A presidente Dilma Rousseff
confirmou na viagem à França, semana passada, o adiamento por tempo
indeterminadoda decisão sobre a compra de 36 aviões de caça para a Força Aérea Brasileira (FAB). Tampouco deu pista sobre um eventual favorito no projeto FX-2. Mas Serge Dassault, presidente de honra da Dassault Aviation, fabricante dos caças franceses Rafale, reconhece: os americanos F-18 Super Hornet, da Boeing, são hoje os favoritos de Brasília.
Os indicativos foram dados pelo industrial no jantar de gala oferecido
na terça-feira pelo presidente da França, François Hol- lande, a
Dilma. Dassault, de 87 anos, reconhece as dificuldades que sua empresa
enfrenta para convencer o atual governo brasileiro a investir nos
Rafale, e não em um de seus concorrentes: o Super Hornet, da Boeing, e oGripen NG, da sueca Saab.
Além de reconhecer o poder de convencimento dos rivais – “os americanos
estão fazendo uma Força terrível” – e dos problemas de câmbio – “os
Rafale custam mais caro por causa da relação entre o euro e o dólar”-,
Dassault reconhece que a relação entre a companhia e os governos
francês e brasileiro esfriou desde a posse de Dilma Rousseff. “Ela é
mais preocupada com os problemas financeiros, o que é normal”, disse.
Segundo ele, “a relação com Lula era mais simpática, mais aberta”.
“Infelizmente ele não tomou a decisão no melhor momento.”
Nos últimos meses, três fontes diferentes da diplomacia francesa
reconheceram ao Estado que as críticas feitas pelo governo de Nicolas
Sarkozy às negociações realizadas por Brasil e Turquia sobre o programa
nuclear do Irã, em 2010, geraram grande insatisfação em Lula, que
teria decidido congelar a compra dos Rafale.
O desafio do Ministério da Defesa francês desde então é encontrar um novo tom para as negociações. O ministro Jean-Yves Le Drian
evita até elencar a concorrência dos caças brasileiros entre as
prioridades da diplomacia de Paris. “Não creio que o Rafale tenha sido
um assunto”, disse ele, sobre os encontros entre Dilma e Hollande.
Indagado sobre por que o tema saiu da mesa de negociações, respondeu:
“Porque a meu ver as escolhas estratégicas do Brasil em termos de defesa
se” voltaram mais para o mar”.
O ministro brasileiro da Defesa, Celso Amorim,
monstrou a mesma despreocupação sobre o assunto. “Não há nenhuma
novidade”, disse. Amorim disse estar satisfeito com a nova postura
francesa. “Há muito respeito da parte deles sobre o momento de o Brasil
tomar uma decisão.”
Fonte: O Estado de São Paulo / Andrei Netto
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