A Polícia Civil do Rio de Janeiro revelou nesta
quinta-feira que Mohamadou Lamine Fofana, tido como principal suspeito
de chefiar uma quadrilha de venda ilegal de ingressos da Copa do Mundo,
foi preso dentro de um apartamento do ex-jogador Junior Baiano, na Barra
da Tijuca, e que o franco-argelino mantinha ainda contatos regulares
com o ex-capitão Dunga e com Assis, irmão de Ronaldinho Gaúcho.
De acordo com Fabio Barucke,
delegado titular da 18ª DP que preside o inquérito, Fofana havia alugado
o apartamento de Junior Baiano por um mês.
Junior Baiano, Dunga e Assis devem ser chamados para depor como testemunhas no caso.
O imóvel foi um dos 20 locais onde os policiais
cumpriram mandados de busca e apreensão, e onde o acusado de liderar o
grupo de cambistas acabou sendo detido. Batizada como Jules Rimet, a
operação apreendeu ingressos, máquinas de cartão de crédito, dinheiro e
computadores.
Até o momento, a operação resultou na prisão de
11 pessoas, entre elas, duas em São Paulo; mais sete devem ser detidas
nos próximos dias. Segundo o inquérito, o grupo teria atuado em quatro
Copas e poderia ter levantado até R$ 200 milhões por torneio.
Eles vendiam ingressos de cortesia dados pela Fifa a ONGs, federações e jogadores a preços que poderiam chegar a até R$ 35 mil.
A polícia suspeita que ainda poderia haver um membro da Fifa no comando da quadrilha.
Barucke disse que um dos detidos se ofereceu
para revelar mais detalhes "sobre a identidade do membro da Fifa em
troca de sua liberdade".
"Os outros dez se recusam a falar. Até o momento
temos alguns elementos, mas falta o nome completo dessa pessoa ligada à
Fifa", que, segundo Barucke, ainda se encontra no Brasil e estaria
hospedada no Hotel Copacabana Palace.
O hotel tem abrigado os membros do alto escalão
da entidade, enquanto funcionários de menor grau hierárquico geralmente
se hospedam em outros locais.
Segundo Barucke, o detido que se ofereceu para a delação premiada seria Jorge Massih, um dos dois presos em São Paulo.
Ex-jogadores
Questionado sobre o relacionamento entre Fofana e
os ex-jogadores brasileiros, o delegado Fabio Barucke confirmou que o
franco-argelino tinha alugado o apartamento de Junior Baiano.
"Foi feito um aluguel de um mês, para a Copa do Mundo, nisto não há nada de ilegal", disse.
Sobre o ex-capitão e ex-técnico da seleção, o
delegado disse que Fofana "mantinha encontros regulares com Dunga, se
viam muito, inclusive em hotéis".
Em entrevista ao site Terra, Dunga negou nesta
quinta-feira que teria amizade com Fofana, e que só teria se encontrado
com o empresário em duas ocasiões: quando este organizou um amistoso em
2011 na Chechênia com participação de ex-campeões de 1994 e num almoço
com representantes da embaixada da Suíça no Rio de Janeiro.
A polícia disse que está avaliando "várias
conversas telefônicas" entre o franco-argelino e o irmão de Ronaldinho
Gaúcho, Assis, com quem "falava muito".
Coordenador estratégico da Polícia Civil na Copa
do Mundo, o delegado Tarcísio Jansen, também presente na coletiva,
disse que o papel de todos os envolvidos nesse caso será investigado a
fundo.
"Dar um ingresso a alguém não é crime. Vender
pelo mesmo preço também não. Mas vender a valor maior é crime, e estar
ciente de uma contribuição com uma organização criminosa configura um
dolo maior. Quem tiver tido uma conduta dolosa, seja como autor ou
partícipe, será investigado e punido, não há dúvidas", disse.
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