da mídia tradicional, que bate na companhia há um ano, é abrir mão não apenas da disputa política, mas deixar que se desconstrua toda uma estratégia de Estado erguida há anos. Ainda há tempo para reagir, mas, hoje, mais um 7 a 1 se desenha.

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