Após ter derrotado nada menos que 70 pedidos de
CPIs na Assembleia Legislativa, governador vê deputados aprovarem CPI
dos Pedágios na hora em que mais precisa de paz; PT lançou a ideia que
foi seguida por descontentes da base de sustentação de Geraldo Alckmin;
no plano federal, tucano vê iniciativa de CPI da Petrobras ganhar
contornos mais amplos e abrir portas para investigar o escândalo
Alstom-Siemens de distribuição de propinas em torno de trens e metrô;
auxiliares diretos podem ser atingidos; mergulhado na permanente crise
da segurança em São Paulo e sem decidir entre racionamento ou rodízio de
água no Estado, Alckmin terá que mostrar toda a sua habilidade para
superar o verdadeiro inferno astral que se anuncia
No momento em que mais precisa de tranquilidade, tudo o que o
governador Geraldo Alckmin enxerga à sua volta é pressão política contra
sua gestão. Na Assembleia Legislativa, onde jamais perdeu uma votação
importante, o tucano experimentou na quarta-feira 9 o que parecia ser
impossível. A partir de uma iniciativa do PT, deputados da base
governista de Alckmin resolveram mandar um recado ao Palácio dos
Bandeirantes na forma da aprovação da chamada CPI dos Pedágios. Nela, a
intenção é investigar o principal pilar da gestão tucana no Estado,
erguido pela excelência das estradas. O ponto fraco é, justamente, o
preço cobrado pelas tarifas de pedágio, contra as quais há sempre farta
oposição no público.
Registra-se nos meios políticos, além disso, que uma investigação
neste setor é capaz de gerar insegurança entre as empreiteiras que
operam as estradas paulistas, o que poderia fechar torneiras de
financiamento de campanhas eleitorais. Os empresários, afinal, passam
agora a correr o risco de terem seus contratos remexidos pelos deputados
estaduais, o que, é claro, não agrada a eles. A mensagem da base de
Alckmin que aprovou a CPI dos Pedágios parecer ser a de que o próprio
governador precisa cuidar melhor de seus correligionários se quiser
mesmo o apoio deles no processo eleitoral prestes a começar.
No mesmo espaço de tempo em que foi derrotado em seu reduto na
Assembleia paulista, Alckmin encontro motivos para novas preocupações
vindas do Congresso, em Brasília. Lá, a CPI que estava nascendo, por
iniciativa do tucano Aécio Neves, para investigar apenas a Petrobras,
vai ganhando contornos mais amplos. Cresce a certeza de que, no próximo
dia 15, quando a instalação da CPI for à deliberação do plenário do
Senado, será aprovado um escopo bem mais amplo de investigação.
ALSTOM-SIEMENS - A curiosidade legal dos
parlamentares poderá estar voltada, também, para os contratos de compra
de trens para ferrovias e o metrô de São Paulo. Em torno desses
contratos se desenrola o chamado escândalo Alstom-Siemens de
distribuição de propinas, que atinge auxiliares diretos do próprio
Alckmin, como os secretários José Anibal, da Energia, Jurandir
Fernandes, dos Transportes Metropolitanos, e Rodrigo Garcia, do
Desenvolvimento Econômico. É, sem dúvida, bastante desconfortável a
posição do governador nesse caso.
Mas há mais problemas para o atual líder nas pesquisas de intenção de
voto para o governo de São Paulo. A possibilidade de haver rodízio ou
racionamento de água ainda não teve seu impacto eleitoral medido pelos
institutos especializados, mas corre a certeza nos meios políticos de
que Alckmin será o maior prejudicado. Apostando numa solução que evite
medidas drásticas, apesar da opinião dos técnicos da Agência Nacional de
Águas (ANA), que indicam a iminência de um racionamento, Alckmin está
postergando uma decisão. Com isso, muitos já acreditam que ele resgata a
velha fama de 'murismo' dos tucanos – a falta de decisão -, o que
arranharia ainda mais sua imagem.
Com 43% de intenções de voto na pesquisa Datafolha divulgada em
dezembro, Alckmin, nas contas dos adversários, tende a exibir um
percentual menor nos próximos levantamentos. Há quem acredite que ele já
teria emagrecido até dez pontos. Esse otimismo da oposição refaz as
projeções iniciais de que não haverá segundo turno em São Paulo, o que
só fará aumentar o fogo inimigo contra o governador. Acostumado a fazer
política em cenário de tranquilidade, Alckmin vai precisar conviver com o
cerco de um verdadeiro inferno astral sobre sua gestão. A maneira como
irá reagir às novas pressões determinarão seu futuro no governo do
Estado.
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