Cerca de cinco anos atrás uma equipe de pesquisadores do
Instituto Evandro Chagas detectou a presença de uma forma menos
agressiva e perigosa do vibrião colérico nas águas do rio Guamá em
frente a Belém.
O vibrião não era do mesmo tipo que ocasionou a epidemia
de cólera no Brasil e em outros países da América do Sul, como Peru,
Bolívia e Paraguai, no início dos anos 90 e o risco de um novo surto da
doença foi logo descartado.
Mas a simples presença desse organismo nas águas que são o
abastecedouro da capital paraense foi um recado claro sobre a ausência
mínima de saneamento em Belém. “Embora não fosse a forma mais perigosa
do vibrião colérico, ele não deveria estar presente nas águas do Rio
Guamá. A presença indica baixo índice de saneamento, o que é sempre um
risco geral à saúde”, diz o engenheiro químico Bruno Carneiro,
pesquisador do Instituto Evandro Chagas.
Carneiro faz parte de uma equipe multidisciplinar do IEC que desde os anos 90, quando houve o surto de cólera, monitora as águas do Rio Guamá a fim de detectar a presença do vibrião colérico. É um trabalho que conta com a parceria com empresas privadas, como a Companhia das Docas do Pará. Atualmente o monitoramento é focado primordialmente na questão do vibrião colérico, mas dentro de alguns meses o trabalho será expandido.
“A partir de julho iremos desenvolver um projeto maior, que irá
avaliar tudo a respeito das águas do Guamá. Iremos avaliar desde a
captação no Aurá até o Outeiro. É um trabalho que irá elucidar uma série
de questões de forma mais ampla a respeito da qualidade dessa água”,
diz o pesquisador.
O fato é que Belém consome uma água que nunca foi classificada. Há uma resolução do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama), de número 357, que estabelece uma classificação dos chamados ‘corpos hídricos’. Um exemplo. Água na classe 1, é a água em excelente estado. Em classe 2, é adequada. A partir da classe 3, é considerada indesejável.
Os órgãos públicos paraenses nunca se preocuparam adequadamente em
fazer esse tipo de avaliação. O resultado é que a população de Belém não
tem conhecimento a respeito da água que consome.
COLETA
Uma espécie de piloto do projeto maior que será desenvolvido no IEC foi feito durante a semana, com a coleta de água em pelo menos dez pontos do Rio Guamá, em frente à cidade. “Sempre percebemos que há mudanças de qualidade da água, dependendo do ponto de coleta”, diz o pesquisador. Segundo ele, próximo ao Aurá, local onde a ocupação humana ainda é menor e há a proteção da reserva do Utinga, a água possui menores índices de contaminação.
Uma espécie de piloto do projeto maior que será desenvolvido no IEC foi feito durante a semana, com a coleta de água em pelo menos dez pontos do Rio Guamá, em frente à cidade. “Sempre percebemos que há mudanças de qualidade da água, dependendo do ponto de coleta”, diz o pesquisador. Segundo ele, próximo ao Aurá, local onde a ocupação humana ainda é menor e há a proteção da reserva do Utinga, a água possui menores índices de contaminação.
“Em compensação, no canal São Joaquim, próximo ao aeroporto, local
onde na teoria há uma estação de tratamento de água, a Estação do Una, o
que existe é um esgoto puro. Até a coloração da água muda, já que tudo é
jogado dentro do rio”, diz outro pesquisador do Evandro Chagas.
“A sorte é que a dinâmica do Rio Guamá com suas marés, auxilia na dispersão desses dejetos, mas há um limite para a tolerância da baía”, complementa Carneiro.
A baía do Guajará tem um histórico de degradação ambiental desde os
primórdios da fundação da cidade de Belém do Pará. A capital do estado
do Pará, assim como sua região metropolitana, localiza-se nas margens
desta baía, e possui uma população de mais de dois milhões de
habitantes, segundo dados do IBGE de 2010.
É uma região portuária, com intenso tráfego de embarcações dos mais
variados portes, transportando passageiros e cargas para diversas
localidades de Belém, região metropolitana e outras cidades do estado.
São atividades que embora sejam importantes para a dinâmica econômica da
capital apresenta riscos ambientais.
QUALIDADE
Há um parâmetro para se avaliar esse tipo de risco. O Índice de Qualidade das Águas é um deles e foi criado em 1970, nos Estados Unidos, pela National Sanitation Foundation (NSF). A partir de 1975 começou a ser utilizado pela CETESB (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo).
Há um parâmetro para se avaliar esse tipo de risco. O Índice de Qualidade das Águas é um deles e foi criado em 1970, nos Estados Unidos, pela National Sanitation Foundation (NSF). A partir de 1975 começou a ser utilizado pela CETESB (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo).
O IQA foi desenvolvido para avaliar a qualidade da água bruta visando
seu uso para o abastecimento público, após tratamento. A importância
deste índice está centrada no fácil entendimento do resultado da
qualidade ambiental da água pela população em geral, visto que o
resultado dela coloca a água estudada em um patamar que varia de péssima
a ótima, segundo o resultado obtido a partir da coleta.
“No lago Bolonha podemos ter um exemplo disso”, diz um pesquisador do
IEC. “Lá, a presença de algas pode indicar que existam outros tipos de
algas com teores de toxinas que podem não ser mais combatidas com o
tratamento.
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