É proibido som automotivo. Daqui a não muito tempo, essa talvez tenha de ser a solução encontrada pela organização do carnaval de Curuçá, nordeste do Estado, para conter a presença cada vez mais massificante dos carros que possuem miniaparelhagens nas traseiras dos veículos. O carnaval da terra do carimbó e dos Pretinhos do Mangue, bloco conhecido internacionalmente, convive há alguns anos com essa presença incômoda e alienígena.
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“Eu não gosto de carimbó e vim para cá porque aqui é festa”, justificava, trôpego pelo álcool, o dono de um desses carros, que impedia que se ouvissem os carimbós executados pelo grupo Soatá. A música tecno era ouvida à distância. “Tá tomando espaço. Atrapalha”, admitia EdmilsonCuruçá, enquanto recolhia latinhas de cerveja espalhadas pelo chão. Campos, o coordenador do desfile principal de
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Curuçá tem um carnaval peculiar. Nele, o que sempre se imaginou foi a união do discurso ecológico com a diversão. O ponto alto, que garante a presença do município no noticiário nacional e internacional, são os Pretinhos do Mangue, cujos foliões embrenham-se no manguezal, lambuzam-se dos pés à cabeça e depois saem às ruas seguindo um trio elétrico com um imenso caranguejo estilizado como carro abre-alas.
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Mais de dez mil pessoas, segundo os organizadores, estiveram presentes no domingo. “É o segundo carnaval. Se bem que Vigia tá devagar. Curuçá é Curuçá”, desafiava um brincante. É claro que não se ranqueia a diversão. Não se mede de forma externa ou objetiva o que cada um sente nesse momento. Vale o espírito com que se encara a festa. Seja ela onde for.
Na descida para o Porto Pretinhos do Mangue, local alçado à condição de patrimônio público do Estado, crianças, jovens e velhos são indistinguíveis. Buscam, talvez, um contato ancestral com a natureza, com a lama, com a alma infantil. “É a sexta vez que venho, mas só comecei a brincar depois de velha. Foi só aí que tive coragem”, admitia Benedita Campos, 65 anos, enquanto deixava apenas os óculos livres da lama. (Diário do Pará)
Os foliões se queixam de alguns ambientalistas que classificam de 'xiítas' que acionaram o IBAMA no Pará, para denunciar a agressão provocada pela retirada, em massa, e continuada, de maneira desordenada, da argila negra que serve-lhes como fantasia, fato que, estaria provocando um desequilíbrio e um dano ambiental ainda maior nas áreas do mangue, laboratório e berçário biológico natural, que já encontram-se agredidas por outros meios. O contra argumento dos brincantes é contundente: dizem que após os eventos todos dirigem-se para os igarapés e que, desta forma, a própria água trataria de devolver a lama para o mangue.É pode até ser...
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