Líderes de EUA e Rússia telefonaram a pedido de Putin. Presidente russo
nega que ajude grupos armados separatistas e pediu que EUA usem sua
influência para "evitar derramamento de sangue" na ex-república
soviética.
Em meio à tensão no leste da Ucrânia, o presidente dos EUA, Barack
Obama, e o presidente russo, Vladimir Putin, telefonaram na noite desta
segunda-feira (14/04). A conversa ocorreu a pedido de Putin, informou a
Casa Branca. Obama acusou Putin de apoiar grupos armados pró-russos, o
que Putin rejeitou, classificando a denúncia como "especulação", de
acordo com o Kremlin.
Obama acusou a Rússia de apoiar grupos armados pró-Rússia "que ameaçam
neutralizar e desestabilizar o governo da Ucrânia", informou a Casa
Branca. O presidente dos EUA enfatizou que "todas as tropas irregulares
no país devem depor as armas". Ele apelou, ainda, para que Putin "use
sua influência sobre os grupos armados pró-Rússia para convencê-los a
deixar os prédios que ocupam" e alertou que a Rússia deve dar fim às
"intimidações militares" da fronteira com a Ucrânia.
Putin acusa "especulação"
O líder russo rebateu as acusações de Washington, de que Moscou estaria
interferindo no país vizinho, classificando isso como uma "especulação"
baseada "em informações infundadas", segundo o Kremlin. Para Putin, o
motivo para os protestos é a "falta de vontade e incapacidade" das
autoridades de Kiev. Ele ainda exortou Obama a fazer o possível para
impedir o uso de violência e derramamento de sangue na Ucrânia.
Satélite revelou tropas russas na fronteira com Ucrânia: Obama "pediu fim de intimidações"
Os EUA e outros países ocidentais suspeitam que a Rússia esteja
intervindo no leste da Ucrânia, da mesma forma que o fez na península da
Crimeia, para provocar a separação da região. A Rússia anexou a Crimeia
em março, após a população ter aprovado a união à Rússia através de um
plebiscito. A Alemanha também afirmou nesta semana que há indícios de
que a Rússia apoia grupos armados separatistas no leste da Ucrânia.
Desde a anexação da Crimeia por Moscou aumentou no leste da Ucrânia o
número de manifestações pró-Rússia. Em muitas cidades da região,
milicianos fortemente armados ocuparam prédios públicos nos últimos
dias. Eles exigem um plebiscito regional sobre uma anexação à Rússia.
EU amplia sanções
O presidente interino da Ucrânia, Olexandr Turtchinov, falou na
segunda-feira da possibilidade de uma consulta nacional sobre a
transformação do país em uma federação. Ela poderia ocorrer, segundo
ele, em paralelo com as eleições presidenciais de 25 de maio. Em
telefonema com o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, Turtchinov pediu o
envio de observadores ao leste da Ucrânia .
Os ministros do Exterior da União Europeia (UE) decidiram na
segunda-feira, em reunião em Luxemburgo, ampliar as sanções contra a
Rússia, expandindo a lista de pessoas da Ucrânia e Rússia atingidas por
sanções, como proibições de entrada no bloco e bloqueio de conta
bancária. Até agora, esta lista continha 33 russos e ucranianos.
A UE optou por ainda não decretar sanções econômicas, preferindo
aguardar a realização do encontro planejado para quinta-feira em
Genebra, entre a chefe da política externa da UE, Catherine Ashton, e os
ministros do Exterior da Rússia, além de seus colegas dos EUA e da
Ucrânia. Na terça-feira, os ministros da Defesa da UE devem se reunir
para discutir a crise ucraniana.
Ativistas pró-Rússia em barricada diante de uma delegacia policial no leste ucraniano
Ajuda financeira à Ucrânia
Os ministros dos 28 países da UE reunidos em Luxemburgo também aprovaram
a disponibilização de 1 bilhão de euros em créditos para a Ucrânia, sob
condição de que Kiev implemente reformas políticas e econômicas, além
de cortarem quase todas as taxações sobre mercadorias originadas do
país. A quantia se soma aos 610 milhões já aprovados para estabilizar o
orçamento da Ucrânia, que passa por sérios problemas econômicos. Com
essa decisão, a UE põe em prática uma parte do acordo de associação com o
país.
O ministro das Finanças dos EUA, Jacob Lew, também assinou na
segunda-feira uma garantia de empréstimo de 1 bilhão de dólares (725
milhões de euros). O Fundo Monetário Internacional pretende decidir nas
próximas semanas sobre uma ajuda financeira à Ucrânia.
Contornos de Guerra Fria
A tensão na ex-república soviética toma cada vez mais contornos que
lembram a Guerra Fria. Após relatos da mídia russa sobre uma visita a
Kiev do chefe da CIA, John Brennan, o ministro russo do Exterior,
Serguei Lavrov, pediu esclarecimentos. Washington confirmou a visita no
fim de semana, informando que ela fora uma mera "viagem de rotina",
conforme o porta-voz presidencial, Jay Carney.
Já o Pentágono se queixou de "provocações" de Moscou no Mar Negro, onde
um caça russo teria sobrevoado no sábado, por 12 vezes e a baixa
altitude, o contratorpedeiro norte-americano USS Donald Cook, quando
este navegava em águas internacionais, conforme um porta-voz do
Departamento de Defesa dos EUA.
MD/afp/dpa
Nota do Mviva:o título original da matéria era:Obama pede que Putin convença separatistas a desocupar prédios na Ucrânia
Nenhum comentário:
Postar um comentário