Estados Unidos vetaram dois pontos abordados na declaração e receberam o apoio do Canadá
A
Cúpula das Américas terminou neste domingo (15/04) em Cartagena, na
Colômbia, sem declaração final já que não houve consenso entre os
líderes presentes a respeito da participação de Cuba no próximo evento
deste tipo na região.
Os Estados Unidos vetaram dois
pontos abordados no que pretendia ser divulgado como a declaração final
da Cúpula, iniciada neste sábado. Nas duas questões, referentes a Cuba,
os norte-americanos receberam o apoio apenas do Canadá.
O primeiro ponto diz respeito à
participação dos cubanos na próxima Cúpula, que deverá ser realizada no
Panamá. A delegação norte-americana vetou o texto que, em seu parágrafo
17 dizia: “os chefes de Estado decidem convidar a República de Cuba a
participar da próxima Cúpula das Américas, a realizar-se no Panamá”.
Os norte-americanos e os
canadenses vetaram também a parte que tratava do bloqueio imposto pelos
EUA à ilha há mais de 50 anos. O parágrafo 18 da declaração apontava:
“os chefes de Estado lembram com interesse as recentes resoluções
aprovadas pela Assembleia Geral das Nações Unidas relativas à
necessidade de pôr fim ao bloqueio econômico e comercial da República de
Cuba”.
Dessa forma, sem consenso, não
foi possível elaborar uma declaração final acordada entre todos os
chefes de Estado e de governo presentes. O presidente da Colômbia, Juan
Manuel Santos, divulgou a falta de entendimento entre os líderes, mas
amenizou a questão.
Santos afirmou que o resultado
não significa um “fracasso” e destacou que a Cúpula foi encerrada com
“compromissos” firmados em áreas específicas. Um deles diz respeito à
decisão de dar um mandato à OEA (Organização dos Estados Americanos)
para que ela analise um possível replanejamento da luta contra o tráfico
de drogas.
Além disso, a Cúpula emitiu
comunicados em apoio ao Rio+20, que será realizado no Brasil neste ano,
alertando sobre o crime organizado internacional e um último a respeito
de um fórum de competitividade regional, requisitado pela Colômbia.
Diferenças
Apesar disso, as diferenças
entre os EUA e os demais países da América Latina em relação ao
tratamento dispensado a Cuba foi o que mais chamou a atenção na Cúpula.
Em entrevista à emissora colombiana Caracol Televisión, o presidente dos
EUA, Barack Obama, afirmou que considera o Estado cubano
“antidemocrático e autoritário”.
Obama disse ainda que não são os
EUA que impedem a participação do país nas Cúpulas da região e sim suas
“práticas contrárias aos direitos universais”. “Não podemos fechar os
olhos aos abusos que acontecem [em Cuba]”, concluiu Obama.
No entanto, a Cúpula deixou
ainda mais claro o isolamento norte-americano em sua política de
exclusão do país caribenho. Confirmada a ausência de Cuba na Cúpula,
alguns líderes da região passaram a repudiar publicamente a atitude
norte-americana.
O presidente do Equador, por
exemplo, afirmou que não compareceria à Cúpula por discordar da exclusão
dos cubanos. Na véspera do encontro, foi a vez dos presidentes da
Venezuela, Hugo Chávez, e da Nicarágua, Daniel Ortega, tomarem a mesma
atitude. A ausência dos dois, no entanto, não foi oficialmente ligada à
questão cubana.
Já durante a Cúpula foi a Alba
(Aliança Bolivariana para os Povos da América) que se posicionou sobre o
assunto. O bloco afirmou que não irá comparecer na próxima Cúpula caso
Cuba continue suspensa dos encontros.
“Cuba tem direito incondicional e
inquestionável de estar presente e de participar de um plano de
igualdade soberana neste fórum”, destacou o comunicado da Alba, formada
por Equador, Antígua e Barbuda, Cuba, Dominica, Venezuela, Bolívia, São
Vicente e Granadinas e Nicarágua.
“O
isolamento, o embargo, a indiferença, o olhar para o outro lado, já
demonstraram sua ineficácia. No mundo de hoje não se justifica esse
caminho. É um anacronismo que nos mantém ancorados a uma era da Guerra
Fria superada já há várias décadas”, afirmou Juan Manuel Santos, na
tarde deste domingo.
Evo Morales, presidente da
Bolívia, reforçou o discurso contra a exclusão de Cuba e afirmou que
“todos os países da América Latina querem a presença de Cuba, mas há uma
imposição, uma ditadura que não a aceita”.
FONTE: Opera Mundi
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