O cenário econômico para os próximos meses continua desafiador.
Segundo pesquisa IBOPE divulgada ontem, as expectativas negativas dos consumidores bateram no ponto mais baixo, em níveis similares aos do pré-real. Tinha-se na época a inflação como o grande inimigo e a bala de prata na agulha: o próprio Plano Real.
Agora o inimigo é a recessão. O consumidor ainda não sentiu os efeitos maiores desse vórtice. E não se vê à vista nem bala de prata nem de latão.
***
As engrenagens da recessão são fáceis de acionar e difíceis de serem revertidas.
Há uma queda inicial de salário e emprego que afeta o mercado de consumo, refletindo-se na queda de vendas.
Em um primeiro momento, as empresas seguram o emprego até o cenário futuro clarear. Quando o futuro torna-se nublado, as demissões se espraiam por outros setores.
Alguns setores relevantes ainda não se refizeram dos problemas dos anos anteriores. É o caso do setor elétrico e do etanol.
***
Há um conjunto de ações anticíclicas que poderiam ser deflagradas. Mas o governo Dilma gastou seu arsenal.
A demanda pública esbarra na crise fiscal e no desmantelamento do pré-sal promovido pela Lava Jato e pela compressão de tarifas da Petrobras.
O mercado de crédito foi implodido pela alta expressiva da Selic e pela ação dos bancos, que elevaram de forma recorde as taxas de juros.
A lógica é simples. Na fase de abundância, o cliente toma crédito em vários bancos. Quando se configura a inadimplência, o primeiro sinal se dá nos mercados de crédito rápido – cartão de crédito, cheque especial. Todos os bancos aumentam exponencialmente as taxas sabendo que o resultado final será a inadimplência do cliente, mas cada qual procurando preservar sua fatia naquele minifúndio antes da queda final.
Depois, segue-se um período doloroso de renegociação, nome sujo, no final do qual parte da dívida acaba perdoada e o cliente volta para o mundo dos vivos..
***
O último elo da cadeia são as administrações públicas, estados e municípios.
No final do ano passado, estados como o Rio Grande do Sul, Paraná e Minas Gerais já apresentavam problemas fiscais expressivos.
Existe uma defasagem entre a queda da atividade e dos tributos, decorrência do prazo para pagamento dos tributos.
É um estrondo que já bateu nos caixas das prefeituras mas ainda não foi captado pelas estatísticas. É possível que ocorram quedas reais (descontada a inflação do período) na casa dos dois dígitos.
***
O aumento do desemprego resultará em mais desprestígio para o governo.
Por outro lado, os dois principais atores da oposição – o presidente da Câmara Eduardo Cunha e do senado Renan Calheiros – estão com os dias contados.
Especialmente Cunha incorreu em um erro que já degolou outras figuras poderosas: as demonstrações excessivas de força. Dificilmente escapará das investigações do Ministério Público Federal.
Do lado da oposição, há uma falta de rumo similar ao do governo. São incapazes de articular qualquer frase que não seja a vociferação vazia.
***
Se Dilma tivesse um pouco mais de fôlego, Dilma poderia recuperar o protagonismo do discurso público e articular ações efetivas para o pós-choque fiscal.
Mas a cada dia que passa essa hipótese torna-se menos factível.
Segundo pesquisa IBOPE divulgada ontem, as expectativas negativas dos consumidores bateram no ponto mais baixo, em níveis similares aos do pré-real. Tinha-se na época a inflação como o grande inimigo e a bala de prata na agulha: o próprio Plano Real.
Agora o inimigo é a recessão. O consumidor ainda não sentiu os efeitos maiores desse vórtice. E não se vê à vista nem bala de prata nem de latão.
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As engrenagens da recessão são fáceis de acionar e difíceis de serem revertidas.
Há uma queda inicial de salário e emprego que afeta o mercado de consumo, refletindo-se na queda de vendas.
Em um primeiro momento, as empresas seguram o emprego até o cenário futuro clarear. Quando o futuro torna-se nublado, as demissões se espraiam por outros setores.
Alguns setores relevantes ainda não se refizeram dos problemas dos anos anteriores. É o caso do setor elétrico e do etanol.
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Há um conjunto de ações anticíclicas que poderiam ser deflagradas. Mas o governo Dilma gastou seu arsenal.
A demanda pública esbarra na crise fiscal e no desmantelamento do pré-sal promovido pela Lava Jato e pela compressão de tarifas da Petrobras.
O mercado de crédito foi implodido pela alta expressiva da Selic e pela ação dos bancos, que elevaram de forma recorde as taxas de juros.
A lógica é simples. Na fase de abundância, o cliente toma crédito em vários bancos. Quando se configura a inadimplência, o primeiro sinal se dá nos mercados de crédito rápido – cartão de crédito, cheque especial. Todos os bancos aumentam exponencialmente as taxas sabendo que o resultado final será a inadimplência do cliente, mas cada qual procurando preservar sua fatia naquele minifúndio antes da queda final.
Depois, segue-se um período doloroso de renegociação, nome sujo, no final do qual parte da dívida acaba perdoada e o cliente volta para o mundo dos vivos..
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O último elo da cadeia são as administrações públicas, estados e municípios.
No final do ano passado, estados como o Rio Grande do Sul, Paraná e Minas Gerais já apresentavam problemas fiscais expressivos.
Existe uma defasagem entre a queda da atividade e dos tributos, decorrência do prazo para pagamento dos tributos.
É um estrondo que já bateu nos caixas das prefeituras mas ainda não foi captado pelas estatísticas. É possível que ocorram quedas reais (descontada a inflação do período) na casa dos dois dígitos.
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O aumento do desemprego resultará em mais desprestígio para o governo.
Por outro lado, os dois principais atores da oposição – o presidente da Câmara Eduardo Cunha e do senado Renan Calheiros – estão com os dias contados.
Especialmente Cunha incorreu em um erro que já degolou outras figuras poderosas: as demonstrações excessivas de força. Dificilmente escapará das investigações do Ministério Público Federal.
Do lado da oposição, há uma falta de rumo similar ao do governo. São incapazes de articular qualquer frase que não seja a vociferação vazia.
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Se Dilma tivesse um pouco mais de fôlego, Dilma poderia recuperar o protagonismo do discurso público e articular ações efetivas para o pós-choque fiscal.
Mas a cada dia que passa essa hipótese torna-se menos factível.
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