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terça-feira, 18 de novembro de 2014

A guerra dos “malacas" da real politik contra Dilma




Luis Nassif

Do ponto de vista jurídico, especialistas atestam que o inquérito da Lava Jato é perfeito. Do ponto de vista jornalístico, um primor. A maneira como são expostos os fatos, os argumentos, a linguagem clara, a disposição lógica e sequencial dos argumentos, a não redundância, é uma aula de objetividade.
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A entrevista de Dilma Rousseff na Austrália foi certeira. Demarcou claramente posição. Aliás, parte do desgaste do seu governo residiu na resistência que impôs aos acordos de empreiteiras, ao definir Taxas Internas de Retorno (TIR) menores para as concessões rodoviárias e preços máximos nas demais concessões. A ideia de que a competição reduzirá preços ficou seriamente comprometida com a divulgação do modo de operação do cartel.
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Certa vez, na saída de um jantar no restaurante Massimo, FHC soltou uma de suas boutades: ele, Aécio e Lula eram "malacas" (não me lembro se a expressão era essa, mas o sentido sim). Sempre souberam transitar no campo dos grandes interesses empresariais, das jogadas espertas, de levar os aliados no bico, visando dar lastro para seus respectivos partidos. Tudo em nome da real politik.
Dilma definitivamente não é "malaca", até o limite da ingenuidade política.
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Quando mudou a linha da finada revista "República" - porta voz oficioso do PSDB -, de desenvolvimentista para a ultra-direita, o movimento foi estimulado por FHC. Foi organizado um jantar na casa de Andrea Matarazzo com a presença de presidentes de cinco grandes grupos econômicos convidados pessoalmente por FHC. O "malaca" FHC pediu apoio à revista. Na sequência do jantar, dada a palavra ao redator chefe, houve uma apresentação tão radicalmente de direita que quatro dos presidentes de grupos pularam fora. Permaneceu a Camargo Correia, que pagou publicidade pelo Caixa 2 - conforme levantado posteriormente pela Operação Castelo de Areia.
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A entrevista de Luís Roberto Barroso a "O Globo" visou responder a Gilmar Mendes e reforçar valores republicanos nos seus colegas, ante as pressões midiáticas inevitáveis que virão por aí. A presença institucional do PT no STF era zero. Depois que o único petista indicado para a corte, José Dias Toffolli, tornou-se amigo de infância de Gilmar Mendes, ficou menos um. Caso se consume a indicação de José Eduardo Cardozo, o placar ficará menos dois.
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Já a entrevista do Procurador Geral da República Rodrigo Janot à Folha comprovou a quem ele responde. Com dados estatísticos, Janot procurou mostrar que o PT é o partido menos privilegiado por ele. Está desculpado! Quanto ao suposto vazamento do depoimento de Alberto Yousseff à Veja, jogou a responsabilidade no peito do seu advogado, ligado ao PSDB paranaense. E não se fala mais nisso.
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Por outro lado, o Ministro José Eduardo Cardozo até agora não apresentou o resultado da sindicância aberta pela Polícia Federal para apurar o conluio. Sua máxima é a mesma de Janot: aos aliados, a condenação, para mostrar isenção; aos inimigos, a complacência, para mostrar republicanismo. A ele, a blindagem da mídia pelos bons serviços.
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Delegados e procuradores continuam comendo nas mãos da mídia, os delegados com mais desenvoltura, os procuradores com menos, os dois lados julgando que o mérito da autoria não reside na assinatura nos documentos finais do inquérito, mas nas versões propagadas pela mídia.
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Na edição de hoje a Folha lançou um caderno especial de inovação com patrocínio da Camargo Correia e Andrade Gutierrez. É um caderno bastante otimista em relação ao futuro da inovação no Brasil.
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A grande dificuldade do ativismo midiático reside na escolha dos seus heróis. De José Serra a Gilmar Mendes, chega-se agora ao herói derradeiro: o notório deputado Eduardo Cunha. Será um desafio e tanto transformá-lo no sir Galahad contra a corrupção.

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