Os delírios extremistas de um panfleto muito louco da famigerada National Rifle Association, a NRA
Você já deve ter ouvido falar da NRA. Não?
A mais influente organização lobista dos EUA é a principal advogada
da Segunda Emenda da Constituição, que garante o direito de guardar e
portar armas. Com 4.3 milhões de afiliados, a National Rifle Association
“não tem fins lucrativos”.
Na campanha eleitoral de 2008, gastou mais
de 10 milhões de dólares “apoiando” candidatos. No ano passado,
recusou-se a discutir o controle de armas com Obama (não que ele tenha
feito um grande esforço nesse sentido. Até agora). “Por que eu deveria
me sentar com um grupo de pessoas que passaram sua vida tentando
destruir a Segunda Emenda?”, disse o CEO Wayne LaPierre.
Oito ex-presidentes foram membros, entre eles Theodore Roosevelt,
Eisenhower, John Kennedy, Nixon, Reagan e Bush filho. LaPierre ganhou
perto de 900 000 dólares de salário anual em 2004 (os dados mais
recentes). Nesse mesmo ano, a NRA teve uma receita de 222 milhões de
dólares.
Desde o massacre em Newtown, ela está na mira da discussão sobre o
controle de armas. Em seu pronunciamento de hoje, Obama convidou a NRA a
“unir esforços para reduzir a violência”. E completou: “Espero que eles
façam uma reflexão”.
Vai ser difícil. Foram necessários quatro dias de pressão, depois da
tragédia, para que LaPierre soltasse um comunicado oficial dizendo que
sua empresa estava “preparada para oferecer contribuições significativas
para garantir que isso nunca aconteça de novo”. Se a NRA for coerente
com o que sempre pregou, isso não quer dizer menos balas, revólvers e
fuzis, e sim mais.
Em 2006, um panfleto destinado aos associados antecipou, de certa
forma, o que está ocorrendo hoje. É um documento chamado “Liberdade em
Perigo”, ilustrado lindamente por uma espécie de Laerte do Mal e sob
efeito de LSD, com imagens apocalípticas. A NRA dissemina um delírio
pânico que reflete a confusão mental de pessoas capazes de estocar cinco
armas em casa para se defender de uma “invasão” ou um “colapso social”
(como Nancy Lanza, a mãe do assassino Adam).
“A liberdade da Segunda Emenda encara hoje os adversários mais
terríveis e perigosos que os donos de armas jamais conheceram”, diz o
texto introdutório. Daí em diante, é um festival de maluquices
extremistas contra imigrantes, o investidor George Soros, a ONU, a PETA
(a sociedade de defesa dos animais, chamada de terrorista) e,
principalmente, o bom senso.
“Pais de famílias do subúrbio precisam se defender dos rapinadores com tochas nas mãos!”
“O advento do terrorismo doméstico, juntamente com os ataques em
escolas, força os donos de armas da América a entrar no debate de uma
maneira que não podemos mais evitar. Como guardiã da Segunda Emenda, a
NRA deve aceitar a responsabilidade financeira de tomar seu lugar nessa
mesa de debates e prevalecer. Frequentemente, a mídia tem dado enorme
atenção para assassinos em escolas como uma tática para promover o
controle de armas.”
“Mas nós aprendemos que muitas empresas de mídia, políticos e líderes
estão determinados a explorar cada tragédia envolvendo um alarme de
incêndio, transformando-a num argumento contra a Segunda Emenda”.
Eles reservam artilharia pesada também para seus inimigos, como a senadora Hillary Clinton e o cineasta Michael Moore.
Abaixo, algumas imagens da tragédia anunciada, segundo a NRA. O PDF da íntegra do livreto está aqui. O fim está próximo.
Kiko Nogueira no DCM
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