PEQUIM, 31 Mar 2012-A China anunciou neste sábado grandes
restrições para a utilização de microblogs, o fechamento de vários
sites de internet e a prisão de pessoas acusadas de espalhar rumores de
golpe de Estado em Pequim.
Esta brutal ofensiva de censura ocorre
quinze dias após a destituição do responsável carismático Bo Xilai, uma
reviravolta política que rompeu a imagem de unidade que o Partido
Comunista Chinês deseja transmitir.
O incidente alimentou todo tipo de especulações na rede.
Neste sábado, os dois principais serviços de microblogs chineses, Sina
Weibo e Tencent QQ, suspenderam a possibilidade para os internautas de
fazer comentários on-line, oficialmente para lutar contra os "rumores
perniciosos".
Os dois grupos afirmaram que esta medida se
manteria vigente até o dia 3 de abril, num momento em que as autoridades
mostram um nervosismo crescente diante da onda de críticas que circulam
pelos microblogs.
Estas mensagens, que contam com um máximo de
140 ideogramas, são muito populares entre os chineses quando querem se
queixar ou denunciar escândalos. Segundo os observadores, têm um papel
essencial para modelar a opinião pública.
Os internautas
chineses, já submetidos a uma censura draconiana que bloqueia Twitter,
Facebook ou Youtube, não demoraram para reagir.
"Suspender os
comentários de todos os utilizadores de microblogs é um atentado grave
contra a liberdade de expressão e isso ficará gravado na história",
considerou Lawyer 80, em weibo.com.
Peng Xiaoyun, outro ciberativista, convocou seus pares a se mobilizar temendo um agravamento da repressão.
"Se você guardar silêncio hoje, quando os comentários são suspensos,
seguirá se calando amanhã, quando os microblogs serão fechados, e todos
ficarão calados quando o prenderem", advertiu.
Peng informou que
se mudava para o Google +. Como ele, outros internautas convocaram a
deixar os sistemas chineses e entrar em redes sociais estrangeiras
(Facebook, Twitter), embora seja preciso burlar a censura para
consultá-los na China.
Por sua vez, as autoridades chinesas
impuseram o fechamento de 16 sites de internet e prenderam seis pessoas
por "criar e propagar rumores", anunciou neste sábado a agência Nova
China.
Segundo a polícia, citada pela agência oficial, estes
sites são acusados de ter informado sobre "a entrada em Pequim de
veículos militares, (mostrando que) as coisas não andavam bem em
Pequim".
Sempre segundo a polícia, um número indeterminado de
utilizadores da rede foi "advertido e educado" por ter difundido estes
rumores, que, na semana passada, agitaram os fóruns de discussão.
A polícia prendeu um total de 1.065 suspeitos e apagou mais de 208 mil
mensagens "daninhas" durante a campanha anti-internet que leva adiante
desde meados de fevereiro, anunciou neste sábado a Nova China.
Os
operadores de mais de 3 mil sites receberam advertências no decorrer
desta campanha, que tem por alvos, segundo a agência, o contrabando de
armas, o tráfico de drogas e de produtos químicos perigosos, assim como a
venda de órgãos humanos e informações pessoais.
A China, onde a
imprensa é controlada pelo Estado, conta com mais de 500 milhões de
internautas e mais de 300 milhões de contas weibo registradas.
O
Partido Comunista Chinês, partido único no poder, seguiu com olhares
inquietos a primavera árabe, sobretudo pelo papel das redes sociais como
ferramenta de mobilização rápida e anônima para os militantes
pró-democracia.
Portal terra/seb/feff.zm/ma
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