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De Roma, exclusivo para o Portal Terra.
A mídia televisiva, ontem, esteve em peso na Catalunha (Espanha).
Mais especificamente em Rasquera, a primeira cidade espanhola a se
declarar irremediavelmente quebrada financeiramente.
Além de jornalistas de países da União Europeia em dificuldades
econômico-financeiras, e com as bolsas de valores em queda (a Bolsa de
Milão ontem foi a que mais caiu e a mídia italiana se agitou), estavam
presentes em Rasquera, para surpresa geral, enviados da Coreia do Sul e
do mundo árabe — a erva canábica é muito difundida no Líbano. Vale
lembrar que o Marrocos (não o Afeganistão como procuram sustentar por
interesse geopolítico os 007 da CIA) é o maior produtor mundial. Para se
ter ideia, o Produto Interno Bruto do Marrocos (PIB) é dependente da
maconha, do haxixe e do óleo canábico. Levantamentos mostram que 96 mil
famílias marroquinas dedicam-se e dependem economicamente do cultivo da
erva. No Vale do Rif, principal região de produção, são cultivados
120.500 hectares de maconha. Para a Europa, o Marrocos envia 2.700
toneladas de maconha e derivados.
Com a cidade de Rasquera quebrada, os moradores pressionaram os
seus representantes e saiu, ontem, um referendo vinculante sobre se
admitir o plantio, em grande escala. Isso para venda destinada ao
consumo lúdico-recreativo.
Na madrugada de hoje, já se comemorava o resultado: 56% de
aprovação. O referendo não foi realizado com base em sonhos e fantasias.
Uma área certa, empregada até agora no plantio de oliva, será destinada
ao cultivo canábico.
Mais ainda, já existe cliente certo para a aquisição da produção da
maconha. O comprador será a Associón Barcelonesa Canábica de
Autoconsumo (ABCDA). Uma associação com mais de 5 mil sócios registrados
(maconheiros de carteirinha) que pagam a mensalidade pontualmente.
A ABCDA já havia assinado contrato que estava apenas condicionado
ao resultado do referendo. Nele existe cláusula expressa de que, nos
primeiros dois anos, serão pagos 1,3 milhões de euros. De pronto, serão
criados 40 postos de trabalho diretos.
O prefeito da cidade catalã de Rasquera, Bernat Pelissa, trabalhou
contra a aprovação do referendo. Ele chegou a afirmar que renunciaria
ao mandato caso fosse aprovado o referendo com um mínimo de 75% de
votos. Ontem, com o resultado proclamado, Pelissa fez discurso que não
renunciaria e a lei referendada por consulta popular seria sancionada.
Pano rápido. A primeira vez em que se pensou e
projetou usar a maconha para sair da crise foi na quebrada Califórnia.
Os traficantes já devem estar preocupados.
Wálter Fanganiello Maierovitch
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