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quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

OS RIDÍCULOS!: A MÍDIA CUCARACHA NATIVA E O EMBARGO A CUBA




Luis Nassif
Não há nada de mais "bolivariano", "cucaracho" no Brasil do que os grupos de mídia. 
Espelham-se nas técnicas, no aspecto gráfico dos países desenvolvidos, mas reproduzem, em todo seu 
subdesenvolvimento, seus congêneres sul-americanos, especialmente os venezuelanos.
Nasceram para ser Hearst, não Pullitzer.
Quando um país alcança determinada posição internacional, a diplomacia e a geopolítica tornam-se 
peças intrínsecas no seu planejamento estratégico. E o chamado jornalismo de opinião participa com 
discussões aprofundadas da elaboração e refinamento das estratégias.
De certa forma, houve os primeiros ensaios nos anos 70, quando os "barbudinhos" do Itamarati 
sonharam em criar uma zona de influência brasileira na África e na América Latina. Nos últimos anos, 
tentativas de investida na África, Oriente Médio e ampliação da influência na América Latina.
A lógica da diplomacia comercial é fria e objetiva. Críticas e apoio devem levar em conta essa 
dimensão e não essa bobagem de considerar que apoio adeterminados países signifique endosso a 
todas suas práticas.
Um país estabelece afinidades diplomáticas com outross. O passo seguinte é transformar a afinidade 
em relações comercias e estratégias geopolíticas. É quando a mera afinidade começa a render frutos. 
O peso de um país, na diplomacia internacional, é diretamente proporcional ao número de países que 
consegue influenciar.
Nos últimos anos, o governo Dilma abandonou a ofensiva diplomática. Mas o Brasil já havia 
conseguido estender sua influência sobre a América Latina, África e Oriente Médio e com bons frutos 
comerciais. A Venezuela tornou-se a maior compradora de produtos brasileiros, aumentaram as 
exportações para o Oriente Médio e empreiteiras e agronegócio brasileiros ccomeçaram a entrar na 
África.
Em países com imprensa madura, os jornais ajudariam a discutir os aspectos da estratégia diplomática, 
as perdas e ganhos de cada opção no campo internacional e comercial.
Por aqui, virou Fla x Flu primário, tatibitate, como se, estreitando relações comerciais com a 
Venezuela, ou a Bolívia, o Brasil importaria, também, as ideias "cucarachas" - para usar o termo do 
lord José Serra.
Criou-se um falso dilema: ou a Venezuela ou os Estados Unidos.
Ora, mesmo que o país decida se alinhar diplomaticamente com os Estados Unidos, nosso maior trunfo 
será o aumento da influência na América Latina. Esse sempre foi o sonho do Departamento de Estado: 
um país aliado incumbindo-se da geopolítica continental, desobrigando-o dessas responsabilidades.
Essa estratégia de expansão diplomática ficou congelada. Da parte do governo Dilma, pela indiferença 
em relação ao tema; do lado da mídia, para poder explorar até o último limite o padrão Murdok de 
produto jornalístico..
A lógica dos grupos de mídia é eminentemente comercial. Vale para a chamada imprensa 
sensacionalista e vale para o jornalismo de opinião. Ao contrário de países desenvolvidos, eles não se 
sentem co-partícipes na construção de políticas públicas.
Cada tema é analisado como "produto" comercial para entrega imediata. Embrulham o tema em 
retórica de fácil aceitação para seu público. Se o público engoliu a história da "bolivarização" que lhes 
seja entregue o produto, da mesma maneira que jornais sensacionalistas entregam mulheres peladas na 
capa.
Foi assim com a estratégia brasileira para Cuba. Desde o início, o objetivo foi explicitado: conquistar 
espaço na reconstrução da economia cubana, assim que o embargo econômico fosse levantado.
Agora, saúda-se o tirocínio brasileiro. O efeito-manada ordena que seja louvado por alguns dias. 
depois toca a retomar o tema da bolivarização novamente.

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