'Por acaso não é um muro o escudo
antimísseis ao lado de nossas fronteiras; por acaso não é um muro (...) a
ampliação da Otan para o Leste', indagou o líder do Kremlin em
entrevista coletiva hoje
Putin: sanções ocidentais causaram em torno de 25% a 30% dos problemas econômicos que o país sofre atualmente
Moscou – O presidente da Rússia,
Vladimir Putin, disse nesta quinta-feira (18) que o Ocidente "decidiu
que é um império e que todos os demais são vassalos", aos quais é
preciso achatar, e opinou que querem transformar o "urso russo" em um
"troféu de caça". Em entrevista coletiva, Putin acusou os parceiros
ocidentais de querer erguer um novo Muro de Berlim, desta vez "virtual",
com suas medidas contra a Rússia.
"Por acaso não é um muro o escudo antimísseis ao lado de nossas fronteiras? Por acaso não é um muro (...) a ampliação da Otan para o Leste, algo que nos prometeram que não aconteceria depois da queda do muro de Berlim", perguntou o líder do Kremlin. Putin voltou a se referir às sanções do Ocidente contra Moscou, adotadas pelo papel da Rússia na crise da Ucrânia, como uma nova tentativa dos Estados Unidos e Europa de "arrancar as garras e os dentes do urso" russo para que se transforme "em um troféu de caça".
"Às vezes penso se não seria melhor que o urso ficasse tranquilo, comendo favas e mel. Talvez assim o deixassem em paz. Não o deixarão! Porque sempre tentarão colocar uma corrente nele. E quando o prenderem, lhe arrancarão os dentes e as garras, que hoje são (nossa) força de contenção nuclear", disse o líder russo.
Ao mesmo tempo, Putin reconheceu que as sanções ocidentais já prejudicaram a economia russa, e são causadoras de "em torno de 25% a 30% dos problemas econômicos que o país sofre". Por outro lado e após admitir a presença de voluntários russos no leste da Ucrânia, combatendo o bando rebelde, Putin reiterou que "na consciência social" da Rússia, o conflito armado nas regiões rebeldes ucranianas "é uma operação de castigo realizada pelas atuais autoridades de Kiev".
"Não foram os milicianos do leste que enviaram suas unidades a Kiev, mas as autoridades de Kiev que levaram suas forças armadas para o leste", ressaltou o chefe do Kremlin, que voltou a qualificar de "golpe de Estado" a reviravolta de poder vivida na Ucrânia no início deste ano.
"Por acaso não é um muro o escudo antimísseis ao lado de nossas fronteiras? Por acaso não é um muro (...) a ampliação da Otan para o Leste, algo que nos prometeram que não aconteceria depois da queda do muro de Berlim", perguntou o líder do Kremlin. Putin voltou a se referir às sanções do Ocidente contra Moscou, adotadas pelo papel da Rússia na crise da Ucrânia, como uma nova tentativa dos Estados Unidos e Europa de "arrancar as garras e os dentes do urso" russo para que se transforme "em um troféu de caça".
"Às vezes penso se não seria melhor que o urso ficasse tranquilo, comendo favas e mel. Talvez assim o deixassem em paz. Não o deixarão! Porque sempre tentarão colocar uma corrente nele. E quando o prenderem, lhe arrancarão os dentes e as garras, que hoje são (nossa) força de contenção nuclear", disse o líder russo.
Ao mesmo tempo, Putin reconheceu que as sanções ocidentais já prejudicaram a economia russa, e são causadoras de "em torno de 25% a 30% dos problemas econômicos que o país sofre". Por outro lado e após admitir a presença de voluntários russos no leste da Ucrânia, combatendo o bando rebelde, Putin reiterou que "na consciência social" da Rússia, o conflito armado nas regiões rebeldes ucranianas "é uma operação de castigo realizada pelas atuais autoridades de Kiev".
"Não foram os milicianos do leste que enviaram suas unidades a Kiev, mas as autoridades de Kiev que levaram suas forças armadas para o leste", ressaltou o chefe do Kremlin, que voltou a qualificar de "golpe de Estado" a reviravolta de poder vivida na Ucrânia no início deste ano.
Razões da crise
Ao que parece, a Rússia está, economicamente, nas cordas. O rublo perdeu
cerca de 50% de seu valor frente ao dólar, desde junho. O aumento dos
preços de produtos importados elevou a inflação a 9,1% ao ano. A causa
nítida é uma queda
abrupta e estranha nos preços internacionais do petróleo — de cerca de
US$ 100 o barril, há um mês, para US$ 60 hoje. Como gás e óleo respondem
por cerca de 75% das exportações russas, teme-se que o país perca
condições de gerar divisas necessárias para cumprimento de seus
compromissos comerciais e financeiros com o exterior.
O petróleo caiu devido a uma decisão unilateral da
Arábia Saudita — maior exportador mundial do combustível e principal
aliado dos EUA no Oriente Médio, ao lado de Israel. Há cerca de dois
meses, o governo de Riad agiu em sentido diametralmente oposto ao que
recomendaria a lógica comercial mais óbvia. Numa conjuntura em que a
economia global e o consumo de petróleo refluem, ele decidiu elevar
fortemente a extração do produto, derrubando os preços.
Putin |
As razões são controversas. A explicação mais tradicional sugere que se trata de uma tentativa de inviabilizar (por concorrência) a exploração de petróleo em rochas de xisto, que cresceu muito nos Estados Unidos, mas é custosa — além de ambientalmente devastadora. Cada vez parece mais crível, no entanto, que a derrubada dos preços foi ditada por interesses geopolíticos. Os três países mais prejudicados pelo petróleo baixo são Irã (o grande adversário regional da Arábia Saudita no Oriente Médio), Rússia e Venezuela (que Washington busca insistentemente colocar em dificuldades).
Se Moscou seguir a ortodoxia econômica, sua resposta
pode provocar graves problemas internos na Rússia. Implicaria elevar as
taxas de juros (houve uma alta emergencial para 17% ao ano, ontem),
gastar boa parte das reservas internacionais de divisas (para comprar
rublos e tentar sustentar seu preço), tornar o país vulnerável a outros
ataques.
* Com Antonio Martins, do Outras Palavras.
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