Por Renato Rovai
Danilo Amaral foi vice-presidente de Relações Institucionais da BRA,
companhia que chegou a ocupar espaço generoso no mercado aéreo
brasileiro mas que (por incompetência) afundou em 2007.
Tornou-se presidente da empresa em
abril de 2009, após participar de sua recuperação judicial, e tinha
planos otimistas, como revela essa reportagem da IstoÉ Dinheiro.
“A BRA será uma empresa menor mas totalmente sustentável”, dizia à
época. O resultado, todos sabemos. Pouco mais de três meses depois ele
se desligou da BRA.
Provavelmente Danilo sabe, por exemplo, que o gasto com o Mais Médicos foi, em 2014, treze vezes menor que as despesas com juros no Brasil.
Mas talvez pra ele isso não seja importante. Até porque atua no mercado
empresarial-financeiro, sendo sócio da Trindade Investimentos que, segundo esta matéria,
tem como dois focos principais de investimentos as startups de
tecnologia ou “em empresas que necessitem urgentemente de recursos”. Um
benemérito, talvez.
Em seu perfil no Facebook, porém, pode-se perceber não só sua orientação
política como sua visão de Brasil. Tece elogios a Kim Kataguiri, “o
verdadeiro herói da juventude nacional”, segundo ele. Compartilha
postagens do Movimento Brasil Livre, posta uma foto com cara de raiva
segurando a edição de Época que publicou reportagem mentirosa sobre
Lula.
Faz também uma avaliação intelectualizada sobre o que pensa do país em
uma postagem sobre a venda de ingressos para as Olimpíadas de 2016. “O
site de ingressos da Rio 2016 é a prova eletrônica de que vivemos num
país de mentecaptos de um governo socialista de analfabetos. Estamos na
lama intelectual da humanidade. Mas, segundo os sociólogos, temos a
virtude da cordialidade. Ah, então beleza, tudo certo…”.Brilhante, não?
Porém, uma imagem reveladora é a foto que posta junto com o outrora
comunista Roberto Freire. Na legenda: “Eu, Roberto Freire e Hayek na
camisa. Nunca o grande Roberto Freire esteve tão perto dos liberais…”.
Não só próximo dos liberais, mas nunca a classe política namorou tão de perto o ódio de classes travestido de crítica política.
Um momento emblemático da política brasileira aconteceu no dia de ontem.
Em um restaurante em São Paulo, um advogado toca em uma taça para chama
a atenção das pessoas que estão no local para, em seguida, iniciar um
“discurso” breve:
É um comportamento padrão, típico das pessoas portadoras de mal caráter, causar constrangimentos em público para pessoas pelas quais sentem um misto de inveja e admiração. A canalhice desse muiricinho,rendeu-lhe seus perseguidos e efêmeros 5 minutos de fama, quando pediu para alguém filma-lo declamando a fala abobalhada abixo:(Mviva)
“Temos a ilustre presença do ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha, que
nos brindou com o programa Mais Médicos, da presidente Dilma Rousseff,
responsável por gastos de R$ 1 bilhão que nós todos otários pagamos até
hoje. Uma salva de palmas para o ministro.”
Padilha ainda tenta rebater dizendo que são 63 milhões de pessoas
atendidas, mas os aplausos da mesa onde estava Amaral – aparentemente a
única que dá alguma ressonância ao “discurso” do empresário e onde está a
pessoa que filma a cena pelo celular – simplesmente sufoca qualquer
tentativa de diálogo ou debate.
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