O fenômeno representado pela homofobia aumenta pelo planeta
e mostra as ambiguidades ético-morais presentes em estados laicos cujas constituições democráticas proclamam a igualdade e repudiam a discriminação derivada de orientação sexual. Chamo a atenção para dois recentes episódios discriminatórios, ambos disfarçados com tinta de matiz farisaica.
Um silêncio vergonhoso. A Igreja quase conseguiu sepultar o conhecimento de que Lucio Dalla, 69 anos, era homossexual e mantinha um relacionamento amoroso de mais de dez anos com o talentoso autor, ator, diretor teatral e fotógrafo pugliese Marco Alemanno, de 32 anos. Dalla nasceu e vivia em Bolonha
(Wálter Fanganiello Maierovitch)
(Wálter Fanganiello Maierovitch)
Bolonha,Espanha |
Uma das incivilidades ocorreu em Bolonha, por ocasião dos funerais na gótica Basílica de São Petrônio, do aclamado Lucio Dalla, cantor, compositor, poeta e arranjador musical. Numa Bolonha de arquitetura deslumbrante, com cem torres e 35 quilômetros de pórticos.
Onde foi fundada, em 1088, a primeira universidade do Ocidente e que rejeita, nas urnas, os candidatos de perfil filo-fascista. Dalla nasceu nessa cidade, como o cineasta Passolini e, no século XIV, o papa matemático Gregório XIII (1572-1585), autor do nosso calendário bissexto.
Onde foi fundada, em 1088, a primeira universidade do Ocidente e que rejeita, nas urnas, os candidatos de perfil filo-fascista. Dalla nasceu nessa cidade, como o cineasta Passolini e, no século XIV, o papa matemático Gregório XIII (1572-1585), autor do nosso calendário bissexto.
Papa Gregório XIII |
Ricardo Tapajós e Mário Warde Filho |
Essa decisão surpreende. O clube conta no seu quadro associativo com destacados defensores do Estado de Direito e já teve, num passado recente, vultos que lutaram heroicamente pela prevalência constitucional.
Refiro-me à Revolução Constitucionalista de 1932, o maior movimento cívico da história desse estado bandeirante.
Esses antigos associados, acusados à época de separatistas pelos chamados “aliancistas” e membros do então partido Democrático de São Paulo, devem estar a afundar de vergonha nas suas covas em face da recente decisão de afronta à nossa Lei Magna.
Com efeito. Lucio Dalla faleceu em 1º de março de 2011, durante uma turnê em Montreux (Suíça). Não deixou testamento, mas preparava a documentação para dar vida a uma fundação que seria um “laboratório para, pela música e pela arte, descobrir, preparar e lançar novos talentos”. Dalla, todos sabiam, mantinha uma relação afetiva de mais de dez anos com o talentoso artista Marco Alemanno, de 32 anos.
Lucio Dalla |
Padre Pio, o herdeiro espiritual de São Francisco de Assis |
Em 23 de setembro, a Igreja celebra a Memória de São Pio de Pietrelcina, frade capuchinho e sacerdote, que faleceu no ano de 1968.
É conhecido como o único sacerdote a portar os estigmas visíveis (que antes foram invisíveis), já que o Servo de Deus Pe. João Baptista Reus, jesuíta, também recebeu os invisíveis.
Esses dois santos têm muito em comum, tanto nos estigmas quanto na Missa. E viveram praticamente no mesmo período, sendo que o alemão feito brasileiro ( Pe. Reus), morreu na década de 40, 21 anos antes do Padre Pio.
considerado como falso taumaturgo pelo papa João XXIII, mas já conduzido à glória dos altares como santo da Igreja.
Padre Pio |
Enterro de Lucio Dalla |
Também não se pode tocar as músicas de Dalla: num dos seus sucessos, Caro Amico Ti Scrivo, consta que “cada um fará amor com quem quiser”.
Alemanno, declama a poesia em homenagem a Dalla |
Lucia Annunziata |
Ratzinger |
Ministro Marcelo Crivella, da pesca |
Para o CAP, onde se quer que o estatuto prevaleça à Constituição, união estável só entre homem e mulher. Certamente, terão os conselheiros as bênçãos de Ratzinger e da bancada evangélica do nosso Parlamento.
A propósito, convém recordar o observado pelo desembargador Francisco de Paula Sena Rebouças, na sua recém-lançada obra Uma República Provincial (Ed. Manole), “somos herdeiros de uma cultura autocrática que, a partir do absolutismo monárquico, passou pelo mandonismo do senhor das terras e dos escravos, pela prepotência das botas e seus maquiavélicos tacões”.
Wálter Fanganiello Maierovitch
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