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quarta-feira, 28 de março de 2012

Fossa gigantesca a céu aberto ? - Rio Guamá está em “estado de alerta”



Cerca de cinco anos atrás uma equipe de pesquisadores do Instituto Evandro Chagas detectou a presença de uma forma menos agressiva e perigosa do vibrião colérico nas águas do rio Guamá em frente a Belém. 
Rio Guamá está em “estado de alerta” (Foto: Daniel Pinto)
O vibrião não era do mesmo tipo que ocasionou a epidemia de cólera no Brasil e em outros países da América do Sul, como Peru, Bolívia e Paraguai, no início dos anos 90 e o risco de um novo surto da doença foi logo descartado.
Mas a simples presença desse organismo nas águas que são o abastecedouro da capital paraense foi um recado claro sobre a ausência mínima de saneamento em Belém. “Embora não fosse a forma mais perigosa do vibrião colérico, ele não deveria estar presente nas águas do Rio Guamá. A presença indica baixo índice de saneamento, o que é sempre um risco geral à saúde”, diz o engenheiro químico Bruno Carneiro, pesquisador do Instituto Evandro Chagas.
 
Carneiro faz parte de uma equipe multidisciplinar do IEC que desde os anos 90, quando houve o surto de cólera, monitora as águas do Rio Guamá a fim de detectar a presença do vibrião colérico. É um trabalho que conta com a parceria com empresas privadas, como a Companhia das Docas do Pará. Atualmente o monitoramento é focado primordialmente na questão do vibrião colérico, mas dentro de alguns meses o trabalho será expandido.
“A partir de julho iremos desenvolver um projeto maior, que irá avaliar tudo a respeito das águas do Guamá. Iremos avaliar desde a captação no Aurá até o Outeiro. É um trabalho que irá elucidar uma série de questões de forma mais ampla a respeito da qualidade dessa água”, diz o pesquisador.

O fato é que Belém consome uma água que nunca foi classificada. Há uma resolução do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama), de número 357, que estabelece uma classificação dos chamados ‘corpos hídricos’. Um exemplo. Água na classe 1, é a água em excelente estado. Em classe 2, é adequada. A partir da classe 3, é considerada indesejável.
Os órgãos públicos paraenses nunca se preocuparam adequadamente em fazer esse tipo de avaliação. O resultado é que a população de Belém não tem conhecimento a respeito da água que consome.
COLETA
Uma espécie de piloto do projeto maior que será desenvolvido no IEC foi feito durante a semana, com a coleta de água em pelo menos dez pontos do Rio Guamá, em frente à cidade. “Sempre percebemos que há mudanças de qualidade da água, dependendo do ponto de coleta”, diz o pesquisador. Segundo ele, próximo ao Aurá, local onde a ocupação humana ainda é menor e há a proteção da reserva do Utinga, a água possui menores índices de contaminação.
“Em compensação, no canal São Joaquim, próximo ao aeroporto, local onde na teoria há uma estação de tratamento de água, a Estação do Una, o que existe é um esgoto puro. Até a coloração da água muda, já que tudo é jogado dentro do rio”, diz outro pesquisador do Evandro Chagas.

“A sorte é que a dinâmica do Rio Guamá com suas marés, auxilia na dispersão desses dejetos, mas há um limite para a tolerância da baía”, complementa Carneiro.
A baía do Guajará tem um histórico de degradação ambiental desde os primórdios da fundação da cidade de Belém do Pará. A capital do estado do Pará, assim como sua região metropolitana, localiza-se nas margens desta baía, e possui uma população de mais de dois milhões de habitantes, segundo dados do IBGE de 2010.
É uma região portuária, com intenso tráfego de embarcações dos mais variados portes, transportando passageiros e cargas para diversas localidades de Belém, região metropolitana e outras cidades do estado. São atividades que embora sejam importantes para a dinâmica econômica da capital apresenta riscos ambientais.
QUALIDADE
Há um parâmetro para se avaliar esse tipo de risco. O Índice de Qualidade das Águas é um deles e foi criado em 1970, nos Estados Unidos, pela National Sanitation Foundation (NSF). A partir de 1975 começou a ser utilizado pela CETESB (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo).
O IQA foi desenvolvido para avaliar a qualidade da água bruta visando seu uso para o abastecimento público, após tratamento. A importância deste índice está centrada no fácil entendimento do resultado da qualidade ambiental da água pela população em geral, visto que o resultado dela coloca a água estudada em um patamar que varia de péssima a ótima, segundo o resultado obtido a partir da coleta.
“No lago Bolonha podemos ter um exemplo disso”, diz um pesquisador do IEC. “Lá, a presença de algas pode indicar que existam outros tipos de algas com teores de toxinas que podem não ser mais combatidas com o tratamento. 

Fonte: DOL

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