Por Miguel do Rosário
Aparentemente, a trama para não aprovar as contas de campanha de Dilma Rousseff era apenas uma teoria de conspiração mesmo.
Alguém poderia dizer que a conspiração foi abortada depois que alguns a revelaram, mas isso seria
uma outra teoria, então é melhor enterrar este assunto e virar a página.
O importante é que a soberania do povo está garantida.
Ganha quem tem mais votos.
A vitória de Dilma neste “terceiro” turno eleitoral, tão nervoso quanto o primeiro e o segundo turnos,
agora está oficialmente confirmada.
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) aprovou, com unanimidade, as contas de Dilma Rousseff.
(Ironicamente, as contas da principal vitória da oposição, a de Alckmin em SP, é que não foram
aprovadas).
Os eleitores de Dilma podem, finalmente, comemorar.
E ao mesmo tempo podem se sentir mais livres para fazer as críticas necessárias às trapalhadas políticas
que o governo fez e vai fazer.
Para sermos justos, digamos que trapalhada não é exclusividade do governo Dilma, mas de todo
governo.
Numa visão benevolente, as trapalhadas de Dilma são insignificantes se pensarmos, por exemplo, nos
EUA, onde a trapalhada de invadir o Iraque custou alguns trilhões de dólares, matou milhões de
pessoas e deflagrou operações de tortura (reveladas agora) que se tornaram um grande escândalo
internacional.
Só que Obama está dando entrevistas diariamente. Tem porta-voz, secretários de imprensa.
Não deixa a oposição monopolizar o debate sobre as crises políticas que são a rotina diária de qualquer
grande democracia.
Aqui no Brasil, o governo continua em silêncio, só quebrado por uma entrevista do Mercadante para
Miriam Leitão – em tv fechada.
Ontem, ao menos, vimos Dilma chorar na TV, na Comissão da Verdade. Já é alguma coisa, humaniza
a presidente, embora fosse interessante que a presidenta aparecesse em seguida, em entrevista, como
ela realmente é, uma mulher que sempre enfrentou as dificuldades de frente, corajosamente,
valentemente.
A violência policial continua matando milhares de pessoas no país. Não foi apenas na ditadura. E o
governo terá de enfrentar essa questão sem choro nem vela.
Voltando às contas eleitorais, o TCU e uma auditoria independente encontraram erros grosseiros no
parecer dos técnicos do TSE.
Mas não vamos crucificar os técnicos. Errar é humano.
Errado foi Gilmar Mendes dramatizar os erros, chamando-os de “muito graves”, quando eram apenas
falhas contábeis dos próprios técnicos do TSE.
As manchetonas que os jornais e portais deram ao parecer dos “técnicos” do TSE, recomendando a
não aprovação das contas de Dilma, viraram títulos discretos para a notícia de aprovação unânime
pelos ministros.
Com a derrota (deles) no TSE, os jornais tentam agora desviar a atenção para uma história meio bizarra
sobre a refinaria de Pasadena.
A República do Paraná liberou ao Globo um “depoimento sigiloso” de funcionário de carreira da
Petrobrás.
É hilário o uso de “sigiloso” para qualquer coisa relacionada à República do Paraná.
Parece o humorista falando ao público, na TV aberta: “que isso fique só entre nós”.
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