Desde Amato, em 1989, elite demoniza nome à esquerda
Rejeitar candidato de esquerda é dogma para a
elite financeira e empresarial brasileira; na eleição de 1989, então
presidente da Fiesp Mario Amato produziu a pérola da radicalização: se
Lula fosse eleito, 800 mil empresários sairiam do País com destino a
Miami; mais tarde, em 2002, primeira vitória foi cercada por
previsões catastrofistas jamais realizadas; pelo banco Goldman Sachs,
economista Daniel Tenengauzer chegou a criar um 'lulômetro'; agora,
banco Santander assusta clientes sobre perdas com a reeleição de Dilma;
desculpas não escondem repetição do mantra de cada quatro anos: o fim do
mundo vem aí.
O relatório destinado a clientes ricos,
produzido pelos analistas do banco Santander, no qual projetam perdas
financeiras diante de uma escalada da presidente Dilma Rousseff nas
pesquisas eleitorais é típico. O pedido de desculpas feito logo a seguir
à divulgação da peça não esconde o fato de que sempre, entra e sai
eleição para presidente, tanto o mercado financeiro quanto os
empresários de maior visibilidade procuram, acima de todas as coisas,
temer, rejeitar e demonizar os candidatos de esquerda à Presidência da
República.
Como quem tem chances reais de vencer, desde 1989, são os candidatos
do PT – com Lula cinco vezes candidato, e Dilma Rousseff desenvolvendo
agora sua segunda campanha -, o nome do partido e a própria legenda
acabando sofrendo a pressão.
Hoje é folclore, virou piada, Mas quando o então presidente da
poderosa Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Mario
Amato, declarou que 800 mil empresários iriam embora do País se Lula
vencesse as eleições de 1989, a frase foi levada muito a sério. Foi
estampada na primeira página de jornais como a Folha e o Estado,
repercutiu em programas de televisão e veio acompanhada de teses sobre a
incapacidade de governança do PT e intenções de intervir em empresas e
no mercado financeiro que, por fim, foram praticadas pelo vitorioso
Fernando Collor.
A demonização a Lula, no entanto, prosseguiu em todas as campanhas
nacionais disputadas pelo ex-presidente, inclusive as que ele ganhou. Em
2002, a missão de superar o tucano José Serra incluía, também, superar
uma impressionante série de rumores, boatos e fofocas que apontavam para
um estouro nas contas públicas no caso da vitória do ex-metalúrgico.
Com a chancela do banco americano Goldman Sachs, o economista Daniel
Tenengauzer ganhou seus quinze minutos de fama ao criar o que chamou de
"lulômetro". Consistia em medir o nível da disparada da cotação do dólar
sobre o real de acordo com o crescimento que Lula apresentava nas
pesquisas. Assim, quanto mais o futuro presidente avançava, mas o
"lulômetro" apurava que se chegava mais perto do fim do mundo cambial. O
real seria pulverizado.
O que se viu, no entanto, desde o primeiro do mandato de Lula foi a
normalização de todos os grandes indicadores da economia e, em seguida, o
"espetáculo do crescimento" que deu ao presidente uma reeleição
tranquila.
Agora, ao completar 12 anos sem representantes de seu campo
político-ideológico no poder central, setores do sistema financeiro e da
classe empresarial voltam a dar as mãos para rezar o mantra do medo da
esquerda acima de todas as coisas.
Nesta sexta-feira 25, a divulgação do relatório do Santander a seus
clientes de alta renda trouxe à luz do dia o que está correndo solto nos
bastidores das mesas de investimentos e dos encontros entre grandes
barões da indústria. Apesar de os três governos sucessivos dos
presidente de esquerda terem preservado todos os princípios da economia
de mercado, acrescentando o dado do aumento do mercado consumidor como
um ponto que deveria ser atribuído a seu favor, seus representantes
continua a ser atacados. Das mais diferentes maneiras. Desta vez, foi um
relatório sem base técnica seguido de pedido de desculpas. Aguarda-se
para ver o nível da próxima provocação.
Fonte:247
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