Se ela mesma visse a comoção na mídia em torno de sua morte, acharia estranho
Por: Kiko Nogueira
Deu no Jornal Nacional. Deu em todos os jornais e sites do Brasil. Deu
em todo lugar.
Dona Canô morreu no dia 25 de dezembro, aos 105 anos. Ela
estava internada por causa de uma isquemia cerebral e não resistiu.
A Bahia decretou luto de três dias. A cobertura de sua morte foi mais extensa do que a do primeiro dia da mais recente guerra na faixa de Gaza. Frases, fotos, vídeos… tudo na vida de Claudionor Viana Teles Veloso.
Não há dúvida de que Canô era uma mulher notável. Mas o que explica essa repercussão enorme? Canô, uma senhora de personalidade forte, inteligente, não deixou nenhuma obra de engenharia importante, não governou um estado, não inventou nada, não escreveu um livrou ou uma peça de teatro.
Era mãe de Caetano Veloso e Maria Bethânia. Em sua simplicidade, ela mesma se dizia surpresa com sua fama. “Eu queria saber por que é que fica essa agonia comigo. Eu não sou nada, nunca fui nada”.
E mais: “As pessoas me conhecem por causa de Caetano, já chegam aqui perguntando por ele.”
Canô criou os oito filhos em Santo Amaro da Purificação, onde exercia uma certa influência política. Segundo a Folha de S.Paulo, era ouvida pelos prefeitos eleitos ao longo dos anos.
Por causa da amizade com ACM, conseguia doações para seus conterrâneos. Sua casa virou um ponto turístico, com fotos dela ao lado de políticos, dos filhos famosos etc. Encabeçava a Novena de Nossa Senhora da Purificação, popularmente conhecida como Novena de Dona Canô.
Enfim, uma liderança local. Mas, de novo: Santo Amaro tem 60 mil habitantes. Não decide eleição sequer na Bahia.
Dilma emitiu uma declaração: “Nosso Natal ficou mais triste, perdemos Dona Canô. Uma mulher rica de coragem, principalmente a coragem de ser feliz, como ela mesma gostava de dizer. Sua alegria de viver e sua lucidez conquistaram o coração dos brasileiros”. Lula, o governador baiano Jacques Vagner, Luciano Huck, Marcelo Tas e vários outros se manifestaram.
Não há dúvida de que Canô foi uma mulher incrível. Uma força da natureza – como tantas outra mulheres lutadoras Brasil afora. Mas eu acho que ela mesma se surpreenderia com a comoção na mídia que sua morte causou. Falta de assunto no fim do ano? Uma conspiração baiana? O fato de ela ter vivido até os 105?
“Eu queria saber por que é que fica essa agonia comigo”, dizia, sabiamente. Eu também.
A Bahia decretou luto de três dias. A cobertura de sua morte foi mais extensa do que a do primeiro dia da mais recente guerra na faixa de Gaza. Frases, fotos, vídeos… tudo na vida de Claudionor Viana Teles Veloso.
Não há dúvida de que Canô era uma mulher notável. Mas o que explica essa repercussão enorme? Canô, uma senhora de personalidade forte, inteligente, não deixou nenhuma obra de engenharia importante, não governou um estado, não inventou nada, não escreveu um livrou ou uma peça de teatro.
Era mãe de Caetano Veloso e Maria Bethânia. Em sua simplicidade, ela mesma se dizia surpresa com sua fama. “Eu queria saber por que é que fica essa agonia comigo. Eu não sou nada, nunca fui nada”.
E mais: “As pessoas me conhecem por causa de Caetano, já chegam aqui perguntando por ele.”
Canô criou os oito filhos em Santo Amaro da Purificação, onde exercia uma certa influência política. Segundo a Folha de S.Paulo, era ouvida pelos prefeitos eleitos ao longo dos anos.
Por causa da amizade com ACM, conseguia doações para seus conterrâneos. Sua casa virou um ponto turístico, com fotos dela ao lado de políticos, dos filhos famosos etc. Encabeçava a Novena de Nossa Senhora da Purificação, popularmente conhecida como Novena de Dona Canô.
Enfim, uma liderança local. Mas, de novo: Santo Amaro tem 60 mil habitantes. Não decide eleição sequer na Bahia.
Dilma emitiu uma declaração: “Nosso Natal ficou mais triste, perdemos Dona Canô. Uma mulher rica de coragem, principalmente a coragem de ser feliz, como ela mesma gostava de dizer. Sua alegria de viver e sua lucidez conquistaram o coração dos brasileiros”. Lula, o governador baiano Jacques Vagner, Luciano Huck, Marcelo Tas e vários outros se manifestaram.
Não há dúvida de que Canô foi uma mulher incrível. Uma força da natureza – como tantas outra mulheres lutadoras Brasil afora. Mas eu acho que ela mesma se surpreenderia com a comoção na mídia que sua morte causou. Falta de assunto no fim do ano? Uma conspiração baiana? O fato de ela ter vivido até os 105?
“Eu queria saber por que é que fica essa agonia comigo”, dizia, sabiamente. Eu também.
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