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quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Como a maior organização lobista de armas previu o massacre em Newtown

Os delírios extremistas de um panfleto muito louco da famigerada National Rifle Association, a NRA
Encontro anual da NRA em Saint Louis, em abril deste ano
Você já deve ter ouvido falar da NRA. Não?
A mais influente organização lobista dos EUA é a principal advogada da Segunda Emenda da Constituição, que garante o direito de guardar e portar armas. Com 4.3 milhões de afiliados, a National Rifle Association “não tem fins lucrativos”. 
Na campanha eleitoral de 2008, gastou mais de 10 milhões de dólares “apoiando” candidatos. No ano passado, recusou-se a discutir o controle de armas com Obama (não que ele tenha feito um grande esforço nesse sentido. Até agora). “Por que eu deveria me sentar com um grupo de pessoas que passaram sua vida tentando destruir a Segunda Emenda?”, disse o CEO Wayne LaPierre.
Oito ex-presidentes foram membros, entre eles Theodore Roosevelt, Eisenhower, John Kennedy, Nixon, Reagan e Bush filho. LaPierre ganhou perto de 900 000 dólares de salário anual em 2004 (os dados mais recentes). Nesse mesmo ano, a NRA teve uma receita de 222 milhões de dólares.
Desde o massacre em Newtown, ela está na mira da discussão sobre o controle de armas. Em seu pronunciamento de hoje, Obama convidou a NRA a “unir esforços para reduzir a violência”. E completou: “Espero que eles façam uma reflexão”.
 
Vai ser difícil. Foram necessários quatro dias de pressão, depois da tragédia, para que LaPierre soltasse um comunicado oficial dizendo que sua empresa estava “preparada para oferecer contribuições significativas para garantir que isso nunca aconteça de novo”. Se a NRA for coerente com o que sempre pregou, isso não quer dizer menos balas, revólvers e fuzis, e sim mais.
 
Em 2006, um panfleto destinado aos associados antecipou, de certa forma, o que está ocorrendo hoje. É um documento chamado “Liberdade em Perigo”, ilustrado lindamente por uma espécie de Laerte do Mal e sob efeito de LSD, com imagens apocalípticas. A NRA dissemina um delírio pânico que reflete a confusão mental de pessoas capazes de estocar cinco armas em casa para se defender de uma “invasão” ou um “colapso social” (como Nancy Lanza, a mãe do assassino Adam).
“A liberdade da Segunda Emenda encara hoje os adversários mais terríveis e perigosos que os donos de armas jamais conheceram”, diz o texto introdutório. Daí em diante, é um festival de maluquices extremistas contra imigrantes, o investidor George Soros, a ONU, a PETA (a sociedade de defesa dos animais, chamada de terrorista) e, principalmente, o bom senso.
“Pais de famílias do subúrbio precisam se defender dos rapinadores com tochas nas mãos!”
“O advento do terrorismo doméstico, juntamente com os ataques em escolas, força os donos de armas da América a entrar no debate de uma maneira que não podemos mais evitar. Como guardiã da Segunda Emenda, a NRA deve aceitar a responsabilidade financeira de tomar seu lugar nessa mesa de debates e prevalecer. Frequentemente, a mídia tem dado enorme atenção para assassinos em escolas como uma tática para promover o controle de armas.”
“Mas nós aprendemos que muitas empresas de mídia, políticos e líderes estão determinados a explorar cada tragédia envolvendo um alarme de incêndio, transformando-a num argumento contra a Segunda Emenda”.
Eles reservam artilharia pesada também para seus inimigos, como a senadora Hillary Clinton e o cineasta Michael Moore.
Abaixo, algumas imagens da tragédia anunciada, segundo a NRA. O PDF da íntegra do livreto está aqui. O fim está próximo.




Kiko Nogueira no DCM

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