Em 2 de abril de 1982, a Argentina atacou as Ilhas Malvinas, ocupadas pelos britânicos desde 1833. Porém, Margaret Thatcher ordenou a retomada e os argentinos foram expulsos.
Peter Philipp (gh)
Um dos últimos resquícios dos tempos
imperiais britânicos são as Ilhas Malvinas (Falkland), Geórgia e
Sandwich do Sul, um arquipélago perdido no Atlântico Sul, com algumas
centenas de criadores de ovelhas, a cerca de 13 mil quilômetros de
distância de Londres.
Havia indícios de existência de
petróleo nas Malvinas – as ilhas serviam de base para a exploração de
recursos marinhos e de porto intermediário para navegações que seguiam
para a Antártida.
No dia 2 de abril de 1982, soldados
argentinos dominaram a pequena guarnição britânica nas Malvinas. Era a
tentativa do regime militar de desviar a atenção da população da grave
crise econômica e unir a nação por meio de um ato patriótico.
Inicialmente, os generais pareciam ter atingido os objetivos militar e
político – os sindicatos chegaram a suspender uma greve geral contra a
Junta Militar.
Argentina subestimou a determinação de Thatcher
Em Londres, governava Margaret
Thatcher, mais tarde conhecida como "dama de ferro" do Partido
Conservador. Um dia após a invasão da Argentina, ela não deixou dúvidas
na Câmara Baixa do Parlamento britânico de que estava disposta a
reconquistar as ilhas. A Argentina subestimou a determinação de
Thatcher, que contava com amplo apoio da população e até dos partidos da
oposição.
O então líder do Partido Trabalhista
inglês, Michael Foot – tradicionalmente um pacifista –, defendeu a
intervenção armada para retomar o arquipélago com o seguinte argumento:
"As garantias dadas pelo exército invasor valem tanto quanto as
garantias oferecidas pela mesma Junta Militar aos seus próprios
concidadãos. Não se deve esquecer que milhares de argentinos que lutaram
por seus direitos políticos foram presos e torturados".
Raramente o Reino Unido foi tão unido
como naqueles dias de abril de 1982. As ações militares britânicas
começaram em clima de festa, três dias após a invasão, com a mobilização
da Marinha e da Aviação. A superioridade militar inglesa foi imbatível
em todos os terrenos da guerra naval, aérea e terrestre.
Os generais argentinos também se
enganaram quanto às reações internacionais. Por exemplo, a neutralidade
passiva de vizinhos latino-americanos, como o Chile e o Brasil. O golpe
mais duro para o governo em Buenos Aires foi, porém, o apoio diplomático
e militar dos Estados Unidos ao Reino Unido. O serviço de inteligência
militar norte-americano manteve as tropas britânicas informadas das
ações militares argentinas.
Fim da guerra iniciou desmantelamento do regime militar
Diplomaticamente isolada e militarmente em desvantagem, a Argentina capitulou, depois de dois meses e meio de conflito, no dia 14 de junho de 1982. O fim da guerra representou não só uma derrota nos campos de batalha como também o início do desmantelamento do regime militar argentino. Margaret Thatcher, que antes da guerra era uma das mais rejeitadas líderes de governo da história britânica, foi festejada como heroína.
Na Argentina, o general Leopoldo
Galtieri renunciou, em julho, sob uma onda de manifestações populares
contra a ditadura. Seu sucessor, o general Reynaldo Bignone, iniciou as
negociações para devolver o poder aos civis. O candidato da União Cívica
Radical (UCR), Raul Alfonsín, venceu as eleições presidenciais de
dezembro de 1983.
Três anos depois, os chefes militares das Malvinas foram condenados a penas de 8 a 12 anos.
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