Luis Nassif
Não há nada de mais "bolivariano", "cucaracho" no Brasil do que os grupos de mídia.
Espelham-se nas técnicas, no aspecto gráfico dos países desenvolvidos, mas reproduzem, em todo seu
subdesenvolvimento, seus congêneres sul-americanos, especialmente os venezuelanos.
Nasceram para ser Hearst, não Pullitzer.
Quando um país alcança determinada posição internacional, a diplomacia e a geopolítica tornam-se
peças intrínsecas no seu planejamento estratégico. E o chamado jornalismo de opinião participa com
discussões aprofundadas da elaboração e refinamento das estratégias.
De certa forma, houve os primeiros ensaios nos anos 70, quando os "barbudinhos" do Itamarati
De certa forma, houve os primeiros ensaios nos anos 70, quando os "barbudinhos" do Itamarati
sonharam em criar uma zona de influência brasileira na África e na América Latina. Nos últimos anos,
tentativas de investida na África, Oriente Médio e ampliação da influência na América Latina.
A lógica da diplomacia comercial é fria e objetiva. Críticas e apoio devem levar em conta essa
A lógica da diplomacia comercial é fria e objetiva. Críticas e apoio devem levar em conta essa
dimensão e não essa bobagem de considerar que apoio adeterminados países signifique endosso a
todas suas práticas.
Um país estabelece afinidades diplomáticas com outross. O passo seguinte é transformar a afinidade
em relações comercias e estratégias geopolíticas. É quando a mera afinidade começa a render frutos.
O peso de um país, na diplomacia internacional, é diretamente proporcional ao número de países que
consegue influenciar.
Nos últimos anos, o governo Dilma abandonou a ofensiva diplomática. Mas o Brasil já havia
conseguido estender sua influência sobre a América Latina, África e Oriente Médio e com bons frutos
comerciais. A Venezuela tornou-se a maior compradora de produtos brasileiros, aumentaram as
exportações para o Oriente Médio e empreiteiras e agronegócio brasileiros ccomeçaram a entrar na
África.
Em países com imprensa madura, os jornais ajudariam a discutir os aspectos da estratégia diplomática,
Em países com imprensa madura, os jornais ajudariam a discutir os aspectos da estratégia diplomática,
as perdas e ganhos de cada opção no campo internacional e comercial.
Por aqui, virou Fla x Flu primário, tatibitate, como se, estreitando relações comerciais com a
Por aqui, virou Fla x Flu primário, tatibitate, como se, estreitando relações comerciais com a
Venezuela, ou a Bolívia, o Brasil importaria, também, as ideias "cucarachas" - para usar o termo do
lord José Serra.
Criou-se um falso dilema: ou a Venezuela ou os Estados Unidos.
Ora, mesmo que o país decida se alinhar diplomaticamente com os Estados Unidos, nosso maior trunfo
será o aumento da influência na América Latina. Esse sempre foi o sonho do Departamento de Estado:
um país aliado incumbindo-se da geopolítica continental, desobrigando-o dessas responsabilidades.
Essa estratégia de expansão diplomática ficou congelada. Da parte do governo Dilma, pela indiferença
Essa estratégia de expansão diplomática ficou congelada. Da parte do governo Dilma, pela indiferença
em relação ao tema; do lado da mídia, para poder explorar até o último limite o padrão Murdok de
produto jornalístico..
A lógica dos grupos de mídia é eminentemente comercial. Vale para a chamada imprensa
A lógica dos grupos de mídia é eminentemente comercial. Vale para a chamada imprensa
sensacionalista e vale para o jornalismo de opinião. Ao contrário de países desenvolvidos, eles não se
sentem co-partícipes na construção de políticas públicas.
Cada tema é analisado como "produto" comercial para entrega imediata. Embrulham o tema em
Cada tema é analisado como "produto" comercial para entrega imediata. Embrulham o tema em
retórica de fácil aceitação para seu público. Se o público engoliu a história da "bolivarização" que lhes
seja entregue o produto, da mesma maneira que jornais sensacionalistas entregam mulheres peladas na
capa.
Foi assim com a estratégia brasileira para Cuba. Desde o início, o objetivo foi explicitado: conquistar
espaço na reconstrução da economia cubana, assim que o embargo econômico fosse levantado.
Agora, saúda-se o tirocínio brasileiro. O efeito-manada ordena que seja louvado por alguns dias.
Agora, saúda-se o tirocínio brasileiro. O efeito-manada ordena que seja louvado por alguns dias.
depois toca a retomar o tema da bolivarização novamente.
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