postado por A. Teixeira
Convencionou-se
que fotografar alguém de pantufas equivale a fotografá-lo na
intimidade. Albert Einstein (1879-1955) disputará com não mais que uma
meia dúzia de concorrentes representar a benignidade da primeira metade
do Século XX, um brilhantismo intelectual acompanhado de uma
irreverência que, na sua mais famosa fotografia, o chega a infantilizar.
Em contraste, Adolf Eichmann (1906-1962) estará na outra short-list, a da malignidade desse mesmo período, distinção a que não é indiferente o fato de ser um dos raros casos em que a maldade foi judicialmente sancionada,
como imporia a Moral, se vivêssemos num Mundo perfeito. Einstein olha
francamente para a objetiva, sentado num alpendre num dia que até nem
parece muito frio ao ponto de justificar as pantufas, com um sorriso que
nada pode desarmar, nem sequer o aspecto ridículo, felpudo, das ditas
que o fazem parecer ter as patas de um elefante. As pantufas mais convencionais, caseirinhas,
de Eichmann porém, parecem existir para o ajudar a expiar os seus
pecados quando da sua detenção em Israel (note-se o arame farpado).
Imerso nos seus pensamentos, o monstro Eichmann nem olha para a câmara mas também
não parece resignado ao seu previsível destino, simbolizado pela cadeira
vazia em primeiro plano, que ele preferiu ignorar.
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