(HD)
- A presidente Dilma Rousseff é, segundo alguns de seus subordinados,
rude e autoritária, obstinada e sem qualquer tolerância com o erro.
Nisso, não parece ter a visão mineira de como deve ser o convívio nos
círculos do poder. Os governantes, em nosso Estado, e fora poucas exceções, costumam elogiar seus auxiliares em público – e censurá-los pesadamente em privado.
Admitamos o estopim curto
da Chefe de Estado. Mas seu discurso em Salvador, sobre a diferença
entre o comportamento do governo brasileiro diante da crise econômica
mundial e o comportamento dos assim chamados “paises ricos”, merece ser
meditado com todo o respeito. Dilma revela sua pressa no combate às
desigualdades sociais em nosso país, e isso pode explicar seu
temperamento.
Os últimos anos trouxeram redução, muito pequena, ainda, na diferença entre os ricos e os pobres. Essa redução se deve à ação do Estado, em sua política compensatória, que se refletiu no aumento da demanda de bens de consumo necessário, e, em conseqüência, do aumento da atividade econômica virtuosa.
Os últimos anos trouxeram redução, muito pequena, ainda, na diferença entre os ricos e os pobres. Essa redução se deve à ação do Estado, em sua política compensatória, que se refletiu no aumento da demanda de bens de consumo necessário, e, em conseqüência, do aumento da atividade econômica virtuosa.
A crise mundial, neste tempo de globalização neoliberal, e do
primado das finanças sobre a produção, não poupa ninguém. Teremos que
fazer opções, e opções graves. Tancredo costumava dizer que o
governante é obrigado a fazer escolhas difíceis, a cada minuto. Terá que
escolher entre construir a ponte e escola; entre o estádio de futebol e
o hospital, entre a estrada e o laboratório de pesquisas, entre
contratar professores ou policiais. Hoje, os governantes estão pendentes
do PIB. Mas, o que é mesmo o PIB? O objetivo do homem não é apenas o de
produzir, mas o de produzir para viver bem.
Dilma afirmou que sua preocupação não é com o PIB, mas, sim,
com as crianças brasileiras. É preciso mudar o índice do PIB, por
alguma coisa como FIB - Felicidade Interna Bruta. A astúcia do
capitalismo é a de transformar os seres humanos em alucinados pelos
automóveis de luxo, pelas roupas de grife, pelo mundo colorido das
chamadas celebridades.
A presidente afirmou que o Brasil, para enfrentar a crise,
não vai usar os mesmos métodos dos países europeus, que entregaram seu
destino aos banqueiros e, em razão disso, castigam os trabalhadores.
Os grandes bancos, conforme denunciou The Economist, se transformaram em gangues de assaltantes. Não estão sujeitos a qualquer fiscalização, e decidem o quanto devem saquear do mundo do trabalho, como, sob a liderança do Barclays, fizeram ao manipular a taxa Libor. Em todos os países europeus, os cortes orçamentários atingem o ensino, a segurança dos cidadãos, os empregos, a saúde pública.
Contra a crise, é preciso voltar ao estado de bem-estar social.
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