O Parlamento regional da
Crimeia, uma república autônoma da Ucrânia que ocupa uma península no
sul do país, aprovou nesta quinta-feira uma moção em que pede à
Federação Russa que a região passe a fazer parte do país.
De acordo com os parlamentares, se o pedido foi
aceito pelas autoridades de Moscou – que ainda não se pronunciaram -, a
separação da Ucrânia será colocada em votação em um referendo no dia 16
de março.
população
é russa ou de origem russa, está no centro da tensão entre Moscou e
Kiev. Tropas pró-Rússia mantém o controle sobre a península há vários
dias.
O governo provisório da Ucrânia não conhece o
governo da Crimeia, que foi empossado em uma sessão de emergência no
Parlamento na semana passada. O primeiro-ministro interino em Kiev,
Arseniy Yatsenyuk, disse que a Crimeia se juntar à Rússia seria
inconstitucional. O argumento é que o Parlamento da Crimeia não tem
poderes para determinar a secessão.
Por sua vez, o vice-primeiro-ministro da
Crimeia, Rustam Temirgaliev, disse que as autoridades no poder em Kiev
não são legítimas e descartou a alegação de inconstitucionalidade.
No leste da Ucrânia, onde há uma significativa
população russa, o líder dos ativistas pró-Rússia da cidade de Donetsk,
Pavel Gubarev, foi detido por forças de segurança ucranianas no momento
em que estava dando uma entrevista para a BBC. Donetsk tem sido palco de
confrontos entre forças pró e contrárias à Rússia nos últimos dias.
Os desdobramentos na Ucrânia ocorreram no mesmo
dia em que representantes da União Europeia e ucranianos estão reunidos
em Bruxelas para uma reunião de emergência, em que discutem a situação
na ex-república soviética.
A crise começou em novembro de 2013 quando o
governo do então presidente ucraniano Viktor Yanukovych anunciou que
havia abandonado um acordo que estreitaria as relações do país com a
União Europeia. Posteriormente o governo procurou uma aproximação maior
com a Rússia.
Manifestantes contrários ao governo, que lutavam
pelo fortalecimento das ligações da Ucrânia com a União Europeia,
exigiram a renúncia de Yanukovych e eleições antecipadas.
Por meio de uma série de mapas, a BBC explica a seguir os principais pontos da crise na Ucrânia.
Importância estratégica
A maioria da região da Crimeia habitada por
moradores falantes de russo tem grande importância política e
estratégica tanto para a Rússia como para a Ucrânia.
A esquadra russa no Mar Negro tem sua base
histórica na cidade de Sevastopol. Depois que a Ucrânia se tornou
independente, um contrato foi elaborado para que a frota continuasse a
operar de lá.
Em 2010, este comtrato foi extendido para 2024 em troca de suprimentos mais baratos de gás russo para a Ucrânia.
Papel central de Kiev
Ocorreram diversos protestos pelo país, mas o
coração do movimento se estabeleceu na praça da Independência em Kiev e
lá permaneceu por três meses.
Apesar de pacífico na maior parte do tempo, ataques de violência deixaram centenas de feridos e mais de 80 mortos.
Quando a violência sofreu uma escalada, o
parlamento ucraniano votou pela deposição do presidente Yanukovych e ele
fugiu para a Rússia.
Ucrânia dividida
Contudo, as divisões na Ucrânia remontam a
episódios muito anteriores à crise atual. O país tem estado dividido
entre leste e oeste desde o colapso da União Soviética em 1991 – e a
separação se reflete também na cultura e na língua.
O russo é falado abertamente em partes do leste e
do sul. Em algumas áreas, incluindo a península da Crimeia, ele é o
idioma mais usado.
Em regiões ocidentais – próximas à Europa – o
ucraniano é a língua principal e muitas pessoas se identificam com a
Europa central.
Essa divisão normalmente se reflete nas eleições
do país. As áreas com grandes proporções de falantes de russo são
aquelas nas quais Yanukovych foi mais votado em 2010.
União Europeia e Rússia
A Ucrânia tem laços econômicos tanto com a União Europeia quanto com a Rússia.
Os gasodutos russos para a Europa passam pelo
país – fato que ficou bastante claro em 2006 quando Moscou cortou
brevemente o fornecimento de gás, soando um alarme na Europa ocidental.
As ações recentes para chegar a um acordo com a
União Europeia aumentaram a tensão com a Rússia, que as entendem como um
passo em direção à integração à União Europeia.
A Rússia preferiria interromper essa integração
com os europeus para aumentar a influência de Moscou sobre a Ucrânia por
meio de uma união aduaneira.
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