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segunda-feira, 31 de março de 2014

Por que Berzoini é a pessoa certa no lugar certo

Por Daniel Quoist, para o Brasil 247
No fundo, tudo se resume a colocar a pessoa certa no lugar certo. E a escolha do deputado Ricardo Berzoini para ministro da Articulação Política do governo Dilma Rousseff foi certeira por diversos motivos. Arrisco-me colocar no papel alguns deles.
Berzoini desenvolve um tipo de liderança inegoística, não é aquele sujeito que vê os cargos como ferramentas para conquistas pessoais.
Berzoini tem na lealdade sua principal marca - é petista histórico, não de ocasião, muito menos desgarrado de outras costelas partidárias tão logo os trabalhadores subiram a rampa do Planalto com o seu PT.
Berzoini conserva consigo ainda aquele jeito macro de fazer política que era tão marca registrada do ex-ministro Luiz Gushiken (1950-2013), aliás foi escolhido pelo China para ocupar seu lugar na Câmara dos Deputados quando por motivos maiores resolveu abdicar da luta partidária em 1997 e os dois são companheiros e bancários das antigas - remontam as greves de bancários históricas que irromperam em meados dos anos 1980 e foram extremamente bem sucedidas.
Berzoini tem um talento especial para a articulação - não é de mimimi nem de trolóló, diz a que veio, lança os desafios, arregimenta forças para vencê-los e consegue ser sempre o mesmo, vencendo ou não taos desafios.
Não dá pra comparar com antecessores
Berzoini é muito diferente de seus antecessores nesse ministério-chave, ainda mais em ano de (re)eleição: transita super bem com a nata do comando petista, a começar pelo ex-presidente Lula, passando pelo ministro-chefe da Casa Civil Aloísio Mercadante, pelo presidente do PT Rui Falcão e por lideranças consolidadas como as exercidas por Vicente Paulo da Silva, o nosso aguerrido Vicentinho, Arlindo Chinaglia, André Vargas e Cândido Vaccarezza; o mesmo não se poderia dizer nem de longe se comparados aos perfis de Luiz Sérgio e Ideli Salvatti.
Berzoini é um caça-talentos por natureza - sabe quem melhor pode assessorá-lo, identifica-os, e lhes nutre com um senso de missão, coisas cada vez mais raras nessa política rame-rame de ocupar postos, cargos e funções no governo. Longe de se contentar com as mesmas assessoria de sempre, ao contrário, está sempre receptivo a novas ideias, reflexões e insights.
Por fim, mas não por último, Berzoini sabe bem demais que o PT não é autossuficiente em nada, ao contrário, para tudo precisa do apoio, da parceria e da união de forças com o PMDB, o partido que desde a redemocratização do país em 1985 tem sido o fiel da balança chamada governabilidade. A essas alturas da vida pública o ex-bancário e ex-sindicalista paulista sabe que são muito mais os defeitos que unem os dois partidos que suas qualidades - e dentre esses defeitos o desejo de ter ascendência, poder e prestígio sobre tudo o que possa impactar o desenvolvimento do Brasil.
Livre do vírus da vaidade
Mas, acima de tudo, é um sujeito de princípios e tanto quanto possível, imune aos dardos da vaidade, vaidade essa que lançou ao ostracismo tantos ex-luminosos líderes políticos, da direita à esquerda; e assim para quem já está em seu quarto mandato na Câmara dos Deputados, tendo sido ministro da Previdência e também do Trabalho no governo Lula (2003-2010) e também presidente do PT nacional em um momento claro de crise interna, quem vai ao encontro de Ricardo Berzoini em seu prosaico gabinete no Anexo IV, sala 345 da CD, chega mesmo a se surpreender com o fato que não é a função nem o cargo público que o engrandece, mas a verdade é que ele sabe engrandecer os cargos por onde passa.
Quem espera que o novo ministro seja não mais que reativo encontra-se redondamente. Porque não é este o seu perfil nem o seu feitio.
Quem conhece Berzoini sabe que é uma máquina para trabalhar, sua oficina mental tem sempre novas ideias queimando na caldeira: uma delas, retomar as ideias do Gushiken de pensar o Brasil a longo prazo, a salvo dos períodos eleitorais quadrianiais, afinal, entende Berzoini que os líderes políticos nascem, crescem, maturam, frutificam e cedem lugar a outros para cumprir o mesmo ciclo - o que não muda é o Brasil enquanto campo fértil para mudanças que lhe propiciem o lugar de destaque que merece no concerto das nações.
A oposição tucana é muito mais ao Brasil que ao PT
Atrevo-me a antever que o maior apoio que a presidenta Dilma Rousseff possa dar à campanha de sua própria reeleição é dar carta branca a Berzoini, ligar para ele para agradecer vitórias (das pequenas às maiores), "empoderá-lo" como ministro-chave que é, dividir os louros que virão com Mercadante e os demais ministros que tratam das questões políticas e de governo, do contrário, prestará um grande desserviço à Nação e um excelente serviço à oposição tucanodemista.
Temos que convir que essa oposição que temos é muito mais uma oposição ao Brasil que uma oposição ao PT. Esta oposição torce, com afinco, para que o Brasil naufrague nas águas turvas da ingovernabilidade, do descrédito de suas instituições públicas, do fracasso de suas políticas públicas de inclusão e até o momento largamente exitosas, do descontrole econômico aoa ceno com a volta retumbante dos velhos ciclos inflacionários que vão de Sarney a Fernando Henrique Cardoso. E Dilma sabe que pode fazer isso - afinal, no horizonte não existe o anseio de Berzoini por uma futura candidatura presidencial. Então, o quê temer?
O combustível que move qualquer líder político só pode ser este: a crença de que o Brasil ainda tem muito a avançar no campo das políticas sociais inclusivas, no fortalecimento de seu protagonismo no front externo, no empoderamento das massas anônimas de brasileiros através da educação e capacitação profissional.

Fonte: 247

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