Presidentes dos EUA e de Cuba fazem anúncio histórico ao revelar medidas de aproximação depois de 53 anos de ruptura diplomática; "Começamos um novo capítulo nas histórias dessas duas nações das Américas", disse Barack Obama, em discurso na Casa Branca; é preciso "soltar as amarras do passado", acrescentou o presidente, que prometeu conversar com o Congresso sobre a suspensão do embargo à ilha; Raúl Castro disse reconhecer as "profundas diferenças" entre os dois países, antes de completar: "Reafirmo nossa vontade de dialogar"; serão abertas embaixadas nas respectivas capitais; Obama e Castro discutiram ontem as mudanças em conversa telefônica que durou quase uma hora
O Petróleo cubano é talvez o mais forte motivo da mudança de visão dos EUA |
O petroleoimpacto sobre Cuba.
"Hoje estamos fazendo essas mudanças porque é a coisa certa a fazer.
Hoje a América escolhe se soltar das amarras do passado, de modo a
alcançar um futuro melhor, para o povo cubano, para o povo americano,
para todo o nosso hemisfério, e para o mundo", disse ele.
Em seu discurso, o presidente norte-americano falou uma frase em espanhol: "Todos somos americanos".
Obama afirmou que a nova política vai tornar mais fácil as viagens de
norte-americanos a Cuba. Ele disse que também irá conversar com membros
do Congresso dos Estados Unidos sobre a suspensão do embargo dos EUA a
Cuba
O papa Francisco contribuiu para a melhoria nas relações ao
pressionar a libertação do funcionário norte-americano Alan Gross, preso
em Cuba, disse o presidente. Obama agradeceu ao Canadá pelo papel que
desempenhou ao sediar as negociações entre EUA e Cuba.
O presidente cubano Raúl Castro disse que reconhece que há "profundas
diferenças" entre os dois países, "fundamentalmente em matéria de
soberania nacional, democracia, direitos humanos e política exterior",
antes de completar: "reafirmo nossa vontade de dialogar sobre todos
esses temas".
Durante a entrevista em que anunciou a retomada das relações entre
EUA e Cuba, o irmão de Fidel afirmou que seu colega americano Barack
Obama "merece respeito".
(Reportagem de Steve Holland, Roberta Rampton e Jeff Mason)
Cuba liberta norte-americano Alan Gross e abre caminho para mudança de relação com EUA
Por Daniel Trotta e Matt Spetalnick
HAVANA/WASHINGTON (Reuters) - Cuba libertou o trabalhador de ajuda
humanitária norte-americano Alan Gross após cinco anos de prisão, em uma
reportada troca de prisioneiros com Havana que os Estados Unidos
disseram nesta quarta-feira que é um prenúncio de uma revisão da
política dos EUA em relação à Cuba.
Uma autoridade dos EUA disse que Gross foi libertado por razões
humanitárias. A CNN relatou uma troca de prisioneiros que também teria
incluído a libertação por Cuba de uma fonte de inteligência dos EUA e a
libertação pelos EUA de três agentes de inteligência cubanos.
Gross, um funcionário da Agência dos EUA para o Desenvolvimento
Internacional (Usaid, na sigla em inglês) agora com 65 anos, foi preso
em Cuba em 3 de dezembro de 2009, e depois condenado a 15 anos de prisão
por importar tecnologia proibida e tentar estabelecer um serviço
clandestino de Internet para judeus cubanos.
Os EUA e Cuba mantêm relações hostis há mais de meio século, e Obama
deverá enfrentar protestos em Washington e na comunidade de exilados
cubanos em Miami por libertar agentes de inteligência cubanos depois de
16 anos de prisão. A libertação será comemorada como uma vitória por
Raúl Castro.
A recompensa para Obama foi a libertação de Gross, cujo advogado e
familiares descreveram-no como derrotado mentalmente, magro, mancando e
sem cinco dentes.
Cuba prendeu Gross em 2009 e, posteriormente, o condenou a 15 anos
por tentativa de estabelecer o serviço de Internet clandestino a judeus
cubanos no âmbito de um programa gerido pela Usaid. Seu caso levantou
alarmes sobre a prática da Usaid de contratação privada de cidadãos para
que realizem missões secretas em lugares hostis.
Cuba considera a Usaid outro instrumento do contínuo assédio dos EUA
contra a revolução de 1959 que levou Fidel Castro ao poder em Cuba.
Fidel se aposentou em 2008, entregando o poder a seu irmão Raúl.
Os EUA já disseram que querem promover a democracia na Cuba
comunista, um Estado de partido único que reprime opositores políticos e
controla os meios de comunicação. Autoridades norte-americanas acusaram
Cuba de prender Gross como uma manobra para conseguir a libertação de
seus espiões.
Os três agentes de inteligência cubanos, presos desde 1998, são
Gerardo Hernandez, de 49 anos, Antonio Guerrero, 56, e Ramon Labañino,
51. Dois outros foram libertados antes de cumprirem a sentença toda:
Rene Gonzalez, 58, e Fernando Gonzalez, 51.
MUDANÇA NAS RELAÇÕES
O chamado grupo dos Cinco Cubanos foi condenado por espionar grupos
anticastristas exilados na Flórida e pelo monitoramento de instalações
militares dos EUA.
Dois deveriam ser libertados nos próximos anos, mas Hernandez, o
líder, recebeu uma sentença de dupla prisão perpétua por conspiração na
derrubada de dois aviões civis em 1996, matando quatro
cubano-americanos.
A libertação do norte-americano Gross pode ser a largada para um processo de normalização das relações dos EUA com Cuba.
Um assessor parlamentar sênior dos EUA disse que Obama vai aliviar o embargo comercial e as restrições de viagens a Cuba.
Agentes de inteligência cubanos voltam a Cuba, diz Raúl Castro
HAVANA (Reuters) - Três agentes de inteligência cubanos que passaram 16 anos em prisões nos Estados Unidos retornaram a Cuba nesta quarta-feira como parte de um troca de prisioneiros na qual Cuba libertou um funcionário norte-americano que ficou cinco anos preso em uma prisão cubana, disse o presidente cubano, Raúl Castro.
HAVANA (Reuters) - Três agentes de inteligência cubanos que passaram 16 anos em prisões nos Estados Unidos retornaram a Cuba nesta quarta-feira como parte de um troca de prisioneiros na qual Cuba libertou um funcionário norte-americano que ficou cinco anos preso em uma prisão cubana, disse o presidente cubano, Raúl Castro.
Raúl disse ter falado com o presidente dos EUA, Barack Obama, por
telefone na terça-feira antes do anúncio feito por Obama de que os
Estados Unidos mudarão sua política em relação a Cuba e buscarão
normalizar as relações com a ilha, uma adversária de longa data dos
Estados Unidos.
(Reportagem de Daniel Trotta)
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