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quinta-feira, 2 de junho de 2011

DILMA E O TACÃO DE FERRO DA REALIDADE - LEITURA OBRIGATÓRIA!

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Reunião de fundação do PT. Ao centro Luis Inácio da Silva

Por Wladimir Pomar

Ao que parece, uma parte da esquerda brasileira esperava que fosse possível realizar uma revolução não só cultural, mas também econômica e social, através do sistema eleitoral democrático instituído após o final da ditadura militar. Supunha que um governo de esquerda, eleito pelo voto popular, teria as condições de realizar as reformas estruturais há muito reclamadas pela sociedade brasileira...


http://oglobo.globo.com/fotos/2009/02/20/20_MHG_pais_dilma.jpgIsso é o que ela esperava do PT, de Lula e, agora, de Dilma. Como tais reformas exigem muito mais do que vontade política, Lula não conseguiu fazê-las e Dilma encontra dificuldades da mesma monta, são classificados, por essa parte da esquerda, de traidores da causa popular e do socialismo. Portanto, nada mais natural que, a partir dessa premissa, militantes desse setor apelem aos céus e à terra para que, agora, o PT e Dilma sejam combatidos como os principais inimigos.


http://www.redebrasilatual.com.br/temas/trabalho/2011/05/em-uniao-fiesp-e-centrais-sindicais-buscam-pressionar-governo-sobre-reforma-tributaria/image_preview
CUT FORÇA e FIESP - reunidos para pressionar o governo sobre a reforma tributária
O que os coloca numa situação esdrúxula, se examinarmos com mais atenção a realidade que nos cerca. Do ponto de vista econômico, os principais instrumentos de produção estão sob o domínio do grande capital, a maior parte subordinada à voracidade do capital financeiro.

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Eike batista, magnata brasileiro

Um dos principais instrumentos com que poderia contar um governo democrático e popular para fazer frente ao poder econômico do capital, as estatais, foi brutalmente enfraquecido durante os 12 anos de governos neoliberais. 
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E as pequenas burguesias industrial, agrária e comercial, que eventualmente poderiam se contrapor ao grande capital, também são relativamente fracas e, em grande parte, ligadas e dependentes do grande capital corporativo.
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Portanto, do ponto de vista da correlação de forças econômicas, a hegemonia e o domínio do grande capital é evidente. 
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É lógico que se a correlação de forças no campo social fosse predominantemente favorável às camadas democráticas e populares, com organizações sindicais, comunitárias e associativas fortes e combativas, aquela desvantagem no campo econômico poderia ser neutralizada e superada.
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No entanto, o neoliberalismo também praticou um estrago considerável nessa área, através do desemprego e das ações de segmentação produtiva das corporações, causando uma fragmentação da força social dos trabalhadores industriais, inibindo qualquer movimento dos assalariados agrícolas, reduzindo consideravelmente a força do campesinato e desbaratando os movimentos sociais urbanos.
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O decréscimo da mobilização social, iniciado em meados dos anos 1980, parece ainda não ter chegado ao fundo do poço. Só com a retomada recente do crescimento econômico, a força dos trabalhadores industriais começa a se recompor, criando as condições para uma nova retomada das lutas e para a ascensão da mobilização social, que depende fundamentalmente do amadurecimento da experiência e da consciência popular.
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Portanto, bem vistas as coisas, a esquerda no Brasil chegou ao governo na contramão da mobilização social, um fenômeno que deveria ser analisado com mais atenção por todas as forças políticas democráticas, populares e socialistas. 
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Em outras palavras, contrariando praticamente todos os manuais políticos, a esquerda democrática e popular brasileira vem crescendo quase na razão inversa da mobilização social.

Mas, também contraditoriamente, na razão direta do interesse político das camadas populares e da divisão política da burguesia. 

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Foram essas condições especiais da realidade brasileira que firmaram, desde 1989, uma polarização política no país, deslocando imediatamente o PT para o carro chefe de um dos pólos à esquerda e, paulatinamente, a conjuração PSDB-PFL (este, depois, DEM) para a cabeça do pólo à direita.
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Nesses últimos 20 anos, tem havido um esforço sem par dos principais ideólogos e representantes mais sensatos da burguesia para romper essa polarização e abrir brechas para uma terceira via. Com razão, eles enxergam que a polarização radicaliza o reacionarismo da direita, empurrando a esquerda não para o compromisso, mas também para a radicalização, ao mesmo tempo também em que empurra as forças de centro para a esquerda. .
Basta analisar todas as campanhas eleitorais, desde 1989, para comprovar que os setores democráticos e populares mais conciliadores acabaram sendo empurrados mais para a esquerda em função da discussão política imposta pela direita reacionária. E basta analisar, também, o fracasso e a situação a que os projetos de terceira via foram levados ao se confrontarem com o férreo tacão dessa polarização.
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Assim, olhando com realismo a correlação política de forças, não é difícil notar que há um equilíbrio instável entre o pólo à esquerda e o pólo à direita da sociedade, que dificilmente permitirá à esquerda no governo fazer o que lhe der na veneta. E, em certo sentido, a disputa polarizada que ocorre na sociedade se reflete dentro do governo de coalizão.
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Nessas condições, enquanto as grandes massas populares não se puserem em movimento novamente, criando condições para o governo e a sociedade avançarem mais fortemente no rumo democrático e popular, e mesmo socialista, a esquerda continuará tendo dificuldades para carregar seus aliados por aquele rumo, e para modificar profundamente a correlação entre as forças políticas.
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Nesse sentido, aquelas forças que pensam se opor à suposta conciliação burguesa do PT, Lula e Dilma, e voltam suas baterias contra o governo dirigido pelo PT, correrão sempre o perigo de se aliarem, mesmo contra a vontade, aos reais principais inimigos políticos do povo brasileiro, a conjuração PSDB-DEM. 

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Essas são as imposições do tacão de ferro da realidade brasileira polarizada. Os discursos e ações da última convenção dos tucanos estão aí para não deixarem que nos enganemos a respeito.

2 comentários:

  1. Com todo o respeito ao companheiro, mas me vejo impelido a discordar da análise nos seguintes aspectos:
    O governo Lula não nasceu na contramão da mobilização social, mas é expressão do ascenso das masssas, do poder de mobilização e luta dos trabalhadores, numa aliança eleitoral com setores da burguesia, representado pelo finado José de alencar, numa nova versão de populismo. Esse é o primeiro ponto.
    Segundo, faltou mensurar o papel do governo LULA no refluxo das massas, cooptando lideranças, aparelhando entidades, imobilizando movimentos sociais e neutralizando sua ação, tanto no campo como na cidade, apesar da resistência de setores como o MST.
    Terceiro, a correlação de forças não é algo estático e imutável, que não possa ser alterado pela ação dos atores sociais, sobretudo o governo, que deveria alterar a composição do CDES, onde os trbalhadores tem ínfima represntatividade; que tem o poder de romper com essa ortoxia econômica, que mantém juros astronômicos e superavit primário elevado, que garante o pagamento anual de 650 bilhões ao banqueiros, ao mesmo tempo que corta 50 bilhões da área social; que tem poder para retomar o controle estatal da empresas privatizadas como a VALE, ao invés de seguir privatizando até aeroportos; que tem o poder de avançar nas reformas urbana e agrária, usando a sua ampla maioria no congresso construída com ministérios, cargos e até com mensalão.
    Quarto e último ponto, é preciso estabelecer um diferencial entre a oposição sistemática, que fazem os companheiros que nunca largaram mão das bandeiras hstóricas, como o PSol e demais partidos à esquerda, da oposição casuísta, que fazem os demo-tucanos, que chega a se uma oposição pela oposição.
    Mas, isso companheiro Bueres é papo pra uma gelada lá no Portela. Valeu.

    Um abraço saudoso, e saudações socialistas.

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  2. Certamente!.Valeu Toquinho,obrigado pela visita e continue mandando esse cruzado de esquerda sempre.
    Saudações Socialistas!

    - Asta la vista nos acordes plangentes do Cafe Theatro Portela -

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