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terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Amazônia Brasileira : Há 70 anos nascia Chico Mendes, o herói da floresta



Os 70 anos de Chico Mendes



No dia 15 de dezembro de 1944, nasceu Chico Mendes: seringueiro, político e ativista ambientalista brasileiro. Há 70 anos nascia um homem à frente do seu tempo.

Por António José André.


Em 1953, Chico Mendes entrou para a profissão de seringueiro: era sua única opção, já que lhe foi 
negada a oportunidade de estudar. Até 1970, os donos dos seringais não permitiam a existência de 
escolas. Chico Mendes só aprendeu a ler aos 20 anos de idade.
Indignado com as condições de vida dos trabalhadores e moradores da Amazónia, tornou-se líder do 
movimento de resistência pacífica. Defensor da floresta e dos direitos dos seringueiros, organizou os 
trabalhadores para protegerem o ambiente, as suas casas e famílias contra a violência e a destruição dos 
fazendeiros.
Em 1975, fundou o movimento sindical no Acre. Participando ativamente nas lutas dos seringueiros, 
criou o Conselho Nacional de Seringueiros, uma organização não-governamental para a defesa das 
condições de vida e de trabalho das comunidades que dependem da floresta.
Chico Mendes também lutou pela posse da terra contra os grandes proprietários, algo impossível de se 
pensar na região amazónica e naquela época. Dessa forma, entrou em conflito com os donos das 
madeireiras, dos seringais e das fazendas de gado.
Em 1977, participou da fundação do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri e foi eleito 
vereador para a Câmara Municipal local, pelo MDB, único partido de oposição permitido pela ditadura 
militar que governou o país (desde 1964 a 1985).
Naquela época, Chico Mendes sofreu as primeiras ameaças de morte, por parte dos fazendeiros. Ao 
mesmo tempo, começou a enfrentar vários problemas com o seu próprio partido: o MDB não era 
solidário com as suas ideias e lutas.
Em 1979, o vereador Chico Mendes encheu a Câmara Municipal com debates entre dirigentes 
sindicais, populares e religiosos. Lembre-se: era no tempo da ditadura militar. Foi acusado de 
subversão e passou por interrogatórios nada suaves. Foi torturado secretamente e, como estava sozinho 
nessa luta, não podia denunciar o facto ou seria morto.
Em 1980, decidiu ajudar à criação do Partido dos Trabalhadores, tornando-se seu dirigente no Acre. 
Em 1982, tornou-se presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Xapuri e foi acusado de incitar à 
violência, mas foi absolvido por falta de provas.
Em 1985, quando liderou o Encontro Nacional dos Seringueiros, a luta dos seringueiros ganhava 
repercussão nacional e internacional. Nessa ocasião, propôs a criação da "União dos Povos da 
Floresta" para unir os interesses dos índios e seringueiros em defesa da floresta amazónica. 
O seu projeto incluía a criação de reservas extrativistas para preservar as áreas indígenas e a floresta, 
bem como a garantia da reforma agrária para beneficiar os seringueiros.
Em 1987, Chico Mendes recebeu a visita de membros da UNEP (órgão do meio ambiente ligado à 
ONU), em Xapuri. Ali, os inspetores viram a devastação da floresta e a expulsão dos seringueiros, 
tudo feito com dinheiro de projetos financiados por bancos internacionais.
A seguir, Chico Mendes foi convidado para fazer essas denúncias no Congresso norte-americano. 
O resultado da viagem a Washington foi imediato: um mês depois, os financiamentos aos projetos de 
destruição da floresta foram suspensos.
Chico Mendes foi acusado pelos fazendeiros e políticos de prejudicar o "progresso do Estado do 
Acre". Em contrapartida, recebeu vários prémios e homenagens no Brasil e no mundo, como uma das 
pessoas com mais destaque na defesa da ecologia.
Chico Mendes realizaria alguns dos seus sonhos, ao assistir à criação das primeiras reservas 
extrativistas, no Acre, e ao conseguir a desapropriação do Seringal Cachoeira de Darly Silva, em 
Xapuri.
Foi quando as ameaças de morte se tornaram mais frequentes: Chico Mendes denunciou o facto às 
autoridades, deu nomes e pediu proteção policial. Mas nada conseguiu.
Pouco mais de um ano após a sua ida ao Senado norte-americano, Chico Mendes foi assassinado à 
porta da sua casa. Em 1990, o fazendeiro Darly Silva e o seu filho, Darci Pereira, foram julgados e 
condenados a 19 anos de prisão pela morte de Chico Mendes.

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