O primeiro dia do julgamento de Bradley Manning é devastador para a imagem da mídia americana.
Foi essa a reação imediata do cineasta Michael Moore quando foi
revelado no primeiro dia de seu julgamento em corte marcial o recruta
Manning admitiu oficialmente ter feito os aqueles célebres vazamentos
para o Wikileaks. Entre os vazamentos o destaque foi o vídeo do
helicópteto Apache a partir do qual, por engano, soldados americanos
mataram civis iraquianos.
Manning aceitou dez das 22 acusações, mas negou a principal delas:
ter ajudado o inimigo. É um crime passível de prisão perpétua. As
acusações que ele admitiu podem lhe dar 20 anos de cadeia. Mas ainda
haverá muitos movimentos. A promotoria deve insistir na tese de que o
inimigo foi ajudado.
Com os vazamentos, afirmou, seu objetivo foi “estimular o debate
público” entre os americanos sobre a política externa de seu país.
O objetivo foi amplamente alcançado, como se pode ver. E
ultrapassado, uma vez que o debate rompeu as fronteiras americanas e
ganhou o mundo.
O depoimento de Manning no primeiro dia do tardio julgamento –
iniciado depois de mil dias de prisão – trouxe revelações sensacionais
sobre o jornalismo que se faz hoje nas grandes corporações de mídia.
Antes de entregar o material ao Wikileaks, Manning fez o percurso clássico.
Tentou o New York Times. Ninguém o ouviu. Tentou o Washington Post. Nada. Tentou o Wikileaks. E foi feita história.
A mídia americana já começa a debater este fiasco extraordinário.
Manning é um heroi, como disse Michael Moore. Ajudou a ver um dos horrores do mundo contemporâneo, a Guerra do Iraque.
E Assange também é, por ter publicado os documentos valiosíssimos que o Times e o Post desprezaram.
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