O Brasil é um dos países
mais perigosos para os jornalistas. Se excluirmos as zonas de guerra ou de
conflito armado interno, o país se encontra à frente nessas estatísticas. Nove
já morreram este ano. Aqui nenhum jornalista morre de balas perdidas, como é
comum nos confrontos bélicos. Todas acham seu alvo. Só este ano, 4 jornalistas
foram assassinados em nosso país – e 600, nos últimos dez anos, no mundo.
Os jornalistas incomodam porque são
insistentes testemunhas diante da opinião pública. E há aqueles que ousam ter
uma posição política definida, quase sempre contra governantes autoritários e
violentos. Desde a independência, matam jornalistas no Brasil. O primeiro caso foi o de Líbero Badaró, assassinado em São Paulo por sicários,
a mando do desembargador Candido Ladislau Japi-Açu – mas há quem identifique o
próprio Pedro I, como o real mandante do
crime.
Líbero Badaró era italiano, e o seu
assassino, alemão. Estava no Brasil havia pouco mais de três anos, era médico e
jornalista. Fundou, um ano depois de chegar, “O Observador Constitucional”, que
dirigia pesadas críticas ao Imperador. Com o seu sacrifício, surgia o costume de matar
jornalistas e, mais ainda, a impunidade.
O desembargador, identificado como mandante
pelo próprio assassino, foi transferido para o Rio de Janeiro, ali julgado e
absolvido. Absolvidos foram ainda o
alemão Henrique Stock, que disparou a arma, e o tenente Carlos José da Costa, que fora do
Rio para São Paulo, a fim de organizar a
empreitada.
Durante o Império e a República não foram
poucos os jornalistas assassinados. Embora muitos fossem vitimados nas duas
maiores cidades do país, Rio e São Paulo, os crimes, em sua maior parte, eram
cometidos no interior do país, sem grande repercussão histórica.
O assassinato é a última providência dos
que detestam a liberdade de imprensa, que é apenas a liberdade de expressão
ampliada pelos meios técnicos. Mas o homicídio dos jornalistas pode ser ainda
mais nefando, quando são submetidos à
tortura, como ocorre nos regimes ditatoriais e ocorreu durante o regime
militar. Vladmir Herzog e Mário Alves são os dois mártires mais conhecidos –
mas houve muitos outros, de perfil mais modesto, submetidos à tortura e à morte
pelo interior do país.
Há também como amordaça-los: a
intimidação, a ameaça à família, a via judicial, e os serviços de repressão.
Agora, por exemplo, o governo dos Estados Unidos, que se proclamam a pátria da
liberdade de expressão, se apropriou, mediante agentes secretos,
clandestinamente, de gravações feitas pelos repórteres da Associated Press, em
flagrante violação da Primeira Emenda da Constituição. Obama, eleito em nome da
esperança, prefere defender o Tea Party,
partido de extrema-direita, acusado de sonegar impostos.Por Mauro Santayana
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