Jornal e emissora alemã afirmam que agências americanas executaram operações mundiais antiterrorismo a partir de bases na Alemanha e que o país europeu há muito tempo faz parte da arquitetura de segurança dos EUA.
Os Estados Unidos organizaram operações de sequestro e tortura a partir
de suas bases na Alemanha, no âmbito da luta contra o terrorismo,
segundo pesquisas conjuntas da emissora alemã NDR e do jornal Süddeutsche Zeitung (SZ). Ambos começam a divulgar nesta sexta-feira (15/11) matérias sobre o assunto.
Além disso, segundo as informações apuradas, as forças de segurança
norte-americanas prenderam suspeitos em aeroportos alemães; a pedido dos
EUA, agentes alemães investigaram requerentes de asilo, além de coletar
informações potencialmente relevantes para a seleção de alvos em
ataques com drones (veículos aéreos não tripulados); e uma base da CIA
em Frankfurt seria a encarregada da construção de prisões secretas para
tortura. Os órgãos de imprensa não indicaram quando todas essas ações
teriam ocorrido.
Segundo o jornalista John Goetz, da emissora NDR, as reportagens se baseiam em conversas com informantes e pesquisas em bancos de dados dos EUA. "Agentes de segurança americanos aposentados são muito faladores", comentou Goetz, que, juntamente com o autor Christian Fuchs, do SZ, também lançou nesta sexta-feira, em Hamburgo, um livro sobre o tema, intitulado Geheimer Krieg (guerra secreta).
Recentemente, Goetz acompanhou o deputado verde Hans-Christian Ströbele a Moscou, para um encontro com o whistleblower
Edward Snowden. Agora, o Partido Verde exige que o governo alemão tome
uma posição a respeito das revelações dos dois veículos nacionais de
imprensa.
John Goetz (d) e Christian Fuchs lançam livro "Guerra secreta"
Alemanha "parte da arquitetura de segurança dos EUA"
Segundo os repórteres, até hoje uma empresa de segurança americana – que
trabalha para a Agência de Segurança Nacional (NSA) e planejou voos de
sequestro para a CIA – recebe contratos milionários do governo alemão.
Mais de 200 empresas dos EUA dispõem de permissão especial de Berlim
para realizar, em solo alemão, operações de segurança sensíveis para seu
país. Sem citar nomes, Christoph Heinzle, da rádio NDR, acusou, ainda,
conexões entre as Forças Armadas dos EUA e instituições de ensino
superior na Alemanha.
A cooperação investigativa entre a NDR e o SZ já transcorre há
cerca de dois anos. "Queremos divulgar as revelações numa sequência bem
rápida", disse Hans Leyendecker, chefe da equipe de jornalismo
investigativo do jornal. No fim de maio deste ano, a NDR e o SZ
haviam noticiado que os americanos também controlariam, a partir de
bases militares na Alemanha, seus atentados usando drones, cuja licitude
é controversa do ponto de vista do direito internacional.
Os repórteres confirmaram que veículos não tripulados americanos foram
manipulados a partir de Stuttgart e Ramstein, matando supostos
terroristas e também civis na África e no Oriente Médio. "A decisão
sobre quem, quando e onde é executado é tomada em Stuttgart", afirmou
Goetz.
A conclusão dos autores das investigações é: há muito tempo a Alemanha já é parte integrante da arquitetura mundial de segurança dos Estados Unidos.
AV/dpa/afp/ots
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