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quarta-feira, 5 de novembro de 2014

A oportunidade para Dilma desenhar o novo tempo

 
por Luis Nassif

Dilma Rousseff terá seis meses para garantir a governabilidade. Tem-se um país cindido, uma ansiedade nacional pelo novo - sem saber direito o que vem a ser -, as demandas empresariais e dos consumidores.
Será o período crítico em que conviverá com falta de resultados na política econômica, com a 
marcação implacável dos grupos de mídia, com a falta de perspectivas da oposição (já que 2018 ainda 
estará distante), tudo confluindo para o ponto de ebulição da Operação Lava-Jato.
A reeleição traz um risco e uma oportunidade - dependendo da maneira da presidente planejar o 
segundo mandato. Se não conseguir reverter as expectativas, se passar a impressão de que tudo será 
como antes, Dilma não completará a travessia.
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Qual é a medida fundamental, a chamada ideia fundadora capaz de sinalizar os novos tempos?
Há um conjunto de práticas anacrônicas que assombram o país, como ectoplasmas nunca exorcizados, 
amarrando o país ao passado. Práticas anacrônicas no Banco Central, na reforma fiscal, na falta de 
visão sistêmica das políticas públicas, no licenciamento ambiental, na metodologia dos órgãos 
fiscalizadores.
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Não basta tentar atacar uma ou duas práticas anacrônicas, nem sair dando tiro a torto e a direito à base 
do poder da vontade pessoal. Tem que se convocar o país para uma cruzada em favor dos novos 
tempos.
E também não basta apenas a conclamação. Tem que se ter o modelo, o duto sendo construído para 
canalizar as aspirações dos diversos segmentos sociais, do empresariado aos movimentos sociais, das 
ONGs aos sindicatos para a construção conjunta de políticas públicas.
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Um caminho para esse tiro inicial seria montar um pré-governo daqui até o final do ano, um pouco 
espelhado no que foi feito por Fernando Collor no Bolo de Noiva, antes da sua posse.
Na época, foram convocadas lideranças de vários setores. Das reuniões brotaram ideias relevantes, 
como a criação da Fundação Nacional da Qualidade, as primeira experiências de qualidade nas estatais 
e a criação do novo Sebrae.
Hoje em dia, a pauta é muito mais extensa, mas muito mais extensa é a vontade de participação e o 
manancial de ideias que brotam de todos os lados, das associações empresariais, dos movimentos 
sociais à nova economia.
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Define-se um conjunto de temas centrais - do combate à burocracia às formas de participação social, 
por exemplo - e convocam-se lideranças da sociedade civil para uma imersão de alguns dias nos temas 
propostos.
Não haveria compromisso de acatar nenhuma proposta, mas a abertura para extrair das discussões as 
melhores propostas e torná-las exequíveis. E não seria um conchavo restritivo, mas o embrião de um 
acordo nacional em alto nível, que convoque lideranças civis de todos os naipes.
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A partir dessas discussões, Dilma poderá extrair um plano de ação consistente a ser apresentado no 
primeiro dia do seu governo, projetos com começo, meio e fim e formas modernas de 
acompanhamento por parte da opinião pública.
Principalmente, sinalizaria para uma nova etapa na democracia social brasileira, em que a construção 
de políticas públicas com a sociedade deixaria de ser retórica de campanha para se transformar na nova 
praxis.

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