No encerramento da 43ª cúpula do
Mercosul, a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, anunciou a
decisão do bloco em suspender o Paraguai até que sejam realizadas novas
eleições presidenciais democráticas no país.
A decisão ocorreu porque os
integrantes do mercado comum sul-americano consideraram a destituição
de Fernando Lugo na última semana uma ruptura da ordem democrática. Além
disso, com o Paraguai suspenso, a Venezuela será incorporada como
membro pleno do bloco a partir de 31 de julho deste ano, em cerimônia a
ser realizada no Rio de Janeiro.
Como esperado, as sanções contra o
Paraguai foram “leves” e políticas, mas não econômicas. O país não
poderá participar de nenhum evento do Mercosul até que o novo presidente
assuma o poder em agosto de 2013. “Não serão aplicadas sanções
econômicas contra o Paraguai, já que nosso objetivo é a melhora
econômica das pessoas que moram no Cone Sul e no resto da América do
Sul”, disse Kirchner.
A suspensão paraguaia também abriu
espaço para a incorporação venezuelana. O movimento que já era visto
como possível por diplomatas. O país do presidente Hugo Chávez havia
solicitado a adesão ao bloco, com o pedido aceito por Brasil, Argentina e
Uruguai. O Congresso paraguaio era o único a bloquear o pedido. No
anúncio da adesão, assinado por Kirchner, a presidenta Dilma Rousseff e o
presidente uruguaio, José Mujica, o bloco chama outros países a
aderirem ao mercado comum.
O golpista Federico Franco |
O presidente do Paraguai, Federico Franco, disse mais cedo que se uma suspensão ocorresse, procuraria novos parceiros comerciais. “Ao ser suspenso, o Paraguai está liberado para tomar decisões. Vamos analisar os custos e benefícios. Vamos fazer o que for mais conveniente para os interesses do Paraguai”, afirmou. Franco também comentou que havia chegado ao fim “a tutela dos vizinhos”, em referência a Brasil e Argentina. Mas o Paraguai depende em grande parte do Mercosul. Apenas no ano passado o Paraguai exportou aos membros do bloco cerca de 2,9 bilhões de dólares. Desde 2007 foram quase 10 bilhões de dólares. Na comparação das exportações nos últimos cinco anos até 2011 para o restante da América do Sul (sem os integrantes do Mercosul), esse valor é de apenas 3,6 bilhões, quase três vezes menor. Os dados são do Sistema de Análise das Informações de Comércio Exterior do Mercosul, do Ministério do Desenvolvimento. E esse perfil se repete quando analisadas as exportações paraguaias à União Europeia, grupo com o qual o Mercosul tenta fortalecer laços. Em 2011, foram apenas 515 milhões de dólares e desde 2007 o valor fica em torno de 1,8 bilhão de dólares. Número bem inferior às exportações paraguaias do último ano ao Mercosul. Na Ásia, a situação não é muito diferente. Entre 2007 e 2011, as vendas para China, Hong Kong e Macau somaram escassos 287 milhões de dólares.
A dependência de nações vizinhas
fica clara nos dados. Uruguai, Brasil e Chile (que não integra o
Mercosul) são os maiores compradores de produtos paraguaios, enquanto
principais vendedores são China, Brasil e Argentina, segundo dados da
Organização Mundial do Comércio (OMC). Por outro lado, o Paraguai não
aparece entre os cinco principais parceiros dos países do Mercosul em
exportação ou importação, um indicador de que tem pouca relevância
comercial para estes Estados, embora eles representem considerável parte
de sua renda.
Fonte: Carta Capital
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