Mais um capitulo da refrega entre as duas mais poderosas famiglias que controlam a chamada grande imprensa no Estado do Pará, Barbalhos e Maioranas: cada um mostrando cada vez mais os intestinos putrefactórios do outro. No final, quem lucra com as grandes verdades reveladas pelas partes é o distinto público, que passa a perceber que, o que esta em jogo nesta batalha (longe de se pensar na defesa dos interesses dos paraenses, que convivem diariamente com dificuldades macabras) são os interesses corporativos de alta monta, e os atrativos do poder comum á ambos.
A matéria abaixo e do DOL, confira:
Maioranas: Tradição familiar de fraude e chantagem.
O ódio mais recente por parte dos irmãos Maiorana concentra-se no DIÁRIO DO PARÁ, que informou aos leitores que a campanha movida contra as empresas Freire Mello e o grupo Jereissati não era o que parecia. Longe de representar preocupação legítima com o interesse público e a defesa do meio ambiente, os ataques sistemáticos aos dois grupos empresariais escondiam uma grande chantagem movida contra a Receita Federal no Pará.
O órgão havia lavrado auto de apreensão de avião a jato adquirido pelos Maiorana em esquema de desvio criminoso, enquadrado nos crimes de contrabando internacional. Flagrados em nova operação criminosa, os irmãos trataram de montar, dentro do mais autêntico figurino mafioso, um processo de chantagem contra a empresa Freire Mello.
Pretendiam, com isso, livrar-se de sanções impostas pela Receita Federal, depois de serem informados que a auditora Cláudia Mello, responsável pelo desfecho do processo fiscal do contrabando, é esposa de um dos sócios diretores da construtora, engenheiro Artur Mello.
A desfaçatez dos Maiorana, traduzida na solerte tramoia chantagista, visando resguardar e proteger uma operação de contrabando, acabou se revelando ao longo de semanas de noticiário mentiroso e leviano contra os grupos empresariais citados. Não importavam os fatos, apenas o mais rasteiro interesse criminoso do clã.
Com o jornalismo de esgoto executado pelo principal veículo do grupo, a intenção era, por via oblíqua, pressionar a funcionária da Receita Federal a liberar o jatinho de luxo, transacionado junto a fornecedores estrangeiros seguindo um script de fraude e sonegação fiscal.
Tal expediente não surpreende a sociedade paraense, já acostumada a iniciativas do mesmo nível, caracterizando o modus operandi dos irmãos Maiorana. A título de defender interesse público, eles, na verdade, estão sempre interessados em aplicar golpes, mutretas e fraudes.
Segundo fontes da Receita Federal, a audácia dos Maiorana chegou a espantar as autoridades federais em Brasília. Ninguém antes havia tentado trapacear e intimidar, de forma tão acintosa, fiscais da instituição. Tal pretensão motivou intensa mobilização por parte de servidores nacionais do Fisco, a fim de sufocar no nascedouro as manobras da família trambiqueira.
Depois de apanhados em plena execução do plano, em face do noticiário do DIÁRIO, que tornou público e desnudou o crime federal, a família Maiorana percebeu que o jornal líder de tiragem e vendas no Pará se tornara o grande empecilho para a consumação do cambalacho.
No passado, quando o chefe ainda era Romulo Maiorana, a família se estruturou e se especializou em métodos de intimidação e ameaças a pessoas que ousavam atrapalhar suas tramas ilícitas. Foram lançadas as bases da organização atual, que em seus momentos de extrema megalomania ousou impor mandonismos sobre toda a sociedade, sem poupar ninguém. Empresários, políticos, magistrados e até governantes foram envolvidos por essa teia negra.
Trambiques, ameaças e chantagens
A tradição familiar inclui também métodos truculentos contra qualquer cidadão que ouse dizer que o rei está nu. Foi o que experimentou, da pior maneira, o jornalista Lúcio Flávio Pinto, atacado covardemente em restaurante da cidade por Ronaldo Maiorana e seus capangas em cena que tornou atual hábitos e costumes do cangaço. Por ter se solidarizado com o jornalista surrado, o então reitor da Universidade Federal do Pará, o conceituado professor e intelectual Alex Fiúza de Mello, passou a ser alvo de perseguição implacável dos veículos de comunicação do grupo.
Os caprichos da família não podem ser frustrados jamais, parece rezar a cartilha seguida pelos irmãos Maiorana. Na falcatrua envolvendo financiamento de dinheiro público da Sudam, para construção de um fantasmagórico hotel flutuante no Amazonas e uma fábrica de tubaína na Região Metropolitana de Belém, os irmãos sentiram de perto os rigores da lei, mas acabaram escapando pela porta da prescrição penal.
Quanto ao dublê de bicheiro e político, com alentado prontuário criminal no jogo do bicho, no estelionato de cheques sem fundo, crime de racismo, formação de quadrilha, chantagem de magistrados e maracutaias diversas – com ênfase para o desvio dos cofres da Assembleia Legislativa da quantia até aqui descoberta de R$ 13 milhões –, até seus amigos mais íntimos sabem que o mesmo cumpre apenas a tarefa de ser “o bate-pau dos Maiorana”.
Rei do contrabando na Amazônia
A conduta arrogante e nociva dos irmãos Maiorana não chega a chocar quem conhece a origem do patrimônio amealhado pela família ao longo dos anos. O ponto de partida foi a atividade marginal desenvolvida por Romulo, o genitor, graças à qual conquistou a justificada fama de maior contrabandista da Amazônia nas décadas de 50 e 60, conforme registra com precisão uma famosa série de reportagens do jornal O Globo sobre os tempos em que o Pará era um paraíso para esse tipo de bandoleiro.
Dentre as práticas recentes, destaca-se o contrato fraudulento celebrado com a Funtelpa (Fundação de Telecomunicações do Pará). Pelo inacreditável acordo, a Funtelpa pagava quase R$ 500 mil mensais para que os Maiorana se locupletassem de seus próprios equipamentos. Algo como o dono de um imóvel pagar ao inquilino pelo aluguel.
No final do ano passado, veio à tona uma jogada ainda mais constrangedora dos irmãos Rominho e Ronaldo. Engendraram a grilagem de uma área de terras pertencente ao Patrimônio da União, em Outeiro, ameaçando de despejo dezenas de famílias humildes. “A ambição é desmedida e insaciável”, definiu o advogado dos trabalhadores desalojados pelos Maiorana.
(Diário do Pará) Ilustration: Free capturade in WEB by:militanciaviva
ResponderExcluirCometário feito por Lúcio Flávio Pinto (que é jornalista, editor do Jornal Pessoal, Belém, PA) no Observatório da Imprensa.
Gritaria e silêncio
Por que são espasmódicas as escaramuças entre o Diário do Pará e O Liberal? Esta é uma pergunta que cada vez mais é feita no Pará. Talvez a resposta esteja no grau de virulência que a troca de ataques entre os dois principais grupos de comunicação no Estado costuma atingir. Conscientes de que mais um pouco poderiam se colocar diante do irremediável, eles se dão uma trégua até que surja nova motivação para a volta do tiroteio, por enquanto, felizmente, ainda apenas (apenas?) verbal.
Esse tipo de intervalo parece ter-se estabelecido agora em torno da apreensão do jatinho da ORM Air, último tema das mútuas agressões, durante as quais é fácil para cada um dos grupos atacar, mas muito difícil se defender. Mas a motivação pode ter também outro componente: os efeitos da litigância entre os Barbalho e os Maiorana na justiça.
Os donos do grupo Liberal se consideram com motivos para achar que estão à frente dos inimigos e concorrentes. Chegaram a anunciar que os Barbalho já lhes devem um milhão de reais, em ações de indenizações que propuseram contra o Diário, que teve sua principal máquina, uma impressora rotativa, colocada como garantia da execução de sentença.
Na queda de braço em torno do jatinho, tudo indica mesmo que os Maiorana estão fazendo prevalecer sua vontade. A juíza Rosana Lúcia de Canelas Bastos, da 8ª vara cível, concedeu, em junho de 2006, a tutela inibitória antecipada que os Maiorana pediram, sem ouvir a outra parte. Determinou que o Diário do Pará “se abstenha da prática de publicações de matérias ofensivas, que levante acusações sem provas”contra a ORM Air, “abstendo-se de continuar violando os direitos” da empresa, sob pena de multa de R$ 50 mil.
Seis meses depois a juíza Helena de Oliveira Manfroi, que respondia pela 8ª vara, constatou que o jornal desrespeitou a decisão anterior, voltando a publicar matéria “com o mesmo teor daquelas que ensejaram a concessão da tutela inibitória”, deferiu o pedido da ORM Air para majorar a multa para R$ 100mil, “por cada nova matéria que venha a ser publicada com o mesmo conteúdo, revertida em favor da autora, valendo esta decisão como título executivo, sem prejuízo das penalidades pela desobediência, pelas quais responderão os diretores e redatores” do Diário do Pará, “sem prejuízo de eventual julgamento antecipado da lide”.
E agora, com os processos judiciais e as provas robustas contra a ORM Air reunidas pela Receita Federal e o Ministério Público Federal, como a justiça estadual se manifestará, se essas provas forem juntadas aos processos que por ela tramitam?
A pergunta é feita a quem pode respondê-la.
Lúcio Flávio Pinto