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sábado, 24 de março de 2012

ÉTICA DA CONVICÇÃO E ÉTICA DA RESPONSABILIDADE

Max Weber

"O critério da ética da convicção é geralmente usado para julgar as ações individuais, enquanto o critério da ética da responsabilidade se usa ordinariamente para julgar ações de grupo, ou praticadas por um individuo, mas em nome e por conta do próprio grupo, seja ele o povo, a nação, a Igreja, a classe, o partido etc. Poder-se-á também dizer, por outras palavras, que, à diferença entre moral e política, ou entre ética da convicção e ética da responsabilidade, corresponde também à diferente entre ética individual e ética de grupo."
(Norberto Bobbio, Política como ética de grupo, in Dicionário de Política)

"O partidário da ética da responsabilidade, [...] contará com as fraquezas comuns dos homens (pois, como dizia muito procedentemente Fichte, não temos o direito de pressupor a bondade e a perfeição do homem) e entenderá que não pode lançar a ombros alheios as conseqüências previsíveis de suas próprias ações. Dirá, portanto, “essas conseqüências são imputáveis à minha própria ação”.
(Max Weber, Ética da convicção e ética da responsabilidade)

"Não é possível conciliar a ética da convicção e a ética da responsabilidade, assim como não é possível, se jamais se fizer qualquer concessão ao princípio segundo o qual os fins justificam os meios, decretar, em nome da moral, qual o fim que justifica um meio determinado [...] Com efeito, todos esses objetivos que não se conseguem atingir a não ser através da atividade política – onde necessariamente se faz apelo a meios violentos e se acolhem os caminhos da ética da responsabilidade – colocam em perigo a “salvação da alma”.
(Max Weber, idem)


Na ética da convicção seguimos valores ou princípios absolutos – tais como não matar, não roubar, não mentir. Neste caso, a intenção é sempre mais importante do que o resultado concreto das nossas ações. É a ética da moralidade do indivíduo.


Niccolò Machiavelli
Mas a ética da responsabilidade, estabelecida por Maquiavel e aprimorada por Max Weber, leva em consideração as conseqüências dos atos dos agentes, geralmente políticos. É por isso que, em política, as boas intenções não justificam o fracasso. Daí a se dizer, em tom de blague, que “de boas intenções, o inferno está cheio”. A subjetividade pouco importa, mas sim a aparência externa dos atos (“Não basta a mulher de César ser honesta; é preciso parecer honesta). Não há, nessa ética, desculpa para o fracasso “Mais do que um crime, foi um erro”, dizia Talleyrand.

Quem não entende a ética da responsabilidade não pode entender a ação política. Partidos na oposição frequentemente fingem que ignoram essa realidade e fazem uso de um discurso calcado em uma ética de convicção ou de valores. Uma vez no poder, são obrigados a se adequar à realidade e a abandonar o discurso da convicção.  


Para a ética da responsabilidade, maquiavélica ou weberiana, serão morais as ações que forem úteis à comunidade, e imorais aquelas que a prejudicam, visando apenas interesses particulares.

2 comentários:

  1. qual a posiçao do autor frete as duas possibilidades?

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  2. Bom anônimo (a) tímido(a).Não da para falar pelo autor,mas penso que ambas estão certas e, ao mesmo tempo, erradas, dependendo da visão de quem a produz.

    Obrigado pela visita e volte sempre a este que é um dos melhores blogs da Amazônia brasileira e do Brasil.

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