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segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

INSULZA EM HAVANA



O Senhor José Miguel Insulza, Secretário-Geral da OEA, esteve em Havana para participar, como convidado, da segunda reunião da CELAC – Comunidade dos Estados Latino-Americanos e do Caribe, transformando-se no primeiro dirigente da Organização dos Estados Americanos a pisar o solo cubano em 52 anos, desde a expulsão de Cuba da entidade, em janeiro  de 1962.
 
A CELAC, fundada há dois anos por iniciativa venezuelana, reúne 33 nações da região, com exceção dos Estados Unidos e Canadá, e de ex “potências” coloniais, como Portugal e Espanha,  que têm visto suas sucessivas cúpulas “ibero-americanas”, fracassarem e serem simplesmente ignoradas, por nossos países, cada vez mais.
Por que os norte-americanos e canadenses ficaram de fora da CELAC? Porque, embora teoricamente “americanos”, eles fazem, geopoliticamente, parte de outro bloco - a que pertencem também Grã Bretanha e Austrália - que não é confiável para “nosotros”, como ficou comprovado pelas atividades de espionagem denunciadas por Edward Snowden, praticadas de forma contumaz por esses países contra o resto do mundo, e particularmente contra o Brasil, pelos EUA e o Canadá.
 
A reunião da CELAC de Havana serviu como uma espécie de desagravo latino-americano, do Rio Grande à Terra do Fogo, a Cuba, e também como reconhecimento geral do fracasso do embargo norte-americano ao regime cubano, tanto do ponto de vista diplomático como do econômico, evidenciado pela inauguração, por Dilma e Raul Castro, do Megaporto de Mariel, e de sua Zona Especial de Desenvolvimento, que tem sido vista pela imprensa internacional como o marco maior da abertura cubana à modernização e ao capital estrangeiro.    
Construído por empresas brasileiras, com a exportação de bens e serviços nacionais no valor de quase 900 milhões de dólares, o Megaporto de Mariel receberá, a partir do próximo ano, fábricas do mundo inteiro, para a montagem - em sua Zona de Desenvolvimento de 255 km2 - de produtos a serem transportados pelo vizinho Canal do Panamá, que está em fase de ampliação.
A importância da reunião da CELAC para Cuba pode ser medida pela presença do Secretário-Geral das Nações Unidas, Ban Ki Moon, e de 32 dos 33 líderes convidados. Além disso – para maior incômodo dos Estados Unidos - foi aprovada, também, a criação de um foro permanente de cooperação dos países membros com a China, que acaba de ultrapassar o Japão como a segunda maior economia do planeta.
A reunião também analisou   projetos de combate à pobreza e à desigualdade na América Latina e Caribe; a transformação desse espaço geográfico em uma “zona de paz” – em velada alusão às bases militares norte-americanas na Colômbia - e o reconhecimento do princípio de não intervenção em assuntos internos de outros países e de cada  país  membro escolher seu próprio “modelo” político”. 
A presença do Secretário-Geral da OEA em Havana, depois de reaberta em 2009 a possibilidade – terminantemente recusada pelas autoridades cubanas - de Cuba voltar a pertencer à organização, se deu mais no contexto de uma clara vitória diplomática e da  superação ao bloqueio imposto pelos EUA, do que de um afago cubano à OEA.
Ao convidar Insulza, Cuba foi generosa. Mas é preciso evitar que isso se torne um hábito. A CELAC foi criada como um foro exclusivo dos povos latino-americanos e do Caribe.
Se a OEA começar a ser convidada oficialmente - mesmo que como observadora - a cada novo encontro da CELAC, será o mesmo que colocar os EUA e o Canadá dentro do plenário.            

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