"Em algum momento o PSDB terá que trocar a espada pelo florete, como fez o PT radical do passado para eleger Lula em 2002. Em algum momento o Brasil se cansará da guerrilha política e das hipocrisia", diz a colunista Tereza Cruvinel, sobre o discurso de ontem do governador de Goiás, Marconi Perillo, que, embora tenha sido pressionado por setores do PSDB, participou de um ato ao lado da presidente Dilma Rousseff e combateu de forma veemente a "intolerância".
Por Tereza Cruvinel
Talvez o governador de Goiás, Marcone Perillo, já tenha levado umas bicadas tucanas pela defesa que fez da presidente Dilma Rosseff no evento de ontem, quinta-feira. Muitos o haviam aconselhado a não comparecer ao ato, disse ele no discurso vigoroso com que calou um início de vaias, condenou a intolerância e defendeu Dilma “das injustiças que vem sofrendo”. Perillo vem se distinguindo pela moderação e a responsabilidade institucional num PSDB cada vez mais sectário, liderado por Aécio Neves. Deu uma aula de civilidade e republicanismo.
Em Goiânia, um grupo tentou apupar Dilma com faixas e gritos pró-impeachment. Foi barrado.
Talvez o governador de Goiás, Marcone Perillo, já tenha levado umas bicadas tucanas pela defesa que fez da presidente Dilma Rosseff no evento de ontem, quinta-feira. Muitos o haviam aconselhado a não comparecer ao ato, disse ele no discurso vigoroso com que calou um início de vaias, condenou a intolerância e defendeu Dilma “das injustiças que vem sofrendo”. Perillo vem se distinguindo pela moderação e a responsabilidade institucional num PSDB cada vez mais sectário, liderado por Aécio Neves. Deu uma aula de civilidade e republicanismo.
Em Goiânia, um grupo tentou apupar Dilma com faixas e gritos pró-impeachment. Foi barrado.
Dentro da prefeitura, governada pelo PT, foram partidários da presidente que tentaram vaiar Perillo.
Seu discurso foi surpreendente para alguns (mereceu longa reprodução no Jornal Nacional) mas não é novo.
Ainda antes dos protestos do dia 15 ele havia condenado o impeachment sem fundamentos jurídicos como golpe, ao passo que seu partido, embora dizendo que não patrocina o movimento, o alimenta.
Como fez agora, ao pedir ao STF que investigue Dilma.
No primeiro mandato, Perillo e Dilma tiveram uma relação republicana e cordial. Republicanismo foi o mote de seu discurso, entendendo-se pela palavra a convivência civilizada e respeitosa entre adversários, no interesse daqueles que se propõem a governar. “O Brasil não pode ser vítima da intolerância, do desrespeito. Não pode ser vítima de minorias que não querem uma democracia onde o republicanismo possa prevalecer”, disse Perillo, depois de garantir que Dilma pode contar com seu apoio para a governabilidade. Visivelmente grata, a presidente também emendou um discurso sobre o respeito ao pluralismo e a necessidade do diálogo.
É possível que com este voo solo e livre Perillo passe a ser olhado de lado por alguns tucanos. Mas este mesmo voo, ainda que hoje contrário à cartilha do sectarismo, pode levá-lo a outras paragens.
Em algum momento o PSDB terá que trocar a espada pelo florete, como fez o PT radical do passado para eleger Lula em 2002. Em algum momento o Brasil se cansará da guerrilha política e das hipocrisias. Vide o sucesso que vem fazendo Internet afora o “sincericídio” do ex-ministro Cid Gomes na Câmara.
A fila tucana para 2018 anda. O predomínio de paulistas e tucanos já incomoda outras seções estaduais do partido. Na fila estão Aécio, Alckmin e Serra mas também Perillo. Ele governa Goiás pela quarta-vez e nunca perdeu uma eleição. Seu estado acha que já cresceu o suficiente para poderdisputar a Presidência. Ali já existe o movimento “Perillo Presidente”, que tem até página na internet.
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