O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva discursou no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo |
"Não se preocupem muito com
os ataques. Há uma razão para isso. Em 2010, quando lançamos a Dilma,
ela era um poste. Vencemos. Agora, quando apresentamos Fernando Haddad
aqui em São Paulo, vencemos. De poste em poste a gente está iluminando o
Brasil inteiro. Ano que vem, para a alegria de muitos e tristeza de
poucos, estarei voltando a andar por este País", disse ele.
O
discurso de Lula acontece dois dias após a conclusão do julgamento do
mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF) e uma semana depois da
divulgação das declarações do empresário Marcos Valério ao Ministério
Público Federal (MPF) denunciando que o ex-presidente teve o pagamento
de despesas pessoais feitos por meio do esquema.
Lula
prosseguiu: "um vagabundo, falando mal de mim em uma sala com
ar-condicionado, vai perder. Tem gente que olha para minha cara acha que
eu sou burro. Eu consigo compreender o jogo que eles fazem. Eles
governam o País desde que Cabral chegou aqui e como podem aceitar
pacificamente, sem ódio, o que nós conseguimos em oito anos de
governo?".
Ele
lembrou que, quando assumiu a presidência em 2002, era o próprio
"Titanic". "Não era possível governar esse País para um terço da
população. É por isso que eles não se conformam que colocamos 40 milhões
de homens e mulheres na classe C. (Não se conformam em) ver os pobres
viajarem de avião, trocarem de carro. Eu acho que isso deixa eles
indignados", disse.
O
ex-presidente seguiu com críticas aos seus adversários políticos: "eles
governaram antes de mim. Tinham unanimidade na imprensa. Por que não
cuidaram dos índios, das mulheres, dos pobres? Por que não levantaram a
auto-estima do povo? Um País como o nosso não pode ter medo do futuro".
Lula
disse que em 2002, quando se elegeu presidente pela primeira vez,
desconfia que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) torceu
por ele. "Teve momento que eu achava que ele preferia minha vitória do
que a do Serra. Muita gente vinha e me dizia 'ele prefere você'. Ele
achou que não ia dar certo e que voltaria", disse.
O
ex-presidente afirmou ainda que é preciso pensar de forma positiva em
relação ao desenvolvimento do Brasil. "Temos de pensar da forma mais
positiva possível. Não é porque nosso vizinho está doente que nós vamos
ficar doentes. Não é porque a Europa está em crise, que nós vamos entrar
em crise. Ela pode ter maior ou menor incidência a partir das medidas
que nós tomemos aqui", disse ele.
Lula
participou nesta quarta-feira da posse de Rafael Marques na presidência
do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo. Ele
substituiu Sérgio Nobre, que foi eleito em julho passado para o cargo de
secretário-geral da Central Única dos Trabalhadores (CUT).
Apoio
Durante
o evento, em todas as falas, o presidente Lula foi citado. Críticas ao
poder judiciário, à "campanha" da mídia contra o ex-presidente e à
postura da oposição deram o tom dos discursos.
Wagner
Freitas, presidente nacional da CUT, afirmou que o poder Judiciário
está fazendo um papel que não é dele e que a elite brasileira ainda não
digeriu que Lula "foi o maior presidente da história desse País".
Na
última segunda-feira, o Supremo Tribunal Federal (STF) cassou o mandato
dos parlamentares João Paulo Cunha (PT-SP); Valdemar Costa Neto (PR-SP)
e Pedro Henry (PP-MT), o que, no entendimento de alguns, seria uma
atribuição do Congresso.
"A
CUT está muito preocupada com isso. (A oposição) quer jogar no tapetão,
quer jogar no Poder Judiciário. O que está querendo se construir é um
golpe para que o Judiciário mude uma situação onde o povo não está
representado. Se colocar a democracia em jogo, vamos para a rua. Não
pode ser uma parcela do Poder Judiciário e da mídia a resolver isso. O
Lula é nosso amigo, mexeu com ele, mexeu comigo", disse ele.
Gilmar
Mauro, coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, disse que o
Brasil vive hoje a criminalização geral da pobreza, dos movimentos
sociais e de muitos políticos. "É preciso colocar em pauta o Poder
Judiciário, que parece ser intocável no nosso País", disse ele, que
também defendeu a regulação da mídia.
O
presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE) afirmou que a
entidade topa "qualquer parada" para defender o projeto que tem o
ex-presidente como figura central. "Não vamos nos intimidar. Não nos
intimidamos quando este País esteve na ditadura...", disse ele.
Foto: Fernando Borges / Terra Vagner Magalhães
Direto de São Bernardo do Campo (SP)
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