Como Garrincha, Messi dribla sempre para um lado só, mas ninguém consegue segurar.
Ladies & Gentlemen:
O primeiro gol de Messi ontem contra o Milan é, desde já, o gol mais bonito de 2013, mesmo que estejamos ainda em março.
Ninguém anotará um tento como aquele nos próximos meses. Mesmo Chrissie, minha esposa azeda e neurastênica que discorda de mim em tudo, haverá de concordar com minha previsão.
Ladies & Gentlemen: erroneamente, comparam Messi a Pelé. O certo é compará-lo a Garrincha, que Boss me informa ter sido, para alguns comentaristas brasileiros, melhor que Pelé.
O que Garrincha e Messi têm em comum? Essencialmente, o repertório, composto de uma única jogada – mas letal, indefensável. Enganar o marcador sempre com o mesmo truque: sair sempre mesmo lado.
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Messi rompe para a esquerda, sua perna boa. Garrincha rompia para a direita, sua perna boa. Grandes marcadores sabiam tão bem quanto eu e você o que eles iam fazer, e mesmo assim nada conseguiram fazer para detê-los.
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A diferença é que Messi finaliza e faz ele mesmo o gol. Garrincha servia seus companheiros.
Três contra Garrincha
E os tempos também são outros. Garrincha terminou na miséria, bêbado, desprezado, o joelho destruído pelas injeções com as quais seu time, o Botafogo, o punha em campo para ganhar dinheiro em excursões.
E Messe daqui a pouco pode comprar a Espanha, pelo visto.
Sincerely.
Scott
Tradução: Erika Kazumi Nakamura
Sobre o autor: Scott Moore
Aos 53 anos, o jornalista inglês Scott Moore passou toda a sua vida adulta amargurado com o jejum do Manchester City, seu amado time, na Premier League. Para piorar o ressentimento, ele ainda precisou assistir ao rival United conquistando 12 títulos neste período de seca. Revigorado com a vitória dos Blues nesta temporada, depois de 44 anos na fila, Scott voltou a acreditar no futebol e agora traz sua paixão às páginas do Diário.
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