Só com lupa, um leitor encontraria uma informação
crucial: a de que tanto o ex-presidente Lula quanto a presidente Dilma
Rousseff jamais foram informados por Paulo Roberto Costa sobre os
desvios na Petrobras; "nunca", disse o ex-diretor da estatal, ao ser
questionado pelo deputado Izalci Lucas (PSDB-SP); ele também negou que
Lula o chamasse de "Paulinho", como tem sido escrito por diversos
colunistas; "é folclore"; para a imprensa familiar, no entanto, nada
disso era notícia.
247 - A informação
está no décimo-sétimo parágrafo da reportagem da Folha de S. Paulo sobre
o depoimento de Paulo Roberto Costa. Uma reportagem, diga-se de
passagem, com 19 parágrafos. Ou seja: no antepenúltimo.
É lá que surge um dado
interessantíssimo. Segundo Paulo Roberto Costa, ex-diretor de
Abastecimento da Petrobras, o ex-presidente Lula jamais foi informado
sobre qualquer esquema de desvios na Petrobras. O mesmo se aplica à
presidente Dilma Rousseff.
"Nunca", pontuou Paulo Roberto Costa, ao ser questionado pelo deputado Izalci Lucas (PSDB-DF).
O ex-diretor da Petrobras também
negou que Lula o tratasse como "Paulinho", algo que vem sendo repetido à
exaustão por colunistas renomados, como Elio Gaspari. "Isso é
folclore".
Nada disso, no entanto, pareceu
relevante para os jornais da imprensa familiar. A notícia, escondida
pela Folha, foi ignorada pelo Estado de S. Paulo. O Globo também
noticiou a declaração de Costa no décimo-sétimo parágrafo de uma
reportagem de página inteira, com 18 parágrafos – o penúltimo. "Costa
negou que seja tratado pelo ex-presidente Lula como 'Paulinho', dizendo
que isso é folclore", informa a reportagem de André de Souza e Evandro
Éboli.
Eles sabiam de tudo?
As informações prestadas por Costa
ganham relevância diante dos crimes de imprensa cometidos durante a
campanha eleitoral. Veja, por exemplo, antecipou sua capa e rodou com os
dizeres "Eles sabiam de tudo", entre as imagens de Lula e Dilma.
Mais do que simplesmente antecipar
uma edição, Veja rodou milhões de exemplares só da capa, que foram
transformados em planfletos de campanha, às vésperas e no dia da
eleição.
Por isso mesmo, foi condenada a
conceder direito de resposta à presidente Dilma no dia das eleições, na
maior humilhação já sofrida por um meio de comunicação no Brasil.
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